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Boletim olímpico: a praia é nossa, a vela também e palmas, mais uma vez, para o futebol feminino

Foto: Danilo Borges/Brasil2016 Por Luis Edmundo Araujo, editor de esporte do Cafezinho Foi debaixo de chuva, com a areia molhada, grudando, e a torcida ensopada, emocionada, que Alison Cerutti, o Mamute, e Bruno Schmidt reconquistaram para o Brasil, 12 anos depois, o ouro olímpico daquele que pode até não ter sido inventado por nós, como, […]

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Foto: Danilo Borges/Brasil2016

Por Luis Edmundo Araujo, editor de esporte do Cafezinho

Foi debaixo de chuva, com a areia molhada, grudando, e a torcida ensopada, emocionada, que Alison Cerutti, o Mamute, e Bruno Schmidt reconquistaram para o Brasil, 12 anos depois, o ouro olímpico daquele que pode até não ter sido inventado por nós, como, salvo engano, nenhuma outra modalidade olímpica foi, mas que é, talvez, o mais carioca dos esportes da Rio 2016, ainda mais sendo disputado na Praia de Copacabana, na arena com vista para o mar, lotada e em delírio após a vitória da dupla brasileira por 2 sets a 0 (21-19 e 21-17) sobre os italianos Paolo Nicolai e Daniele Lupo.
Agatha BárbaraEntre as mulheres, Ágatha Bednarczuk e Bárbara Seixas deram esperança à torcida brasileira de retomar o ouro conquistado apenas na primeira disputa olímpica, com a vitória até certo ponto surpreendente na semifinal sobre as americanas April Ross, prata em 2012, e Kerri Walsh, que vinha de um tricampeonato olímpico, seguido, com a antiga parceira Misty May, com quem formou, durante pelo menos oito anos, a melhor dupla do mundo. Na decisão, porém, as alemãs Laura Ludwig e Kira Walkenhorst, que já haviam vencido a outra dupla brasileira (Larissa França e Talita Antunes) na semifinal, não deram chance também a Ágatha e Bárbara, venceram por 2 a 0 (21-18 e 21-14) e levaram o ouro. O bronze ficou com as americanas, que ganharam por 2 sets a 1 (17-21, 21-17 e 15-09) de Talita e Larissa, que já havia ganhado essa medalha em 2008, ao lado de Juliana Silva.
Quando o vôlei de praia passou a fazer parte dos Jogos Olímpicos, em 1996, em Atlanta, no país onde tinha nascido ali pelos anos 20 do século passado, na Califórnia, o Brasil estava entre as chamadas potências da modalidade, o que foi logo confirmado pelas mulheres com a final brasileira entre as duplas Jacqueline Silva/ Sandra Pires (ouro) e Adriana Samuel/Mônica Rodrigues (prata). Entre os homens, porém, a primeira final foi americana, o Brasil ficou fora do pódio e conquistou sua primeira medalha nos Jogos seguintes, em Sidney, com a prata de José Marco Mello (Zé Marco) e Ricardo Santos. Quatro anos depois da derrota para os americanos Dain Blanton e Eric Fonoimoana, Ricardo levaria o ouro em Atenas jogando ao lado de Emanuel Rego, o maior entre os medalhistas brasileiros no vôlei de praia, que ganharia ainda um bronze com o mesmo parceiro em Pequim, em 2008, e a prata em Londres, fazendo dupla justamente com Alison, agora campeão ao lado do estreante Bruno Schmidt.
vela mulheres ouroNa Vela, o ouro dessa vez foi feminino, pela primeira vez na modalidade em que o Brasil foi mais vitorioso até hoje na história dos Jogos, com seis medalhas de ouro no total de 17, oito delas da família de uma das campeãs mais recentes, Martine Grael, filha de Torben (dois ouros, uma prata e dois bronzes) e sobrinha de Lars Grael (dois bronzes). Ao lado da parceira Kahena Kunze, filha do velejador Claudio Kunze, campeão mundial júnior em 1973, Martine venceu a disputa acirrada da última regata da Classe 49er FX com as neozelandesas Alexa Maloney e Molly Meech, que ficaram com a medalha de prata. As dinamarquesas Jena Hansen e Katja Steen Salskov-Iversen levaram o bronze. Essa foi a segunda medalha das mulheres brasileiras na Vela, depois que Isabel Swan e Fernanda Oliveira ganharam o bronze na Classe 470, em Pequim. Desde a primeira medalha, o bronze conquistado por Burkhard Cordes e Reinaldo Conrad em 1968, na Cidade do México, a vela brasileira só ficou fora do pódio em duas Olimpíadas: em 1972, em Munique, e em 1992, em Barcelona.
Isaquias bronzeJá em outra modalidade disputada nesses Jogos em água salgada, ainda que parada, a tradição de medalhas foi iniciada este ano, por aquele que, mal entrou para a galeria de medalhistas olímpicos brasileiros, já pode se tornar o maior deles em apenas uma edição. Depois de conquistar a prata nos 1000 metros da canoa individual, Isaquias Queiroz voltou à Lagoa Rodrigo de Freitas nesta quinta-feira para levar o bronze na prova de 200 metros da canoa individual, com direito a jeitinho brasileiro no fim da corrida disputadíssima em que o baiano de Ubaitaba jogou parte do próprio corpo na água para o último impulso que lhe garantiu a terceira posição, atrás de Iurii Cheban, da Ucrânia, que ficou com o ouro, e Valentin Demyanenko, medalha de prata.
Bolt flechaNeste sábado, junto com o conterrâneo Erlon de Souza, Isaquias disputa a final da prova de 1000 metros da canoa dupla. Se conquistar um lugar no pódio, ele se tornará, aos 22 anos, o único brasileiro a conquistar três medalhas numa mesma Olimpíada, o que o jamaicano Usain Bolt já fez por duas vezes, ao vencer os 100 metros rasos, os 200 metros e o revezamento 4 x 100m com a Jamaica nos Jogos de Pequim e Londres, e pode fazer a terceira. Na noite de quinta, Bolt, que já tinha levado o ouro nos 100 metros rasos, conquistou também o tricampeonato dos 200 metros, deixando a prata com o canadense Andre de Grasse, e o bronze com o francês Christophe Lemaitre.

