Grau de confiança do Datafolha mostra cenário político ainda fortemente polarizado por renda familiar


O Datafolha divulgou hoje o relatório completo de uma pesquisa que realizou em dezembro, medindo o grau de confiança dos eleitores em personalidades políticas selecionadas.

Eu tabulei os resultados numa tabela única, e fiz algumas simplificações editoriais para oferecer uma visão geral da pesquisa.

Optei por apenas 4 nomes. Dois governistas, da direita: Bolsonaro e Moro. E dois nomes da oposição, da esquerda: Lula e Ciro.

E aqui vai uma crítica construtiva ao Datafolha: inclua o Flavio Dino nessas pesquisas!

A inclusão de Manuela D’Ávila nessa sondagem foi meio nonsense, visto que a ex-deputada não tem nenhuma aspiração (que se saiba) de ser candidata presidencial, ao contrário de Flavio Dino.

A tabela que editamos separou algumas categorias sociais e as seguintes notas: grau de confiança baixo, grau de confiança alto, nota zero e nota 10.

Com isso, temos uma noção melhor sobre os núcleos duros de apoio e rejeição.

Fiz várias marcações em vermelho, para apontar números negativos das personalidades; e também azul, para sinalizar os pontos positivos.

Fiz um gráfico com as notas zero e 10 para os quatro nomes selecionados.

No grafico de nota zero, fica patente que o ex-presidente ainda enfrenta forte rejeição nas categorias de renda média, que começa a partir de dois salários, e dá um salto a partir de 5 salários.

Na faixa com renda de 5 a 10 salários, 41% deram nota zero a Lula; Bolsonaro recebeu apenas 17% de zero nessa faixa; Moro, apenas 13%; Ciro recebeu 21% de nota zero entre esses eleitores.

No gráfico de nota 10, por outro lado, a força de Lula entre eleitores mais pobres permanece imbatível.

Entre os eleitores com renda familiar até 2 salários, 37% deram nota 10 a Lula, ao passo que apenas 12% dos entrevistados dessa faixa deram nota 10 a Bolsonaro, apenas 21% deram 10 a Moro e 7% a Ciro.

Os números mostram um cenário ainda extremamente polarizado por faixa de renda.

Sergio Moro tem muita força entre eleitores que se identificaram como “empresários”: 57% deram notas de confiança alta (9 e 10) para o ministro. Lula, por sua vez, ganhou 85% de notas baixas junto a esse público.

Entre estudantes, a situação se inverte: Lula tem 25% de notas altas, e Moro, apenas 11%.

O grau de confiança de Sergio Moro é alto no Sul, 43% de notas altas (9 e 10), contra 20% do ex-presidente Lula; 27% de Bolsonaro; e apenas 8% de Ciro.

Já no Nordeste, Moro tem 22% de notas altas, contra 49% de Lula, 15% de Bolsonaro e 19% para Ciro.

O ex-presidente Lula não tem uma boa performance entre eleitores sem partido (maioria do eleitorado): nesta categoria, ele ganhou 31% de nota zero, e 64% de notas baixas (0 a 5). Ciro tem 18% de nota zero junto ao eleitor sem partido, e 68% de notas baixas (0 a 5). Bolsonaro e Moro tem 18% e 11%, respectivamente, de notas zero junto a esse mesmo eleitor, e 51% e 38% de notas baixas (0 a 5).

Entre eleitores com nível superior, Lula obteve grau de confiança nível baixo (nota 0 a 5) de 72% dos eleitores; entre eleitores com ensino médio, 55% deram nota baixa ao ex-presidente; apenas 37% daqueles com instrução até o ensino fundamental deu nota baixa a Lula.

Entre estes últimos Lula lidera no ranking de confiança, com 46% de notas altas; ainda olhando apenas para eleitores com escolaridade até o ensino fundamental, Bolsonaro, Moro e Ciro tiveram notas altas de 26%, 34% e 16%, respectiavmente.

Sergio Moro pontua melhor entre eleitores com maior escolaridade: 37% dos entrevistados lhe deram nota alta (9 a 10); 40% lhe deram notas baixas de confiança (0 a 5).

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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