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Espiando o poder – Sobre greves reprimidas e arestas aparadas, mas nem tanto…

[s2If !current_user_can(access_s2member_level1) OR current_user_can(access_s2member_level1)] Espiando o poder: análise diária da grande imprensa Por Luis Edmundo Araujo, colunista do Cafezinho “No momento em que centrais sindicais organizam paralisações”, lembra o Globo na primeira frase da chamada na capa para a manchete a informar que “STF manda cortar ponto de servidor desde 1º dia de greve”. O assunto […]

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Espiando o poder: análise diária da grande imprensa

Por Luis Edmundo Araujo, colunista do Cafezinho

“No momento em que centrais sindicais organizam paralisações”, lembra o Globo na primeira frase da chamada na capa para a manchete a informar que “STF manda cortar ponto de servidor desde 1º dia de greve”. O assunto também é o principal da primeira página do Estado, enquanto a Folha de São Paulo posa de imparcial com a manchete em que “Odebrecht afirma ter pago caixa dois a Serra na Suíça”. Como outras a envolverem políticos do PSDB, ou mesmo do PMDB, a denúncia não deve sobreviver a uma ou duas edições neste momento de disputas entre os três Poderes que, atendendo a ordem dos editoriais do Quarto Poder, começam a ser sanadas. “Ministro do Supremo suspende ação da PF no Senado”, diz a chamada do Estadão para a decisão de Teori Zavascki que, segundo Eliana Cantanhêde, havia sido sugerida nas entrelinhas pela própria presidente do STF, Cármen Lúcia, em seu “chega pra lá em Renan” Calheiros.  A celeuma toda, então, pode ter sido fruto da “falta de noção de Carmen Lúcia” apontada por Luis Nassif. A ministra hoje, segundo o jornalista, é “um ponto de instabilidade” na crise que tem no discurso da estudante Ana Júlia em favor das ocupações nas escolas, um contraponto de esperança. Ana Júlia ganhou entrevista de alto de página na Folha. Embaixo, porém, jornal informa que “jovens são algemados em desocupação”.

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O Brasil perdeu 2,2 milhões de vagas no mercado de trabalho em um ano, diz a chamada do Estadão. Nas páginas de dentro, a Folha informa que “recessão faz encolher população ocupada a 89 milhões de pessoas”. “Parcela dos brasileiros trabalhando chegou a 54%, mais baixo patamar em quatro anos”, diz o jornal. E se o presidente Michel Temer agora faz piada com os desempregados, ganhou do Supremo Tribunal Federal, mais uma vez, ajuda providencial, dessa vez contra futuras possíveis greves, de servidores principalmente, em meio à recessão.

No julgamento de ontem, os ministros do STF reconheceram por unanimidade a legalidade da greve no serviço público, mas, como diz o Globo, ” venceu a tese de que o Estado não deve pagar por um serviço que não foi prestado” . Como o caso tem repercussão geral, todos os tribunais do País agora devem seguir essa regra imposta pela maioria formada pelos ministros Dias Toffoli, Luís Roberto Barroso, Teori Zavascki, Gilmar Mendes, Luiz Fux e Cármen Lúcia, que hoje se reúne com Temer, com o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, e com o presidente do Senado, Renan Calheiros, para debelar a crise que ela ajudou a incendiar e que começou a ser resolvida com outra decisão do Supremo, essa monocrática, tomada por um ministro só.

Teori Zavascki decidiu suspender a Operação Métis, em que a Polícia Federal prendeu quatro servidores do Senado. Para o Globo, a decisão “distensionou o clima para a reunião hoje, no Palácio do Planalto, em que os chefes dos três Poderes debaterão os problemas da Segurança Pública.” A julgar pelos editoriais de ontem do jornal carioca e do Estadão, ambos pedindo prioridade à votação da PEC 241 no Senado, presidido por Renan, a decisão de Teori agradou à grande mídia, ainda que Merval Pereira mostre que tem lado nessa historia na coluna de hoje, intitulada “Fim do foro privilegiado”.

Na capa do jornal, Merval afirma que “decisão de Teori, na prática, amplia foro privilegiado”. Na coluna, enumera opiniões de um lado só, todas contrárias ao foro privilegiado, sem deixar de citar Cármen Lúcia ao dizer que a presidente do STF “também defende mudanças na prerrogativa de foro, medida que, para ela, significa privilégio e ‘não é compatível com a República'”. Já Eliane Cantanhêde, na coluna “Nem sangue nem escalpos”, prefere os panos quentes ao dizer que “no confronto entre os poderes, todos têm razão e ninguém tem razão”.

A colunista pondera de um lado que “avaliação é de que Renan errou feio na forma, ao chamar juiz de “juizeco”, o ministro da Justiça de “chefete de polícia” e a ação de “fascista”, mas não errou no conteúdo, ao reclamar do excesso da primeira instância contra um outro poder”. Por outro lado, lembrou que Cármen Lúcia, “ao condenar a agressão a um juiz, qualquer que seja, ela ressalvou que juízes ‘são humanos e sujeitos a erros’ e indicou o caminho ao Senado: ‘o Brasil é pródigo em leis que garantem que qualquer pessoa questione pelos meios recursais próprios’. Foi exatamente isso que Renan acabou fazendo quando entrou com ações no Supremo…”.

