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Governo Temer já iniciou desmonte de bancos públicos (com apoio da mídia)

(Observação do blog: o BB está fechando duas agências em Copacabana. Duas. E no shopping Rio Sul, um dos principais shoppings da zona sul, o BB está fechando até mesmo as caixas eletrônicas de autoatendimento). O CERCO AOS BANCOS PÚBLICOS E O FUTURO DO BRASIL Por Mauro Santayana, em seu blog (Revista do Brasil) – […]

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(Observação do blog: o BB está fechando duas agências em Copacabana. Duas. E no shopping Rio Sul, um dos principais shoppings da zona sul, o BB está fechando até mesmo as caixas eletrônicas de autoatendimento).

O CERCO AOS BANCOS PÚBLICOS E O FUTURO DO BRASIL

Por Mauro Santayana, em seu blog

(Revista do Brasil) – Nos últimos meses, o governo brasileiro não apenas está tomando medidas temerárias do ponto de vista estratégico como também o está fazendo na contramão do mundo, em um momento em que o nacionalismo e o Estado se fortalecem, como reação à globalização, até mesmo pelas mãos da extrema direita, nos países mais desenvolvidos.

O que vem sendo apresentado, com a cumplicidade de uma mídia imediatista, irresponsável e descomprometida com os objetivos nacionais, não passa de uma sucessão de “negócios” apressados e empíricos que têm como único norte o acelerado desmonte, esquartejamento e inviabilização em poucos anos, do Estado, com deletérias, estratégicas, e talvez irreversíveis consequências para o futuro.

Estamos entregando o país aos negócios privados, principalmente estrangeiros, em transações gigantescas, feitas a toque de caixa, que envolvem bilhões de dólares. Na maioria das vezes, à revelia da sociedade brasileira, a ponto de muitas estarem sendo realizadas até mesmo sem licitação, como está ocorrendo com a “venda” e desnacionalização de poços do pré-sal e de outros ativos.

Tudo isso com uma fúria privatista que só encontra paralelo nos nefastos mandatos de Fernando Henrique Cardoso, que tiveram como principais consequências econômicas a duplicação da dívida líquida pública e a queda do crédito, do PIB, da renda assalariada e do trabalho formal ao fim de seus oito anos de governo.

Se o recuo estratégico é grave em setores primordiais, como energia, infraestrutura e defesa, ele atinge também, drasticamente, os bancos públicos.

Assim como não existem grandes países sem grandes empresas nacionais, também não existem grandes nações que possam prescindir de um forte sistema financeiro público para que se desenvolvam estratégica e soberanamente.

Não se trata apenas, como ocorria no passado, do direito de cunhar moeda, mas de ter instrumentos que possam garantir que a roda da economia continue girando.

Nos últimos anos, o BNDES, a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil foram cruciais para manter o país crescendo, investindo na “bancarização” da população e na expansão do crédito.

O volume de crédito em circulação, que caiu de 36% para 23,8% do PIB nos governos de FHC, mais do que duplicou nos governos do PT, até atingir 54,2% em dezembro de 2015.

Sem o financiamento à indústria e à agricultura teria sido impossível, para o país, enfrentar a longa sucessão de graves crises que vêm atingindo o mundo ocidental e o capitalismo desde 2008, quando a banca privada se retraiu, deixando de emprestar dinheiro e passou a investir, como sempre fez historicamente, basicamente em títulos do governo.

Com isso, embora o lucro dos bancos tenha aumentado mais de 400% na era Lula com relação ao governo anterior, as instituições públicas se expandiram mais do que as particulares, aumentando a variedade e quantidade dos serviços prestados a seus clientes, sua oferta de crédito, seus lucros e sua presença na economia nacional.

E como o atual governo responde a esse imprescindível papel estratégico?

Pega carona e incentiva a campanha, com forte componente ideológico, que se está desenvolvendo na mídia e nas redes sociais, contra o BNDES.

Promove a estúpida, suicida e inexplicável eliminação de R$ 100 bilhões dos ativos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, que estão sendo repassados ao Tesouro, para suposto “abatimento” cosmético e irrelevante da dívida pública, em um momento em que o país é apenas a 40ª nação do mundo em endividamento, e se encontra mergulhado em grave recessão.

