“Maio de 1968”: a primeira “Primavera”… made in CIA?

– Discussão – a seis mãos – do “Núcleo Duro” do Blog de Romulus Maya:

“Maio de 1968”: a primeira “Primavera”… made in CIA?

Por “Núcleo Duro”

Do Facebook:

Romulus Maya compartilhou um post do Brasil 247.
20 hrs atrás

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Romulus Maya, que apresenta o Expresso da Manhã, argumenta que quem barrou qualquer referência a Carlos Zucolotto na CPMI da JBS foi ninguém…
BRASIL247.COM

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Comentários:

Maria No 247? Você merece! Tá ótimo o artiguinho!

Renato Aroeira Eu li.

Romulus Maya Maria, ainda bem que você gostou! Estava com medo de não gostar da parte em que especulo que o “maio de 68” na (então) França do General de Gaulle foi a primeira “Primavera” made in CIA!

Para fechar (mesmo!), segue outra valiosa lição do General De Gaulle…
Aquele que, nos seus dias, deu muuuita dor de cabeça aos americanos:
– Em política – como na vida? – o adversário a abater primeiro é aquele da sua própria… família!
Aliás, tenho para mim (e não sou o único!) que o “Maio de 1968” em Paris, aquele do “é
proibido proibir”… o que derrubou o General de Gaulle!, foi (em parte) a primeira “Primavera”…
A primeira “revolução colorida” – da estudantada! – made in…
– … CIA!
Mas isso é outra história!”

– Afinal, Maria você estava lá – novinha! Pós-graduanda! – e tomou parte! Também brigou por “muito mais que 20 centavos”! rs

Dorotea Com essa de que “maio de 68 foi a primeira Primavera made in CIA” você acaba com todas as auto-ilusões dos sessentões. Sabe aquela conversa de que “antes era melhor”? Até as revoltas? Mas acho que você tem razão…pelo menos o destino de certos “revolucionários” da época sugere isso.

Romulus Maya Bem lembrado! O (ex!) Dany “le rouge, líder de 1968 e agora “ecologista internacionalista” (hmmm…), apoiou Emmanuel Macron neste ano! No Brasil, ele é Marina! O vermelho, se existia, desbotou! rs

Maria Não, Dorotea, o Romulus não está certo, e explicarei por quê. Pensar História é coisa que faz falta pra qualquer um!

Não gostei, mas você pode especular à vontade, Romulus. Eu estava lá e sei que não foi assim. E não tinha “20 centavos”, tinha estudante de saco cheio de repressão moralista e sobretudo por saber que, depois de se formar, ia virar PDG em empresa pra explorar operário. Era geral e vago assim.

Como aqui, a brutalidade da repressão policial no campus provocou reação. A diferença é que não foi a Globo chamando pra rua, mas as centrais sindicais (todas!) saindo numa passeata que desfilou por 5 h com todas as bandeiras que eu nem conhecia (anarquistas e anarco-sindicalistas) no Boul´Miche, em frente ao foyer onde eu morava, me fazendo chorar enquanto pensava quando iria ver uma coisa assim no Brasil.

E no dia seguinte começaram, direto, as ocupações das fábricas, por conta dos sindicatos e dos operários, que tinham suas boas razões pra também estarem de saco cheio com as políticas do De Gaulle. Não havia Globo, nem FB, nem twitter nem whatsapp pra convocar. Tudo foi indo, lentamente, segundo o ritmo das próprias fábricas. E também não havia coordenação. Tanto que delegações de fábricas vinham com o manifesto tirado na ocupação pra Sorbonne, como se lá fosse o quartel general do movimento todo! Gastei dias inteiros lá, explicando para operários portugueses assustados o alcance de tudo aquilo e pedindo que resistissem junto com os companheiros, porque era sua única defesa.

E aí TUDO parou em Paris em maio! De banco a mercearia e forças de segurança, a cidade, vazia, ocupada, era dos seus moradores. Salut, camarade! Qualquer um, todos eram seus camaradas. Um espirito de solidariedade que nunca vi antes e tenho certeza de que não voltarei mais a ver nesta vida. TODA a esquerda se mobilizou pra garantir o abastecimento da cidade. Como se fosse 1871 de novo. O problema é que todo esse esforço não conseguiu resultar numa coordenação ~política~ do movimento, com as divisões bizantinas e as batalhas de ego que conhecemos.

