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Espiando o poder – Reflexões sobre o imponderável

[s2If !current_user_can(access_s2member_level1) OR current_user_can(access_s2member_level1)] Espiando o poder: análise diária da grande imprensa Luis Edmundo Araujo, colunista do Cafezinho Ontem foi dia de comemoração nas edições da grande mídia, pela “guinada à centro-direita” exposta pela manchete da Folha de São Paulo com o resultado das eleições municipais. Hoje, na ressaca da vitória, é dia de reflexão, de […]

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Espiando o poder: análise diária da grande imprensa

Luis Edmundo Araujo, colunista do Cafezinho

Ontem foi dia de comemoração nas edições da grande mídia, pela “guinada à centro-direita” exposta pela manchete da Folha de São Paulo com o resultado das eleições municipais. Hoje, na ressaca da vitória, é dia de reflexão, de projetar o futuro político do Brasil para daqui a dois anos, que não é tão claro assim, nem tão previsível quanto gostariam os donos do poder. No editorial de hoje, a mesma Folha avisa que o “quadro político cada vez mais fragmentado preocupa”. O campo progressista perdeu, e Marcelo Freixo (PSol) reconhece isso na entrevista ao Globo em que afirma que “esquerda vive crise profunda”. A esquerda perdeu, sim, mas não morreu, como mostra a dupla de chamadas de capa do Estado de São Paulo, a de cima dizendo que “por 2018, Ciro tenta atrair governadores petistas”; a de baixo, contando que “o PMDB e o PSDB já planejam juntar forças para 2018”, porque “sabem que uma frente de esquerda liderada por Ciro Gomes pode se tornar novidade com apelo eleitoral”. Em meio ao desprestígio da classe política há o avanço dos evangélicos que pode vir a ser dificultado pelo que o Globo mostra na manchete de hoje, segundo a qual “Nova regra reduziria partidos de 35 para 9”. Uma das legendas atingidas seria o PRB de Marcelo Crivella, cuja criação Merval Pereira coloca, também, na conta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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“Corrupção e crise econômica abatem o PT e favorecem ascensão do PSDB”, diz o editorial da Folha, sob o titulo “Pêndulo brasileiro”. Segundo o jornal, “reforçou-se a fragmentação partidária, com 31 dos 35 partidos representados em prefeituras, 13 deles governando capitais. O fato chama a atenção porque alcaides controlam a rede mais capilar de cabos eleitorais. (…) Pode-se prever, pois, que as Assembleias Legislativas e o Congresso Nacional sairão de 2018 ainda mais divididos do que agora”, afirma o texto em que, no fim, o jornal conclui que “passa da hora de uma reforma que desincentive essa proliferação tão infecunda para a democracia”.

No Globo, o texto da manchete afirma que “proposta para acabar com farra de legendas está em discussão no Senado”. Levantamento do jornal mostra que “se a eleição municipal fosse usada para a aplicação da regra que impede a proliferação de partidos, só nove das 35 legendas existentes hoje estariam aptas a receber recursos públicos e a ter tempo de TV”. A cláusula de barreira da proposta prevê que os partidos precisariam atingir 2% dos votos válidos em pelo menos 14 estados, o que deixaria de fora por exemplo, o PRB de Crivella. “Sem os benefícios da lei, essas campanhas seriam inviáveis”, completa o jornal.

A solução para isso pode ser vislumbrada virando a primeira página do jornal carioca, na coluna de Ilimar Franco logo na página 2, com o título de “PRB e PHS na vitrine”. Ao afirmar que “os pequenos partidos estão entre os que venceram”, citando a “conquista do Rio, pelo PRB, e de Belo Horizonte, pelo PHS”, o jornalista diz que “Crivella e (Elias) Kalil serão poderosos cabos eleitorais para ampliar suas bancadas no Congresso”. “O PRB e o PHS podem aproveitar a janelinha, seis meses antes das eleições de 2018, para atrair novos deputados”.

Na coluna Painel, da Folha, Natuza Nery vai além e, sob o título “Ponte para o futuro”, afirma que “após a vitória no Rio, Marcelo Crivella pode ser a aposta de líderes evangélicos para a disputa presidencial de 2018, nem que seja para testar seu nome no eleitorado”. Na nota, o presidente da Confederação dos Conselhos de Pastores do Brasil, bispo Robson Rodovalho, garante que “chegará o momento em que o Brasil terá um presidente evangélico. É natural”. “Coordenador de candidaturas pentecostais e neopentecostais de diferentes denominações”, segundo a coluna, Rodovalho conta na nota seguinte, intitulada “Test Drive”, que “hoje Universal e Assembleia de Deus caminham juntas em nome de um projeto maior”.

“Projeto reforçado”, aliás, é o título da coluna de hoje de Merval Pereira. “Saindo das eleições municipais como o que mais cresceu em número de eleitores entre os dez maiores partidos, conquistando 3,8 milhões de votos para prefeito no 1º turno, um crescimento de 51% em relação a 2012, o Partido Republicano Brasileiro (PRB) viu seu projeto político nacional reforçado pela vitória do bispo licenciado Marcelo Crivella para a prefeitura do Rio de Janeiro”, afirma o colunista, que não deixa de ver o dedo de Lula na ascensão evangélica.

Segundo Merval, “em outubro de 2005, a criação do Partido Municipalista Renovador (PMR), hoje Partido Republicano Brasileiro (PRB), foi fruto de manobra do então presidente Lula para se aproximar dos evangélicos através do vice José Alencar, um dos fundadores do partido.” O colunista do Globo conta que “a preocupação do PT com a ascendência da Universal foi explicitada pelo ministro Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência e olhos e ouvidos de Lula na administração Dilma”. Carvalho ” chegou a falar na criação de um sistema de comunicação de massas para transmitir a esses novos consumidores as ideias do governo”, projeto que teria entre seus formuladores “o ex-ministro Mangabeira Unger, professor de Harvard”.