Reforça essa política de terra arrasada com a interrupção e eliminação, pela atual diretoria do BNDES, de projetos de exportação de serviços de engenharia de empresas já atingidas em bilhões de dólares, pelo tsunami punitivo da Operação Lava Jato.

Com isso, morrem no nascedouro milhares de empregos que poderiam surgir por meio de alguns dos maiores expoentes da engenharia nacional e de centenas de médias e pequenas empresas de sua cadeia de fornecedores.

O governo estende os nefastos efeitos dessa abordagem destrutiva do Banco do Brasil e da Caixa – apelando para a velha desculpa da busca de “eficiência” – promovendo seu desmanche e “enxugamento”, com o já anunciado fechamento de centenas de agências e a demissão “incentivada” de milhares de funcionários, em um momento em que dezenas de municípios, para o enfrentamento da crise, não poderiam prescindir da presença e do apoio dessas instituições.

Quais são as razões que se escondem por trás disso? Por que e para que torcer o pescoço das galinhas dos ovos de ouro da economia nacional que, além de manter o país funcionando, deram altíssimos retornos para seus acionistas e para a União e estão ligadas a conquistas de enorme importância social, como a construção de 3,5 milhões de casas populares nos últimos anos?

De 2010, para cá, o BNDES, além de emprestar centenas de bilhões de reais para grandes, médias e pequenas empresas, teve mais de R$ 40 bilhões de lucro. O Banco do Brasil alcançou, em 2011, um lucro líquido de mais de R$ 12 bilhões e chegou a mais de R$ 14 bilhões em 2015. Os seus ativos, que eram de quase R$ 1 trilhão em 2011, chegam a quase R$ 1,5 trilhão este ano. A Caixa Econômica Federal lucrou quase R$ 4 bilhões em 2011 e expandiu seus resultados para 7,2 bilhões em 2015.

De que tipo de “reestruturação” esses bancos precisam? De mandar gente embora para fazer com que os que vão ficar trabalhem o triplo – cada funcionário de agência do Banco do Brasil já é responsável, em média, pelo atendimento a quase 450 contas da instituição – e comecem a cometer falhas, e fazer os clientes pensarem em migrar para os bancos privados?

Não se pode compreender esse cerco à banca pública a não ser como um desejo subjacente de abrir mercado para a banca privada, embora esta não tenha deixado de multiplicar também seus ganhos.

Deve assustar, sobretudo, a possibilidade que os bancos públicos têm, a qualquer momento, de regular indiretamente o mercado, sempre que necessário, baixando as suas taxas de juros e as tarifas que cobram da população.

Mas essa deliberada e injustificável estratégia de sabotagem e sufocamento dos bancos públicos pode ter, também, outras intenções.

Como sempre ocorre, ela abre caminho para que se possa dizer que eles estão operando mal ou perdendo dinheiro, e que devem ser privatizados a médio prazo, eliminando-os totalmente, da economia nacional.

Assim como ocorre no caso da Petrobras, a sociedade brasileira precisa responder ao desmanche e à campanha contra a banca pública decisivamente.

Os bancários e os municípios prejudicados devem entrar na Justiça contra o fechamento de agências, levando ao Judiciário e ao Ministério Público informações relativas à verdadeira situação financeira dos bancos estatais e sua importância econômica e social no contexto do processo de desenvolvimento brasileiro.

É preciso que aqueles que dizem que é necessário aumentar a “eficiência”, expliquem onde está a ineficiência de instituições que praticamente salvaram o país durante a crise de 2008, que contribuíram para a expansão do crédito, da produção e da infraestrutura e que, na última década, deram dezenas de bilhões de reais em lucro.

Enquanto o sistema financeiro privado internacional, por ineficiência, desonestidade e fiscalização, levava a economia global ao colapso.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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Alexandre Sousa

31/01/2017 - 23h15

Temer não tem a humildade de Itamar franco que colocou Fernando Henrique como Ministro. E tem muita besta que não vê que não teria governo Lula se não tivesse um governo Fernando Henrique para dar o pontapé inicial, que praticamente abril caminho para que a besta do Lula parecesse governar bem usando Palotti para seguir os passos de Fernando Henrique. Estariamos melhor se o PT não roubasse tanto e antes dizia não roubar e que não ia deixar roubar e se tornou o mais competente na area de corrupção.

