Sobre a pesquisa da XP Investimentos e… os ataques ao Cafezinho

Desculpe a aporrinhação, porém mais uma vez fui vítima de linchamento virtual. E como a única coisa que eu possuo é meu nome, e a única maneira de me defender é através desse blog, então me defendo por aqui.

Ontem, publiquei uma pesquisa da XP Investimentos, uma das maiores corretoras do país, preparada pelo instituto Ipespe e devidamente registrada no TSE. O título do post era “Nova pesquisa mostra Bolsonaro à frente de Lula no segundo turno“.

Alguns internautas não gostaram do que leram e, ao invés de questionarem o conteúdo, concentraram toda a sua virulência contra minha pessoa.

O site Poder 360 publicou a mesma pesquisa, com título também destacando o segundo turno.

O Instituto Ipespe, responsável pela pesquisa, tem uma qualificada carteira de clientes: Petrobrás, governo federal (da era Lula/Dilma), OAB, universidades, fundação roberto marinho, globo, jornal valor, odebrecht, ponto frio, as maiores empresas do país. É um instituto sério. Abaixo, sua carteira de clientes:

 

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Recebi a notícia por whatsapp e achei que os leitores do Cafezinho deveriam saber da existência dessa pesquisa. Resultado: ataques, ataques e mais ataques, todos covardes e irracionais.

A Giuditta Ribeiro e, sobretudo, a Fernanda Nasser, a pretexto de criticarem a publicação da pesquisa, chamaram-me de “vendido”.

O Brian Mier, um jornalista que eu conheço, cujo trabalho eu respeito, infelizmente entrou na onda, e balbucia no post da Giuditta: “olha o nome da agência de pesquisa, totalmente desconhecido”.

Como vimos, nem a XP Investimentos nem o instituto Ipespe são “desconhecidos”.

Mier continua: “não entendo por que o Cafezinho iria publicar matéria da Infomoney”.

Bem, não era “matéria” da Infomoney. Era uma pesquisa da XP Investimentos, feita pelo Ipespe, que foi noticiada pelo Infomoney.

O Infomoney é um dos principais sites de notícias do país. O que é publicado nele é lido por milhões de pessoas. Se tem alguma informação lá, não vejo problema em sabermos.  Um blog político tem essa função, entre outras, de comentar, criticar e repercutir notícias que saem na grande imprensa ou em portais especializados. E também de comentar pesquisas eleitorais, de preferência sem se ater apenas àquelas mais agradáveis à opinião do blog.

É uma coisa inteiramente irracional – acho que alguns internautas que me atacaram nem sabem direito porque o fizeram. Simplesmente foram na “onda”. Por que me chamar de “vendido” por publicar uma pesquisa?

Outros vieram me atacando, ainda nesse post, dizendo que eu estava fazendo campanha pro “Ciro”… Ora, a pesquisa não traz nada positivo para Ciro. As pessoas queriam me xingar simplesmente porque estão intoxicadas de ódio político, e me consideraram um alvo fácil. Estavam apenas à espera de um pretexto qualquer, mesmo que absurdo, como esse.

Muitos atacaram dizendo simplesmente que era “Fake News”. Bem, não é Fake News…

Outros ataques eram meio desorientados: perguntavam “qual o objetivo” de publicar a pesquisa, insinuando que houvesse uma intenção maligna qualquer por trás. Alguns já vieram com a descoberta da intenção: promover Ciro Gomes (!).

Os ataques não precisavam fazer sentido. Queriam me atacar e ofender, simplesmente. O espírito de linchamento era notório: um xingava, e outro sentia-se empoderado para vir e xingar também. Ou seja, covardia pura e simples.

Na minha página pessoal, as mesmas pessoas que ficaram me atacando nas últimas semanas, e que recuaram alguns dias, após o meu texto “Desabafo do blogueiro“, voltaram com força total, falando coisas horríveis, todas sem sentido, ditas simplesmente com objetivo de assassinar a minha reputação (um deles inclusive foi literal e disse que “o Cafezinho morreu”). É como se eles estivessem todos se contendo, remoendo ódio, por dias, prontos para explodir a qualquer momento.

Agora eu começo a entender o fenômeno dos “bolsominions”. Talvez os bolsominions tenham sido, no passado, pessoas de verdade, normais, que nem sempre eram tomadas de ódio, nem sempre se dispunham tão facilmente a atacar e ofender outras pessoas, simplesmente por não concordarem (ou acharem que não concordam) com a opinião alheia.

Agora, além dos bolsominions autênticos, teremos que conviver com os bolsominions “de esquerda”?

Pessoal, por favor, vamos parar com esses ataques bobos, por favor?

Abaixo, prints dos ataques que sofri da Giuditta Ribeiro, Brian Mier e Fernanda Nasser.

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A propósito, a pesquisa é mais interessante do que eu mesmo pensava. É uma pesquisa feita para os clientes da corretora e o original está em inglês. O Poder 360 conseguiu a íntegra dela.  Pessoal, não é fugindo de pesquisa que alguém vai ganhar eleição…

Alguns painéis interessantes da pesquisa:

Migração de voto em Lula (Marina e Ciro são os principais herdeiros).

Painel 2 (sem Lula, mas com um candidato do PT): Bolsonaro e Marina são os favoritos para passarem ao segundo turno

O cenário 3 (no alto do post), com Lula, traz o ex-presidente com 29%, contra 24% de Bolsonaro.

Rejeição dos candidatos. Tirando Temer, um caso bizarro, Lula é o candidato com maior rejeição, segundo a pesquisa, com 60%. Bolsonaro tem 47% de rejeição. 

O quadro abaixo, com o potencial de voto de cada candidato, mostra que, com Lula eliminado da disputa pela justiça eleitoral, existe a chance de termos dois candidatos de direita no segundo turno. As melhores pontuações estão com Jair Bolsonaro, Marina Silva e Geraldo Alckmin.

Por fim, temos esse gráfico com o perfil ideológico dos eleitores de cada candidato

O candidato mais à esquerda é Lula, que tem 33% dos eleitores identificados como “de esquerda”. Esquerda e centro-esquerda totalizam 38% dos eleitores de Lula. Ciro Gomes é o segundo candidato mais à esquerda: esquerda e centro-esquerda somam 32% de seus eleitores.  Mas Lula também morde o eleitorado de “direita” (ou que se identifica como tal): 26% de seu eleitorado é de direita ou centro-direita. O eleitorado de direita e centro-direita de Ciro é um pouco menor: 21%.  Ciro consegue penetrar bem no centro: 26% de seus eleitores se identificam como “centro”. O candidato mais à direita é Bolsonaro: 35% de seus eleitores se identificam como “direita” e apenas 6% como “de esquerda”.

Conclusão: a pesquisa tem, notoriamente, um viés para a direita. Acho que isso é uma razão a mais de interesse, porque acredito que temos de prestar atenção em tudo, e não só nas pesquisas que achamos que beneficia o “nosso campo”.

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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