O editorial da Folha hoje, sob o título “Ponto de partida”, diz que “tramitação da PEC 241 no Senado oferece ao país mais uma oportunidade de amadurecer o debate sobre gastos públicos e reformas”. E a colunista do Estadão prevê um caminho fácil para a votação rápida ao dizer que “a liminar de ontem do ministro Teori Zavascki funciona como freio de arrumação”. Qualquer entendimento, no entanto, pode esbarrar na presidente do Supremo, na opinião de Luis Nassif. “O mais grave da história” dessa crise entre os Poderes, segundo o jornalista, “não foi o explícito abuso de autoridade, mas a defesa do juiz pela presidente do Supremo, Carmen Lúcia. Ficou-se à beira de uma crise institucional, corrigida a tempo pela decisão do Ministro Teori Zavascki de segurar a operação e, por vias indiretas, enquadrar a presidente.”

Em seu “Xadrez dos impasses do governo Temer”, Nassif afirma que a reação de Cármen Lúcia no atrito com Renan “fornece sinais claros sobre sua estratégia.” A ministra, segundo ele, “não será um agente da paz e da concórdia, mas um instrumento para acirrar a guerra política”. “Ela tem lado – o de Aécio Neves – e uma vontade imensa de exercer o mando e o protagonismo político, inversamente proporcional ao seu conhecimento das estruturas de poder. Seu trabalho consistirá em enfraquecer os aliados peemedebistas e investir contra o governador mineiro Fernando Pimentel”, afirma o jornalista.

Nassif cita a Operação Acrônimo, em Minas Gerais, afirmando que “é um abuso de poder e uma politização da PF mais grave que a própria Lava Jato”. Apoiado na operação, baseada toda ela em “um marqueteiro suspeito, o tal de Bené”, o jornalista lembra que “tentou-se o impeachment do governador através da operação. Uma decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça) matou a tentativa. Por 8 x 6 os ministros decidiram que qualquer tentativa de processo teria que ter autorização da Assembleia Legislativa.”

O jornalista também compara o caso Bené com o do helicóptero de propriedade do senador Zezé Perrella (PTB-MG), encontrado com 500 quilos de cocaína sem que até hoje ninguém tenha sido sequer investigado pela PF. “Ele (Bené) foi detido em um avião com uma pasta com algum dinheiro. Bastou para se tentar tirar o mandato de um governador eleito. Na mesma época, descobriu-se um helicóptero com 500 quilos de cocaína – de propriedade de um senador mineiro – e não resultou em nada”. Nassif lembra, então, que “a semana passada, o Estadão já deu o mote: o Supremo, pautado por Carmen Lúcia, poderá apreciar a decisão do STJ.”

E se na manchete investe contra o atual ministro das Relações Exteriores, José Serra, ao dizer que campanha em 2010 do tucano recebeu R$ 23 milhões da Odebrecht pelo caixa 2, a Folha retoma em página interna , mais uma vez, a investida contra Pimentel. “Delatora diz ter pago R$ 1 mi a Bené em forma de contratos”. O caso se refere à empresária Danielle Miranda Fontelles, dona da agência de propaganda Pepper que “disse ter pago cerca de R$ 1 milhão para empresas controladas pelo empresário do setor gráfico Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, o Bené, ligado ao governador de Minas Fernando Pimentel (PT)”.

Só resta saber, agora, qual dos dois casos, o envolvendo o tucano ou o relacionado ao petista, terá mais espaço daqui em diante no jornal. E se o Globo, por exemplo, só tratou da ocupação das escolas indiretamente, na matéria em uma coluna na qual “em MG, acordo garante uso das escolas no dia da votação”, a Folha cedeu espaço em alto de página à “aluna do PR que ‘encarou’ deputados” e “defende ocupação”. Ana Júlia emocionou muita gente ao confrontar o presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, Ademar Traiano (PSDB), que disse que não toleraria agressões a parlamentares.

“Peço desculpas, mas o Estatuto da Criança e do Adolescente nos diz que a responsabilidade pelos nossos adolescentes e estudantes é da sociedade, da família e do Estado”, respondeu Ana Júlia, na ocasião. Logo abaixo da entrevista dela, “a desocupação de uma escola em Miracema do Tocantins (a 78 km de Palmas), terminou nesta quinta-feira com um grupo de 20 alunos levados para a delegacia, dois deles (menores de idade) algemados. Um promotor disse ter pedido a utilização de algemas só para os que resistiram à ação policial.” Na chamada de capa do Estadão, “PM desocupa 4 escolas e prende 42 estudantes”, mas uma só das respostas de Ana Júlia na entrevista da Folha serve para manter, apesar de tudo, a esperança: “A escola é nossa, e, se a gente está lutando por algo que é nosso, a gente pode ocupar”.

Já a esperança de sair da crise econômica, de ver o Brasil superar esse momento sob a liderança de seu presidente não eleito nem votado, por outro lado, fica menor quando se lê a nota “Na palma da mão”, na coluna de hoje de Ilimar Franco no Globo. Eis a nota: “O presidente Temer ficou vendido na reunião (19) com o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe. Este abriu sua caixa de instrumentos e Temer não sabia o que falar. Ele não recebera um briefing do Itamaraty. Foi quando o ministro Blairo Maggi (Agricultura) pegou uma folha de papel, escreveu de punho e entregou para Temer. Nela, sugeria que ele reivindicasse a abertura do mercado para carnes e frutas brasileiras. Contam que, ao lado, o embaixador André do Lago; o secretário-geral do Itamaraty, Marcos Galvão; o assessor internacional Fred Arruda; e meia dúzia de diplomatas assoviavam e olhavam para cima.”

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Luis Edmundo

Luis Edmundo Araujo é jornalista e mora no Rio de Janeiro desde que nasceu, em 1972. Foi repórter do jornal O Fluminense, do Jornal do Brasil e das finadas revistas Incrível e Istoé Gente. No Jornal do Commercio, foi editor por 11 anos, até o fim do jornal, em maio de 2016.

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