O que disse Lula sobre o crescimento do PIB?

Vergonha alheia: ministro de Temer ataca protecionismo da Índia na casa do anfitrião

Por Redação

20 de outubro de 2016 : 14h52

(Marcos Pereira, ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, participa da abertura do Fórum Empresarial dos BRICS, na Índia. Foto: Ascom/ MDIC)

Ministro ataca protecionismo da Índia na casa do anfitrião

por J. Carlos de Assis

Nesse espetáculo de picadeiro que foi a visita de Temer ao Oriente, nada se revelou mais patético do que o ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços do Brasil, Marcos Pereira, esculhambar publicamente, para dezenas de jornalistas, a política de proteção industrial da Índia. Segundo o ministro, que deve entender mais de sânscrito do que de comércio exterior, a Índia é excessivamente protecionista e deve abrir o seu mercado.

Tanta estupidez nos tira do sério. O ministro, que, ao contrário de seus congêneres da Índia está no cargo porque embarcou num golpe sem necessidade de voto, se acha no direito de dar conselhos de política industrial a uma nação várias vezes milenar, com nada menos do que 1,2 bilhão de habitantes, e que tem que dar conta de empregos de qualidade para seus milhares de cidadãos. Não é à toa que a Índia cresce à maior taxa de expansão do mundo, espantosamente dentro de uma democracia exemplar.

Se o ministro fosse alfabetizado em política industrial, e não uma espécie de fâmulo das agências multilaterais de crédito, como FMI e Banco Mundial- que querem “abrir” os países em desenvolvimento a qualquer custo para atender ás ordens de Washington -, saberia que o mantra da liberação atende exclusivamente aos interesses das nações mais avançados, que tem um diferencial tecnológico em relação às demais. Para um país em desenvolvimento, abrir significa matar a indústria nascente e retroagir à condição de primário-exportador.

Estamos caminhando para isso, de fato. Os oportunistas  que ameaçavam tomar conta da política comercial externa brasileira já no tempo de Dilma flertavam com os neoliberais, e não há muito segredo que José Serra vai agora pelo mesmo caminho. Por um triz, contra a opinião de Palocci, e graças aos esforços de Celso Amorim e Samuel Pinheiro Guimarães, o presidente Lula derrotou a ALCA, algo que lhe deve ter custado grande antipatia das classes dominantes associadas  à chamada comunidade financeira internacional.

Os livros do coreano Chang e do argentino Gullo, tratando do liberalismo econômico na perspectiva mundial e latino-americana, deixam muito claro que os países hoje ricos, quando estavam na fase de desenvolvimento, eram invariavelmente protecionistas. E todos eles, sem exceção, quando se tornaram desenvolvidos, viraram livre-cambistas. Isso qualquer economista que não seja capacho das agências multilaterais e de seu patrão norte-americano sabe perfeitamente. Claro, este não é o caso de um ministro que chegou ao poder não pela teoria econômica mas na carona de um golpe branco.

Não fosse pela falta de especialização técnica, o ministro Marcos Pereira ainda assim é muito mal educado porque não tem o direito de, em nome do Brasil, criticar publicamente a política de outra nação. Mesmo que tivesse razão. Se o Brasil fosse uma potência imperial, como os Estados Unidos, justificava-se uma pressão de bastidores pela abertura comercial da Índia. Isso, aliás, acontece sempre, encontrando porém a resistência inabalável dos indianos que não querem ver destruído pela concorrência dos ricos seu parque industrial.

É isso que dá a apropriação do poder por uma elite despreparada. Temos um ministro da indústria que nada entende de indústria, e um ministro de Relações Exteriores bronco, igualmente despreparado, tonto no meio dos problemas internacionais que cercam o Brasil da atualidade. Nesse contexto, só nos resta ter paciência e buscar estrategicamente uma alternativa para 2018. É essa a missão do Movimento Brasil Agora. Se soubermos limpar as cavalariças do rei nos três poderes da República, poderemos reconstituir as instituições hoje derretidas e retomar o desenvolvimento do país.