Mangabeira, de acordo com Merval, “desenvolveu a tese de que evangélicos brasileiros têm semelhança com pioneiros que fundaram os EUA e tinham o espírito empreendedor que faria a diferença para o desenvolvimento do Brasil.” “Embora tenham se distanciado do petismo a ponto de votarem pelo impeachment da presidente Dilma, e o presidente do partido, também pastor licenciado Marcos Pereira, ser hoje ministro da Indústria e Comércio do presidente Michel Temer, o projeto político continuou o mesmo”, lembra o colunista do Globo.

E se em determinado momento de seu texto Merval diz que Gilberto Carvalho “chamou para o centro da luta política os evangélicos, com quem disse que as esquerdas deveriam disputar ideologicamente a massa dos emergentes”, Marcelo Freixo admite a derrota momentânea da esquerda nessa disputa na capa do Globo, ao lado da chamada avisando que até “a Garota de Ipanema crivellou”. “Ipanema deu 52% dos votos ao prefeito eleito”, e “Helô Pinheiro, símbolo do bairro, foi uma das garotas-propaganda de Crivella na região”, diz o jornal carioca.

“Freixo vê pior crise da esquerda e faz autocrítica”, diz o título da entrevista em que o deputado estadual, derrotado por Crivella na disputa à Prefeitura do Rio de Janeiro, “citou três principais razões para explicar o resultado. A crise da esquerda no Brasil, que ele classifica como a pior desde a ditadura militar, a incapacidade de o partido penetrar na Zona Oeste e, como autocrítica, afirmou que sua campanha ficou ‘atordoada’ e demorou a reagir aos ataques sofridos no início do segundo turno.”

Para Freixo, “a  esquerda não deve dizer que a culpa é de outros atores e esquecer a sua responsabilidade”. “É hora de autocrítica e entender os erros”, afirma o candidato derrotado pelo PSol, que reconhece que “há o fim de um ciclo, erros do modelo de governabilidade, erros cometidos principalmente pelo PT”, mas ressalta que “não adianta crucificar o PT”. “É fundamental que a esquerda não se vitimize”, preconiza.

Ao acrescentar às suas reflexões dados específicos da Zona Oeste carioca, o deputado estadual vai de encontro ao que o jornalista Glenn Grenwald fala em seu site, The Intercept, no texto afirmando que “a grande derrota do PSol evidencia o maior desafio da esquerda mundial e, especialmente, no Brasil”. Freixo lembra que “a candidatura do Crivella teve um cunho popular muito forte. Vem da Universal e da Record, que têm penetração grande no setor popular”.  “A gente conseguiu entrar um pouco, mas isso tem de ser permanente. Esse trabalho de base tem que chegar na Zona Oeste. Ainda é fraco, ainda é precário, da esquerda como um todo”.

Por enquanto, o movimento principal da esquerda visando 2018 quem faz é Ciro Gomes, que conseguiu eleger seu candidato em Fortaleza. Segundo o Estadão, “com a derrocada do PT nas eleições municipais e a incerteza quanto ao futuro político do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o grupo político do ex-governador Ciro Gomes (PDT-CE) negocia com governadores petistas a migração deles para outros partidos que integram seu projeto presidencial. As conversas estão mais avançadas no Ceará, com o petista Camilo Santana. Também há sondagens na Bahia e no Piauí”.

Na “Coluna do Estadão”, o jornal afirma que “o PMDB e o PSDB já planejam juntar forças para 2018”, para enfrentar a ameaça que poderia vir de uma candidatura de Ciro. Mas na mesma capa do Estado de Sao Paulo, Eliana Cantanhêde mostra que nem tudo é tão definitivo assim. “O PSDB é o grande vitorioso das eleições, mas, se Michel Temer der certo, o PMDB terá candidato próprio em 2018”, diz Cantanhêde na coluna cujo título é “amigos hoje, inimigos amanha”. “O poder primeiro aglutina, depois corrói. A história é recheada de aliados que viraram inimigos”, completa ela.

Alheia a tudo isso, a presidenta afastada Dilma Rousseff aparece hoje em página inteira da Folha levando uma típica vida de classe média num apartamento de Porto Alegre. Na chamada de capa para a matéria, o jornal avisa que “dois meses após seu impeachment, Dilma Rousseff leva vida reservada em apartamento de classe média, em Porto Alegre. Anda de bicicleta pelo bairro Tristeza e gostaria de publicar um livro, relata Natuza Nery. ‘Eu queria escrever um romance policial. Gosto muito. Li muito’, diz a petista, contemplando exemplares de sua coleção”.

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Luis Edmundo

Luis Edmundo Araujo é jornalista e mora no Rio de Janeiro desde que nasceu, em 1972. Foi repórter do jornal O Fluminense, do Jornal do Brasil e das finadas revistas Incrível e Istoé Gente. No Jornal do Commercio, foi editor por 11 anos, até o fim do jornal, em maio de 2016.

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Eduardo Albuquerque

01/11/2016 - 13h56

Meu Joca nao perde um jogo do seu time. Ultimos meses o time dele nao ganha nada. Após uns quatro jogos perdendo de , 2,3,4 gols Joca chegou a conclusão que a defesa do time e o goleiro sao fracos….Assim após perder eleições fica fácil espalhar aos quatro ventos que ” a esquerda” tá em crise…Parece que nao uma direita que invadu o Brasil pra tomar o pre-sal na força…

Gr K

01/11/2016 - 13h52

Em breve perderemos o direito ao voto direto!!

Gr K

01/11/2016 - 13h45

Em breve perderemos o direito ao voto direto!!


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