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Notas internacionais (por Ana Prestes) 25/06/19

– Os olhos do mundo estarão voltados para o encontro do G20 no Japão ao final desta semana. O Brasil estará representando pelo presidente Bolsonaro. Um artigo com a assinatura de Bolsonaro consta do livro: “G20 Japão: A cúpula de Osaka, 2019”, organizado pelo professor John Kirton da Universidade de Toronto e lançado na semana […]

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– Os olhos do mundo estarão voltados para o encontro do G20 no Japão ao final desta semana. O Brasil estará representando pelo presidente Bolsonaro. Um artigo com a assinatura de Bolsonaro consta do livro: “G20 Japão: A cúpula de Osaka, 2019”, organizado pelo professor John Kirton da Universidade de Toronto e lançado na semana passada. O texto começa com uma crítica às gestões presidenciais passadas e uma promessa de “resguardar tradições e valores morais”. Animados, os autores do texto ainda colocaram na boca de Bolsonaro: “Um novo Brasil estará em Osaka para participar do G20. Deixamos para trás um período de Estado inchado, ineficiente, corrupto e permissivo com a violência”. Encontra-se também no texto o registro de que o Brasil representado no G20 tratará de quatro questões: defesa do livre comércio; reforma da previdência; combate à corrupção e defesa da redução do protecionismo dos países ricos na agropecuária. Segundo Kirton, organizador do livro, a ausência no texto de Bolsonaro de citações às questões ambientais e climáticas ajuda na cristalização da imagem no exterior de um governo brasileiro que não compartilha dessas preocupações, especialmente com os europeus, e isso pode dificultar ambições brasileiras expressas no mesmo texto, como a de ingressar na OCDE ou fechar o acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia.

– O chefe do Comando Sul das Forças Armadas dos EUA está no Cone Sul. O almirante Craig Faller iniciou ontem (24) uma visita de uma semana (até sexta, 28) ao continente e deve passar por Argentina e Chile. Entre os principais assuntos a serem abordados estão a situação da Venezuela e a presença de Rússia e China na região. A Rússia tem incomodado os americanos principalmente por sua presença na Venezuela e a China instalou no último período, na Patagônia argentina, uma estação especial que possui proteção de segurança máxima. Horas antes do início de sua visita, foi divulgada uma carta enviada por ele às Forças Armadas da Venezuela em que se lê: “suas Forças Armadas (…) tem um papel essencial para o futuro da Venezuela na restauração da esperança e segurança de seu povo (…). Sabemos que agora muitas diferenças nos dividem, mas temos algo em comum que transcende a linguagem, a ideologia e a origem: formamos parte de uma profissão especializadas, somos defensores firmes de nossas nações e protetores de nossa gente”.

– A visita de Faller começou no mesmo dia (24) em que um avião da Força Aérea russa pousou no aeroporto de Maiquetía em Caracas, na Venezuela. Segundo notícias da imprensa, trata-se da mesma aeronave que pousou no país em março passado, dando início a uma série de declarações controversas entre EUA e Rússia na época e que culminou em um encontro entre Lavrov e Pompeo na Finlândia (maio). Nesse mesmo dia também, ontem (24), chegou ao Porto de Havana uma frota de navios da Marinha de Guerra da Federação Russa.

– A diretora executiva financeira da chinesa Huawei continua presa (prisão domiciliar) sob acusação de fraude, feita pelos EUA, no Canadá e ontem (24) seus advogados entraram com uma petição ao ministro da Justiça do Canadá para que reconsidere seu processo de extradição aos EUA. A medida foi vista como consequência de diálogos entre o governo chinês e o governo canadense e caso deferida a suspensão da extradição pode configurar um passo político importante de Trudeau em relação à China, à revelia dos desejos de Trump.

– Uma foto da KCNA, agência estatal de notícias da Republica Popular e Democrática da Coreia, circulou ontem difundida principalmente pela Reuters. Ela mostra o presidente Kim Jong-Un lendo uma carta enviada pelo presidente dos EUA, Donald Trump. A agência também descreveu a reação de Kim à carta ao dizer que o presidente considerou seu “conteúdo excelente”. As conversas entre Kim e Trump estão paralisadas desde a última cúpula em fevereiro em Hanói, Vietnã.
– Foi comemorado no domingo (23) um ano do resgate dos 11 adolescentes tailandeses de uma caverna inundada na Tailândia. Há um ano o mundo inteiro se comoveu ao acompanhar o difícil resgate dos meninos após 18 dias na caverna. A imprensa noticia que está sendo produzido um filme da Netflix sobre o resgate.