J. Carlos de Assis é economista, professor, doutor pela Coppe/UFRJ, autor de mais de 20 livros sobre economia política brasileira

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11 comentários

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Messias Franca de Macedo

20 de outubro de 2016 às 21h52

A OPERAÇÃO *”VAZA A JATO” DO ‘miSHELL’!
*literal e metaforicamente
Ao ‘vazar’ às pressas do Japão, “o presidente” do ‘braZ$&l’, ‘Mimichel TEMERário/TEMERo$$$o da CUnha Neves’ “vaza a jato” [Risos] um presente para o acervo (sic) do povo japonês!
http://i834.photobucket.com/albums/zz268/fotoslamenza/japa-tolete.jpg

KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

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Sergio Santos

20 de outubro de 2016 às 21h36

Viramos uma vergonha, também internacional
Não tem um golpista que se aproveite

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enganado

20 de outubro de 2016 às 21h28

Se o MORO é o símbolo da DIREITA ANGLO-NAZI-SIONISTA que MANDA no __braziUS__, e pronuncia: __”” A __camêra__ dos deputados “” __ , pois taí o perfil cultural do __braziUS__ atual; passando pelo __aculturado chanceler çE$R$R$RA__, Alexandre “FODA” (consultor do ministro da DESEDUCAÇÃO e ainda pelo incivilizado gen. SÉRGIO ETCHEGOYEN, ministro da Secretaria de Segurança que cortou a alimentação da Presidenta DILMA qdo ainda estava no palácio. Então não há o que estranhar, pois o ex-BRASIL está ladeira abaixo e com certeza retornaremos a “””01 / março / 1964 “”” mais rápido do que a velocidade da LUZ, ou seja, já entramos na escuridão. Veremos!!!!

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enganado

20 de outubro de 2016 às 21h18

lkijygh

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João Luiz Brandão Costa

20 de outubro de 2016 às 18h19

A grande força da Índia se apoia em pequenas e medias empresas, no setor secundário, produtoras de bens de baixa ou média tecnologia. São as tipo “fundo de quintal”, que empregam uma miríade de operários. São produtos do tipo relógios, despertadores , eletrodomésticos não sofisticados, móveis, e no setor têxtil. dentre outros. São o que fundamentalmente segura o desemprego naquele país. Se houvesse abertura, os produtos chineses e de alguns outros países de low cost production do sudeste asiático fariam um dano enorme na economia indiana. País de contrastes, a Índia produz T.I. de altíssima tecnologia e tem gigantes industriais como a Mittal. Mas são setores que empregam pouco. Qualquer pessoa medianamente conhecedora de comércio internacional sabe disso. Gostaria de ver esse Senhor na Bombay Stock Exchange, onde num único prédio se concentram mais de 400 corretoras de valores, que lá são de ´patente individual. É algo tão diferente, que financistas de fora levam um tempo para entender. É agora vem esse cara cagar regra em terras alheias.

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adelson lima

20 de outubro de 2016 às 18h01

Ja se dizia ha muito tempo atrás que seriamos um dia governados por um idiota, pelo simples fato de serem a maioria. A perspectiva disso acontecer sem eleicao nunca foi sequer pensada. Mas como já sao a maioria nos poderes influenciantes e garantistas, hoje tomamos conhecimento dessas horropilantes notícias.

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robertoAP

20 de outubro de 2016 às 17h18

Que bom que essa turma estúpida e arrogante do Temer,como esse ministro retardado e o esclerosado Serra, começassem a apanhar por onde passassem ,tendo que andar escoltados e mascarados até serem descobertos e a correria e o pau ter início.

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Inêz Oludé

20 de outubro de 2016 às 16h45

o velhco nao acerta uma heim?

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Maria Thereza G. de Freitas

20 de outubro de 2016 às 16h08

J. Carlos Assis, por favor divulgue os locais e horários dos seminários no Rio e Brasília (outros também, se já tiverem datas). Grata

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Marcio

20 de outubro de 2016 às 16h02

O Brasil não segue nenhuma ordem. De Washington! Vergonha sim, pois somos super protecionistas, uma das economias mais fechadas do mundo.
Faço até uma comparação, parece a Venezuela e Cuba dando lição de Democracia ao resto do mundo.

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Henrique

20 de outubro de 2016 às 15h17

Quem governa o Brasil hoje é um bando de antas.

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