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Espiando o poder – Corram, brasileiros, corram…

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Espiando o poder: análise diária da grande imprensa

Por Luis Edmundo Araujo, analista de mídia do Cafezinho

É neutra a manchete do Estado de São Paulo de hoje, sobre a formação da força-tarefa do governo de São Paulo pra tentar buscar R$ 51 bilhões em impostos não pagos pelos cem maiores devedores do estado, grandes conglomerados que o leitor não fica sabendo quem são. Há na matéria, só lá dentro, não na capa, um único caso citado, da herança da matriarca da família Steinbruch, dona da Companhia Siderúrgica Nacional, a CSN. Como na edição de ontem, o Estadão hoje dá seu recado mais contundente na imagem principal da capa. “Rebelião, fuga e morte…”, diz o título ao lado da imagem de alguns dos cerca de 350 presos recapturados, todos sem camisa, sentados de cabeça baixa diante de policiais vitoriosos. A Folha de São Paulo também abre bem a foto da fuga na capa, embaixo, mas não fala das mortes citadas pelo concorrente, de dois fugitivos, um afogado, outro carbonizado. Em compensação informa na legenda que 1.861 presos se amontoavam no presídio de Jardinópolis (SP), que tem capacidade para 1.080 detentos, e mostra os fugitivos livres, correndo soltos.

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A fazer dobradinha perfeita com o artigo de alto de página de Reinaldo Azevedo, que afirma que a anulação das penas dos 74 policiais militares condenados pela morte de 111 presos no chamado Massacre do Carandiru, pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, “apenas exercita a lei”, a imagem dos criminosos livres, correndo soltos por aí é uma reprodução do WhatsApp, como a da capa de ontem também da Folha, do faroeste eleitoral, e a dos presos recapturados, cabisbaixos, do Estadão de hoje. Já a maior imagem da primeira página do Globo é assinada pelo fotógrafo Pablo Jacob e justifica-se ali pela carga dramática, humana, sem dúvida, ainda que não deixe de ser significativa, nos dias atuais,  a esperança do título da foto-legenda, da mãe ajoelhada, emocionada, agradecendo porque o Hospital Getulio Vargas quebrou protocolo médico e não desligou os aparelhos de seu filho de 18 anos, que teve morte cerebral, irreversível, após acidente de trânsito.

Acima da imagem da esperança, da mãe do filho com morte cerebral, a manchete do Globo, assim como a da Folha, trata da eleição municipal, mas não para torcer disfarçando, como faz a concorrente paulistana, manchetando que Marta e Haddad se atacam, usando o termo demonizado na cobertura da última campanha eleitoral, relacionado ao desespero de quem está atrás, à falta de projetos concretos, enquanto no subtítulo João Dória, “poupado por adversários”, se alia a Russomano para criticar a ‘indústria da multa’, outra conhecida bandeira anti-PT, como as ciclovias.

O jornal carioca vem com denúncia exclusiva sobre o clientelismo dos que fazem de tudo pra conquistar o pobre eleitor obrigado a sair de casa pra votar nessas eleições em que candidatos são mortos a tiros e, dos que sobram, alguns “oferecem até wi-fi em troca de votos”, como diz a manchete acima do subtítulo dando conta de que até remédio contra impotência vem sendo distribuído, e da chamada sobre o crime exposto na capa da Folha de ontem graças ao WhatsApp. E ao falar, no título dessa chamada, que uma força-tarefa vai apurar a morte do candidato a prefeito de Itumbiara José Gomes, ocorrida durante carreata de campanha, à luz do dia, o Globo usa o mesmo termo escolhido pelo Estadão na manchete sobre assunto diferente. Em outros tempos, talvez, os editores preferissem designar as equipes de investigação como grupo, apenas, ou algum nome mais civil, digamos, mas hoje, na era da Lava Jato, força-tarefa parece imbatível.

fuga-presos-estadaoNo caso da manchete do Estadão, acima da foto aí do lado dos presos devidamente detidos, dominados, o jornal explica em outra editoria, também só lá dentro, que a força-tarefa do governo busca R$ 60 milhões em impostos dos herdeiros de Dorothea Steimbruck, que morreu em novembro do ano passado deixando a filhos e netos a empresa Rio Purus Participações, acionista da CSN e dona de patrimônio calculado em R$ 1, 52 bilhão. Uma fundação no Panamá fez a divisão da herança, e por isso o caso entrou na pauta da tal força-tarefa envolvendo a Polícia Civil e a Secretaria estadual de Fazenda, as duas lideradas, claro, pelos heróis atuais das procuradorias-gerais.

A propósito, depois de afirmar categórica ontem que a Consolidação das Leis do Trabalho, a CLT, é um entrave à recuperação da economia nacional (o que combina bem com o editorial de seus patrões hoje, defendendo o fim dos benefícios da Lei Orgânica de Assistência Social,  a Loas, e das aposentadorias rurais), Míriam Leitão usa sua chamadinha de capa pra dizer que “é falso e absurdo comparar a Lava-Jato à ditadura”, o que não deve ter nada a ver, absolutamente, com a não-matéria da Folha de ontem, sobre a suspensão antiga, fria, das verbas governamentais aos blogs “pró-PT” do título em alto de página, sem novidade alguma a não ser  a possibilidade levantada por jornalistas não da grande mídia, lógico, de que a ação abre a brecha pra criminalizar qualquer crítica à santa operação inquisidora da Lava-Jato, o que iniciaria o ataque frontal à liberdade de expressão aguardado desde que foi consumada a troca na Presidência da República, saindo Dilma Rousseff, entrando Michel Temer.

Em relação ao processo de impeachment, aliás, não há uma linha na capa dos três grandes jornais sobre a protocolação no Supremo Tribunal Federal (STF) da última tentativa da presidenta afastada para recuperar seu mandato. O último recurso de Dilma foi apresentado nesta quinta-feira pelo ex-ministro José Eduardo Cardozo, mas sobre o STF o que o Globo mostra hoje na capa, e nada mais, é a resposta de seu ministro sempre a postos, Gilmar Mendes, à declaração tardia de Ricardo Lewandowski sobre o impeachment de Dilma ter sido um “tropeço na democracia”.

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Luis Edmundo

Luis Edmundo Araujo é jornalista e mora no Rio de Janeiro desde que nasceu, em 1972. Foi repórter do jornal O Fluminense, do Jornal do Brasil e das finadas revistas Incrível e Istoé Gente. No Jornal do Commercio, foi editor por 11 anos, até o fim do jornal, em maio de 2016.

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