Bolsonaro tem quadro estável, mas pode ficar fora da eleição

Por Denise Assis, exclusivo para o Cafezinho

A família do candidato Jair Bolsonaro, (PSL) preocupada com o seu estado, requisitou uma equipe do Hospital Sírio Libanês, para acompanhar o pós-operatório e avaliar o momento em que ele possa ser transferido da Santa Casa de Juiz de Fora (Zona da Mata -MG), para aquela unidade, em São Paulo. Os  médicos do Sírio então sendo aguardados até às zero hora, de hoje, (06/09) pelo corpo médico da Santa Casa. Apesar do estado do paciente ser ainda bastante delicado, pois pode haver uma infecção devido ao derramamento de fezes, o quadro é estável, mas o tempo de recuperação é imprevisível, o que pode deixar Bolsonaro fora da eleição. Ele respira sem ajuda de aparelho e está consciente, tendo, inclusive, reconhecido os filhos.

A imprensa começou a chegar aos poucos à Santa Casa, para onde o candidato foi transferido, em estado de choque, com intensa perda de sangue. Bolsonaro deu entrada, na unidade médica, conforme já noticiou O Cafezinho, às 15h40. O ferimento foi profundo e só ocorreu pelo fato de o candidato não estar usando colete a prova de bala. Os jornalistas, no entanto, só tiveram notícias oficiais dos procedimentos médicos, às 21h, quando teve início a coletiva de imprensa, capitaneada pelo diretor, Renato Villela Loures.

O diretor aproveitou a presença dos jornalistas para alardear a excelência do hospital, em sua descrição, “de grande porte”, com capacidade para 523 leitos e portador do ISO 9000 desde 2015. Enquanto discorria sobre as qualidades da Santa Casa, o grupo de sete médicos, visivelmente tensos, se acalmava para as considerações técnicas acerca do paciente. A primeira informação desse tipo veio do Dr. Cícero Rena, chefe dos cirurgiões, que classificou o ferimento como de “grande porte, com lesões sérias”. Em seguida falou Luiz Henrique Borsato, o cirurgião especializado em aparelho digestivo. Ele descreveu o ferimento como “traumatismo abdominal de arma branca, que teria provocado uma intensa hemorragia, seguida de choque. “Houve três perfurações. Uma no intestino delgado, que necessitou de sutura primária, e, a mais importante, uma perfuração séria no intestino grosso, que provocou um derrame de fezes em vários órgãos”. A cirurgia durou em torno de duas horas.

Este ferimento, classificado pelos médicos como sendo de grande gravidade, levou a equipe a adotar o procedimento de colostomia (bolsa externa coletora de fezes), e uma lavagem com soro de todos os órgãos atingidos. Apesar da lesão transfixante (o golpe de faca) ter sido único, os médicos explicaram que, como os órgãos são superpostos, foram sendo perfurados. “A porta de entrada foi uma só, mas os órgãos atingidos foram três”. De acordo com o médico Glaucio Souza, também presente á coletiva, “o trajeto é que provoca as perfurações”. Ele afirmou também que a cirurgia foi bem-sucedida e o quadro de Bolsonaro “é estável”.

O Dr. Luiz Borsato detalhou o risco de vida do paciente, durante a cirurgia. “Todas as perfurações com arma branca trazem em si o risco de perda de vida”, disse. Em seguida, afirmou que qualquer transferência do paciente só poderá ocorrer depois de amanhã, pela manhã. “Todos os cuidados decorrem, principalmente, da perda sanguínea grave, que foi controlada ao longo da cirurgia”, esclareceu.

Ele acrescentou que o intestino delgado foi “costurado, enquanto o intestino grosso foi limpo e acoplada a colostomia”. O Dr. Luiz previu que o paciente ficará sujeito a usá-la, no mínimo dois meses. De acordo com a equipe médica o trauma das lesões foi muito grave, apesar de Bolsonaro ter reagido bem ao procedimento. A equipe prometeu novas informações para amanhã, às 10h30 e à tarde.

Denise Assis: Denise Assis é jornalista e autora dos livros: "Propaganda e cinema a Serviço do Golpe" e "Imaculada". É colunista do blog O Cafezinho desde 2015.
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