Alexandre Sousa

31/01/2017 - 23h07

Arranquem esse temer do governo e escolham alguem da ultima eleição. Que pena que Aecio não é considerado suplente da chap ganhadora.

Vitor

30/01/2017 - 14h47

Como acionista do BB eu acho uma excelente notícia. Cada vez menos agências, por favor…

    Miguel do Rosário

    30/01/2017 - 17h25

    Como usuário do BB há muitos anos, eu acho exatamente o contrário.

Ronaldo rangel

28/01/2017 - 19h29

A quadrilha está rápida e com apoio jurídico,pois ninguém do congresso progressista consegue impedir esses canalhas,junto ao STF na época da Dilma,qualquer cachorro dos traíras,articulava pedidos no STF e conseguiram tudo… Daí que eu não sou otário pra ficar esperando Jesus baixar no judiciário evitar a mesa do temer,mas do STF só porrada tiro e bomba,o Brasil acabou e ato final e prenderem o lula com tido o mundo vendo todo o dia o Brasil pode vir a ter dias piores,pois pelo menos com os militares o bagulho era menos escroto que ver PF, fazendo papel de capeta,garantido pelo judiciário que cada vez se aporcalha mais se eu fosse mais novo ia pra fora do Brasil,mas…

J. Sculder

28/01/2017 - 16h49

Pessoas que trabalham na Caixa relatam a situação. No entender deles o Governo Temer trabalha para sucatear tudo que é público. E na Caixa a situação é periclitante. Já falta gente . Além da ausência de funcionários, há o problema dos afastamentos por doença, todos causados pelo excesso de serviço, pressão, stress. E nos afastamentos simplesmente não há reposição. Estão extinguindo funções, mas não contratam ninguém.
No entender dos funcionários o Governo faz isso deliberadamente porque tenciona fragilizar o banco para afastar clientes e tornar o banco insustentável. É uma canalhice completa deste governo.

Luiz Carlos P. Oliveira

28/01/2017 - 11h51

Qualquer um que tem um amigo que trabalhe no BB ou na CEF, pergunte se a agência dele tem funcionários em excesso. A resposta será uma só: FALTA GENTE. E isso derruba aquela falácia de que estatais são cabide de emprego. Ontem fui numa agência da previdência e a falta de pessoal é inacreditável. O funcionário que me atendeu me mostrou: 35 guichês para atendimento ao público. E apenas 4 (eu disse QUATRO) funcionários atendendo. Tinha 2 doentes e 4 de férias. É tudo que a agência tem. Cabide de emprego? Só na cabeça dos manipulados pela mídia.

Luiz Carlos P. Oliveira

28/01/2017 - 11h45

É a receita simples do entreguismo: desacredita a empresa estatal junto à opinião pública e depois vende, a preço de banana. Golpe mais manjado do que este é impossível. E a Caixa vai pro mesmo caminho. Enquanto os coxinhas aplaudem, o Itaú e o Bradesco são acometidos de “frouxos de riso”, pois é mais um pote de ouro que vão abocanhar, quase de graça. Mas não tem problema. Depois de privatizarem BB e CEF, os empresários pagarão juros abusivos para os bancos privados. TOMA, OTÁRIOS.

Rogério Bittencourt

28/01/2017 - 10h05

Isto é normal. Primeiro cria-se o problema, divulga-se o problema, depois traz a solução. a “privatização”.

Marcilia Maciel

28/01/2017 - 11h56

“Minha” agência, por mais de 30 anos, foi arrastada nesse tsunami q está destruindo o país

Estivalet Teixei

28/01/2017 - 11h40

Todos, da agricultura, as grandes empresas ao comércio da esquina precisam em maior ou menor grau do estado..

Hannibal de Sousa

28/01/2017 - 11h16

Muito estranho. O BB teve 9 bilhões de lucro líquido no último trimestre (eu havia dito 16, mas havia confundido com o balanço de outra empresa – aceitem minhas desculpas).


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