De Gaulle se apavorou a ponto de trazer tropas da Alemanha pra cercar Paris. Foi só nessas condições que em junho, num discurso de 16 minutos, ele resolveu afirmar que havia um Estado na França. Uma hora depois, todas as bandeiras bleublancrouge e todos os fascistas estavam nos Champs Elysées. E aí o rescaldo foi mais de uma semana de repressão brutal, literalmente à ferro e fogo, bala e incêndio – Paris brûle-t-il? – até que o retour à la normale trouxesse de novo law & order ou ordem e progresso de volta à França.

Pensar História faz falta. Você devia lembrar que era então uma época de ascensão política da esquerda, o terceiro mundo era o grande eixo de reflexão política no mundo todo e o ícone era o Che Guevara. Nada mais distante da ofensiva neoliberal internacional do capital financeiro da era Thatcher e Bush! Por isso você está errado em pensar que foi uma primeira primavera da CIA. Mas pode especular à vontade. Como a Maya, a cachorrinha do Romulus, eu sou socialista, e aguento a provocação!

Romulus Maya Bom, posso até estar errado. Mas afirmar isso categoricamente você tampouco pode. O seu relato é emocionante. Um testemunho vivo da Historia! E era exatamente para ter o prazer de lê-lo que “provoquei”, lembrando da “especulação” quando você comentou o meu artigo.

Como disse lá, não sou só eu quem especula sobre isso. Há estudiosos que vão nessa mesma linha. Há um documentário inclusive, da TV pública francesa, que levanta a dúvida. Tenho ele aqui. Vou ver se consigo subir sem “violar direitos autorais”.

FATOS:

– De Gaulle tinha TIRADO França da OTAN;

– Visitado a URSS; e

– Gritado “Vive le Québec libre!” no quintal dos EUA (Canadá), entre outros atrevimentos de “gaulês” diante do (novo) Império.

O engajamento de sindicatos e estudantes pode ter sido o mais genuíno possível. Acredito!

Mas…

Quem disse que o da galera dos “20 centavos”, pedindo (igualmente!!) uma (como vimos DEPOIS…) delirante “guinada à esquerda” tampouco o era?

A questão da articulação para uma “Primavera” made in CIA caminha, como terá caminhado lá em 68, pelos… subterrâneos!

Ora! Não sabemos nós agora que a CIA bancava TODA a intelectualidade de esquerda francesa? Especialmente a crítica do PCF?? E os filósofos “pós-modernos”? Aqueles cujos “filhos” e “netos” intelectuais (bastardos?) hoje tanto dificultam a unidade da esquerda com o “identitarismo” radical?

Não sejamos, nenhum dos dois, categóricos porque nem eu nem você testemunhamos os BASTIDORES… de CÚPULA.

Sim, “pensar História” faz falta… mas pensar – GEO! – POLÍTICA também!

O que podemos fazer é (também…) cotejar o seu rico relato sobre as BASES, com o contexto geopolítico e o resultado prático:

– Saíram as “gravatinhas” dos estudantes universitários, mas entrou Pompidou, de DIREITA. E depois o “jovem” Giscard d’Estaing, mais à direita ainda! Mas a direita “bacana”… “moderna”… “liberal”… aquela que chegou para “modernizar” o “atraso” da França…

Com… liberalismo econômico!

Giscard é o avô intelectual do Emmanuel Macron, com quem se dá muito bem hoje, inclusive!

Resultado:

– França de novo na OTAN, desistindo de vez da ambição de permanecer como potência diplomático-militar.

– Assentimento para a entrada do “Cavalo de Troia”, o Reino Unido!, na Comunidade Econômica Europeia – “os ouvidos e a boca de Washington aqui”, nas sábias e proféticas palavras do General De Gaulle! Ele que SEMPRE havia barrado os insulares, que chamava de “infiltrados”. Certamente, sob as ordens de Washington, “entrariam para destruir por dentro” o projeto europeu.

Como de fato ocorreu!

*

P.S.: Acho que a fala da Dorotea , nossa estimada Professora de Psiquiatria!, sobre idealizações sobre o passado não podem ser descartadas tampouco!

P.P.S.: O pessoal dos “20 centavos” também jura que a “Primavera” deles era 100% “orgânica”, não? Já VOCÊ tem outra opinião… rs

P.P.P.S.: vou colocar esse dialogo no Blog!


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Quando perguntei, uma deputada suíça se definiu em um jantar como “uma esquerdista que sabe fazer conta”. Poucas palavras que dizem bastante coisa. Adotei para mim também.
Romulus Maya: Advogado internacionalista. 9 anos exilado do Brasil... conta na Suíça, sim, mas não numerada e (mais importante) sem numerário! Quando perguntei, uma deputada suíça se definiu em um jantar como "uma esquerdista que sabe fazer conta". Poucas palavras que dizem bastante coisa. Adotei para mim também.
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