– A 23ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, do último domingo (23), foi destaque da imprensa internacional. A marcha teve como lema “50 anos de Stonewall, nossas conquistas, nosso orgulho de ser LGBT”, em referência ao bar nova-iorquino que foi um dos marcos do início do movimento LGBT, e contou com a presença de mais de três milhões de participantes. A imprensa ressalta ainda a recente decisão do STF brasileiro pela criminalização da homofobia.

– A marcha do orgulho LGBT também foi grande em Santiago, no Chile. Realizada pela 19ª vez, no último domingo (23), a parada contou com cerca de 100 mil pessoas. Segundo um informe anual de direitos humanos e diversidade sexual e de gênero chileno, a violência contra lésbicas, gays, bi, trans e intersex (LGBTI) aumentou em 44% no último ano no Chile. Ainda tramita no congresso chileno a Lei do Matrimonio Igualitário e a Lei da Adoção Homoparental, que apesar de contar com grande apoio de parlamentares, não conta com a predisposição das principais lideranças para pautar a votação.

– Em Honduras, em meio a uma onda de protestos contra o governo, o presidente Juan Orlando Hernández recebeu quase 300 marines dos EUA no último final de semana. Segundo o mandatário, a vinda dos militares se destina a execução de “projetos de assistência humanitária” no país como medida paliativa para lidar com efeitos das mudanças climáticas, lembrando que o governo norte-americano não trabalha com a hipótese de “cambio climático”. A chegada dos militares também coincide com a adoção de medidas mais duras por parte de Trump com relação aos migrantes centro-americanos que se deslocam para os EUA via México.

– Enquanto isso, na Guatemala, aumenta a tensão com as denúncias de fraude eleitoral no primeiro turno das eleições realizado no último dia 16 de junho. A denúncia foi feita por Thelma Cabrera, uma liderança indígena que se candidatou pelo MLP – Movimento para a Libertação dos Povos e que surpreendeu pela conquista de apoios durante a campanha eleitoral, pontuando com 10% dos votos, ficando em 4º. lugar. Cerca de 60% da população da Guatemala é indígena, mas Thelma, a etnia maya-man, é a apenas a segunda indígena a disputar a cadeira da presidência. A outra candidata havia sido a prêmio nobel da paz, Rigoberta Menchu. Thelma focou sua campanha na zona rural e entre as comunidades indígenas no campo e agora enfrenta as reações daqueles que tentam desqualificar suas denúncias de fraude, muitas gravadas por aparelhos celulares. Nas redes, um dos haters contra Thelma disse: “Cabrera denuncia fraude porque em 6 anos de escola não aprendeu a contar números”, se referindo ao fato da candidata ter cursado até o 6º. ano primário.

– Na Palestina, começaram ontem as manifestações em Ramallah, Tulkarm, Hebrón, Yatta, Halhou, Nablus, Jenin, Belém e outras cidades contra os planos estadunidenses que serão discutidos hoje e amanhã (25 e 26) em Conferência no Bahrein. Conforme comentei ontem aqui nas notas, trata-se de um plano de 50 bilhões de dólares preparado pelo governo de Trump para o Oriente Médio e que inclui iniciativas para a “dissolução” do conflito entre Israel e Palestina. Deve ser apresentado pelo genro de Trump, Jared Kushner, uma espécie de Eduardo Bolsonaro norte-americano. Nas palavras do ministro de Finanças da Palestina, Shukri Bishara, neste domingo (23), “não precisamos da reunião do Bharein para construir nosso país. Precisamos de paz, e a sequencia (proposta pelo plano) de renascimento econômico seguido por paz é irreal e ilusória”.

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Ana Prestes

Ana Prestes Socióloga, mestre e doutora em Ciência Política pela UFMG. Autora da tese “Três estrelas do Sul Global: O Fórum Social Mundial em Mumbai, Nairóbi e Belém” e do livro infanto-juvenil “Mirela e o Dia Internacional da Mulher”. É membro do conselho curador da Fundação Maurício Grabois, dirigente nacional do PCdoB e atua profissionalmente como assessora internacional e assessora técnica de comissões na Câmara dos Deputados em Brasília.

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Marcio

25/06/2019 - 10h00

A Amazonia è o ultimo dos problemas ambientais do Brasil.

Assim como o problema educacional è a alfabetizaçào o problemas ambientais sào as montanhas de lixo que o brasileiro joga na rua, nos rios, em qualquer canto se encontre em pleno 2019.

O problema è a falta de esgotos, sào os rios poluidos por falta de tratamento dos poucos esgotos que tem, ecc…

O Brasil è um lixào a ceu aberto, a Amazonia è sò um pretesto de propaganda politica par imbècis, como sempre.

Como diz coretamente meu vizinho de casa: “o problema do Brasil è que tem brasileiros demais”.


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