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Comentários sobre a reportagem do Intercept sobre o governo do Maranhão

O Intercept publicou uma reportagem com denúncias contra o governo do Maranhão. Segundo Flavio Dino, governador do estado, ele não foi ouvido. É importante que governos sejam criticados e escrutinizados pela imprensa, por mais progressistas que sejam. Nenhum governo deve ser defendido em nome da “democracia”. Democracia é justamente o contrário: é o ambiente onde […]

5 comentários
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O Intercept publicou uma reportagem com denúncias contra o governo do Maranhão.

Segundo Flavio Dino, governador do estado, ele não foi ouvido.

É importante que governos sejam criticados e escrutinizados pela imprensa, por mais progressistas que sejam. Nenhum governo deve ser defendido em nome da “democracia”. Democracia é justamente o contrário: é o ambiente onde governos podem ser criticados, e onde há liberdade para se criticar e denunciar, mesmo que, eventualmente, haja inconsistências nas críticas e denúncias.

Nesse sentido, a reação de alguns apoiadores de Flavio Dino me pareceu exagerada. A nota do PCdoB também. Os ataques ao Intercept foram desnecessários.

Paranoias e teorias de conspiração, de que o Intercept estaria à serviço de interesses obscuros, não ajudam a responder denúncias; ao contrário, lançam ainda mais confusão sobre toda essa história.

O Intercept, por outro lado, também precisa ser criticado e escrutinizado, como qualquer órgão de imprensa. Tratar qualquer órgão de imprensa como sagrado não é saudável. A imprensa erra, a imprensa tem interesses, a imprensa é humana, e como tal, suscetível ao preconceito, à vaidade, e à ignorância. No entanto, a imprensa é sempre necessária, sobretudo porque é ela que abriga a figura do “jornalista”. Brizola fazia sempre essa distinção: o jornalista, seja qual for o órgão onde trabalha, tem sempre uma inclinação, uma vocação, para o verdadeiro. Este é seu impulso. Se os governos e partidos investirem mais no lado humano do jornalismo, através de políticas públicas que assegurem um pouco mais de independência ao jornalista, teremos um país melhor.

Eu mesmo defendo que se demita um terço dos procuradores, um terço dos juízes, e com o dinheiro sobrante (não quero impor mais custos ao contribuinte) se contratem jornalistas públicos, e se lhes assegurem tanta independência e autonomia como hoje se dá a procuradores e juízes.  Para combater a casta de juízes, delegados, procuradores e fiscais, deveríamos criar uma elite de jornalistas públicos. E isso sem “inchar” o Estado, mas apenas reduzindo salários e privilégios de outras categorias, ou mesmo reduzindo o número de vagas, e transferindo os recursos para uma instituição democrática e independente que assegurasse um base de comunicação digna e confiável.

Entretanto, governos e partidos precisam entender o que é comunicação: é uma guerra, sempre, e isso é bom. Para participar dessa guerra, e vencê-la, é preciso transparência e honestidade.

Se há suspeitas de denúncias infundadas, então é preciso rebater com informação, e acreditar na inteligência do povo.

Ao invés de lamúrias, ataques e teorias de conspiração, que se responda, olho no olho, aos internautas.

Usem a internet!

Dito isto, segue a resposta de Flavio Dino no Twitter às denúncias do Intercept.  Ela me parece sólida e consistente. E se ele não foi ouvido pela reportagem do Intercept, deveria sê-lo.

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Comentários

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Renato A. Danilo

27/02/2020 - 13h29

Flavio Dino só não explica que o dinheiro que paga quase toda (senão toda) folha do estado do Maranhão provem em grande parte dos impostos dos demais estados da federação, como se diz mesmo: pagar conta com a carteira dos outros, não pesa nada no próprio bolso.

Paulo

21/02/2020 - 23h41

A ideia até que é das mais inovadoras: criar cargos públicos a serem preenchidos através de concurso (conclusão minha, pois não imagino outro processo de investidura num cargo desses que não o revestido de meritocracia e isenção seletiva plenas) e dotá-los de garantias profissionais, contemplando uma classe (jornalistas) que, historicamente, se pauta pela subalternidade ao patrão, e, portanto, pelo comprometimento do grau de autonomia, em seu trabalho, tão fundamental para a democracia. Ainda mais quando se sabe ser a imprensa livre garantia da crítica ao poder e da transparência e correição nos negócios públicos. Porém, demitir 1/3 dos juízes e procuradores, implicaria, falando só nos juízes, que se acham assoberbados de trabalho, em algo em torno de 5 mil cargos, somando-se Estados e União. Acho muito, até porque em que funções se poderia empregar tantos jornalistas? Beiraria à sinecura. Mas a ideia, em si, deveria ser estudada, sim, desde que estivéssemos num regime de índole verdadeiramente democrática, o que não é o caso, e desde que cingida a números realistas…Seria assim uma espécie de Ouvidoria da Nação…

    Paulo

    21/02/2020 - 23h49

    Uma Ouvidoria especial, pautada não, exclusivamente, em denúncias, mas em jornalismo crítico espontâneo e periódico, através de veículo próprio, mantido às expensas do Erário…

      Wellington

      22/02/2020 - 05h50

      Sim, tipo Granma…

      É cada uma.

      putin

      22/02/2020 - 11h10

      na italia tem uma tv publica com 3 canais, cada canal é direto por uma vertente politico/ideologica.
      e tem uma autoridade que cronometra o tempo que cada tv (tambem privada) dedica a cada partido, sempre, nao só em horario eleitoral. os tempos tem que ser iguais se nao é multa milionaria e cadeia.
      isto é uma forte limitaçao á liberdade de imprensa mas é necessario para garantir a liberdade do cidadao de ser informado de maneira justa e completa.
      a “liberdade de imprensa” pura só garante a vitoria da propaganda da elite, come é agora aqui.


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