Darlan arremesso de pesoComo nem só de medalhas se vive o esporte, vale a menção aqui ao brasileiro do arremesso de peso, Darlan Romani, que chegou à final e terminou na quinta colocação. Há 80 anos o Brasil não tinha representante nessa modalidade, presente nos Jogos desde a primeira edição da era moderna, em 1896, em Atenas. O último foi Antonio Pereira Lira, nas Olimpíadas de Berlim, em plena ascensão do nazismo. Antes dele, Otávio Zani e José Galimberti participaram da prova em 1924, em Paris, e mais ninguém. No Rio, o ouro ficou com o americano Ryan Crouser, a prata com o também americano Joe Kovacs, e o bronze, com o neozelandês Tomas Walsh.
Marta futebolE o drama do futebol feminino brasileiro teve mais um capítulo nesta sexta-feira, com a derrota por 2 a 1 para o Canadá no Estádio Itaquerão, em São Paulo, na disputa pela medalha de bronze. Como em suas duas primeiras participações, em 1996 e em 2000, o Brasil, prata em 2004 e 2008 em duas finais contra os Estados Unidos, ficou com a quarta colocação. Depois de marcar oito gols em seus dois primeiros jogos, contra China e Suécia, a Seleção feminina não saiu do zero contra a África do Sul, já classificada na primeira fase, contra a Austrália, nas quartas-de-final em que venceu nos pênaltis, e contra a mesma Suécia goleada, que segurou o 0 a 0 até eliminar o Brasil nos pênaltis na semifinal. O gol só voltou tarde demais, quando a Seleção já perdia por 2 a 0 para o Canadá. De qualquer maneira, mesmo sem medalha as jogadoras brasileiras foram aplaudidas pela torcida ao final do jogo. Merecem. Cinco vezes eleita a melhor jogadora do mundo, Marta não ganhou medalha. Azar da Olimpíada.

luis.edmundo@terra.com.br

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Luis Edmundo

Luis Edmundo Araujo é jornalista e mora no Rio de Janeiro desde que nasceu, em 1972. Foi repórter do jornal O Fluminense, do Jornal do Brasil e das finadas revistas Incrível e Istoé Gente. No Jornal do Commercio, foi editor por 11 anos, até o fim do jornal, em maio de 2016.

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Comentários

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Dilson Magno

20/08/2016 - 02h08

A luta do esporte…. também será da democracia…


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