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PUTIN: as verdadeiras lições do 75° aniversário da 2ª G.M.

Em extenso artigo publicado na quinta-feira (18), o presidente russo Vladimir Putin analisa o legado e aprendizados deixados pela Segunda Guerra Mundial. No artigo, Putin acusa potências ocidentais de satisfazerem a Alemanha Nazista e assinar o Acordo de Munique em 1938 com o intuito de induzir a potência alemã e o Estado soviético a entrarem […]

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Foto: CNN

Em extenso artigo publicado na quinta-feira (18), o presidente russo Vladimir Putin analisa o legado e aprendizados deixados pela Segunda Guerra Mundial.

No artigo, Putin acusa potências ocidentais de satisfazerem a Alemanha Nazista e assinar o Acordo de Munique em 1938 com o intuito de induzir a potência alemã e o Estado soviético a entrarem em conflito.

Putin denuncia que a Europa (e a Polônia, em particular) estariam, nos dias de hoje, tentando “varrer a ‘Traição de Munique’ para debaixo do tapete”.

O presidente defendeu a assinatura da União Soviética do pacto de Molotov-Ribbentrop, um tratado de não-agressão que desencadeou hostilidades em 1939 e precedeu a divisão da Polônia entre o regime nazista e a URSS.

O líder russo também buscou explicar e compreender contradições da URSS, munido de arquivos históricos que o próprio define como “essenciais” para se constituir quaisquer argumentos sobre a natureza da Segunda Guerra Mundial.

Apesar da insatisfação deflagrada ao longo do texto com o que chama de “hipocrisia” e “desrespeito” de potências ocidentais com fatos históricos, Putin argumenta que, dentre as lições da Segunda Guerra Mundial, a importância da ordem mundial estabelecida após o conflito relaciona-se intimamente com os aprendizados e lições deixados pela Guerra.

O artigo, escrito em inglês, vem dias antes de planos russos de celebrar o desfile do “Dia da Vitória” no dia 24 de junho.

Trata-se de peça histórica que merece atenciosa leitura.

Confira a íntegra da tradução abaixo.

As verdadeiras lições do 75° aniversário da Segunda Guerra Mundial

Setenta e cinco anos passaram desde o fim da Grande Guerra Patriótica.

Várias gerações cresceram ao longo dos anos. O mapa político do planeta mudou. A União Soviética, que reivindicou uma vitória épica e esmagadora sobre o Nazismo, salvando o mundo inteiro, foi-se.

Além disso, os eventos da guerra há muito viraram uma distante memória, mesmo para seus participantes.

Então, por que a Rússia celebra o 9 de maio como seu maior feriado? Por que a vida “para” no dia 22 de junho? Por que sentimos um entrave subir à garganta?

Costumam dizer que a guerra deixou profundas marcas na história de todas as famílias. Detrás destas palavras, há os destinos de milhões de pessoas, seus sofrimentos e a dor da perda. Detrás destas palavras, há, também, orgulho, a verdade e a memória.

Para meus pais, a guerra significou as terríveis provocações ao cerco do Leningrado, onde meu irmão de dois anos Vitya morreu.

Foi o lugar onde minha mãe milagrosamente sobreviveu. Meu pai, apesar de isento da obrigação, voluntariou-se para defender sua cidade natal.

Ele tomou a mesma decisão que milhões de cidadãos soviéticos. Lutou na Ponte de Nevsky Pyatachok e foi severamente ferido.

E, quanto mais anos passam, mais sinto a necessidade de falar com meus pais e aprender mais sobre o período de guerra de suas vidas.

Contudo, não tenho mais essa oportunidade. Esta é a razão por que resguardo em meu coração aquelas conversas que tive com meus pais sobre o assunto, como a pouca emoção que mostravam.

Pessoas da minha idade, e acredito que seja importante para nossos filhos, netos e bisnetos, entendem o tormento e dificuldades que seus ancestrais enfrentaram.

Precisam entender como seus ancestrais conseguiram persistir e vencer.

De onde veio sua rígida e firme força de vontade que impressionou e fascinou o mundo niteiro?

Claro, estavam defendendo seus lares, seus filhos, pessoas amadas e familiares.

Contudo, o que compartilhavam era o amor por sua terra natal, por sua Pátria.

Aquele sentimento íntimo e profundo é totalmente refletido na pura essência de nossa nação e tornou-se em um dos fatores decisivos em sua heróica e sacrificial luta contra os nazistas.

Pergunto-me com frequência: “o que as gerações de hoje fariam? Como agirão quando confrontadas com uma situação de crise?”

Vejo jovens médicos, enfermeiras, às vezes novos estudantes que vão à “zona vermelha” salvar vidas.

Vejo nossos militares enfrentarem o terrorismo internacional no Cáucaso e até amargarem seu fim na Síria.

São tão jovens. Muitos militares que eram parte da lendária e imortal 6ª Companhia Paraquedista tinham apenas 19 e 20 anos.

Mas todos provaram-se dignos de herdar os feitos de guerreiros de nossa terra natal, que defenderam durante a Grande Guerra Patriótica.

É por isso que estou confiante de que uma das características dos povos da Rússia é a de completar seu dever sem sentir pena de si mesmo quando as circunstâncias assim demandam.

Tais valores de altruísmo, patriotismo, amor por seu lar, família e Pátria seguem fundamentais e integrais para a sociedade russa até hoje.

Tais valores são, em grande escala, a espinha dorsal da soberania de nosso país.

Hoje em dia, temos novas tradições criadas pelo povo, como o Regimento Imortal.

Essa é a marcha da memória que simboliza nossa gratidão, bem como as vívidas conexões e os vínculos sanguíneos entre gerações.

Milhões de pessoas vão às ruas carregando fotografias de seus parentes que defenderam sua Pátria e derrotaram os nazistas.

Isto significa que suas vidas, seus sacrifícios e desafios, bem como a vitória que nos deixaram, jamais serão esquecidas.

Temos uma responsabilidade com nosso passado e nosso futuro de fazer o máximo para impedir que aquelas terríveis tragédias aconteçam novamente.

Portanto, senti-me compelido a escrever um artigo sobre a Segunda Guerra Mundial e a Grande Guerra Patriótica.

Discuti esta ideia em várias ocasiões com outros líderes mundiais e todos demonstraram apoio.

Na cúpula da Comunidade dos Estados Independentes, no fim do ano passado, todos concordamos em uma coisa: é essencial passar às futuras gerações a memória do fato de que nazistas foram derrotados primeiro e principalmente pelo povo soviético e que representantes de todas as repúblicas da União Soviética lutaram lado a lado naquela heróica batalha, tanto na linha de frente quanto na retaguarda.

Naquela cúpula, também falei com meus colegas sobre os desafios do período pré-guerra.

Aquela conversa causou um rebuliço na Europa e no mundo. Significa que é de fato tempo de revisitarmos as lições do passado.

Ao mesmo tempo, houve muitas reações emocionadas, inseguranças pobremente disfarçadas e exageradas acusações na sequência.

Agindo por hábito, certos políticos ocidentais se precipitaram em declarar que a Rússia tentava “reescrever a história”.

Contudo, falharam em sustentar um mísero fato ou refutar um simples argumento.

É, de fato, difícil, isso se não for impossível, discutir com documentos originais que, a propósito, não só podem ser encontrados em arquivos russos como em arquivos estrangeiros.

Portanto, há uma necessidade de examinar mais profundamente as razões que causaram a guerra mundial e refletir sobre seus complicados eventos, tragédias e vitórias, bem como suas lições, tanto para nosso país quanto para o mundo inteiro.

Como disse, é crucial que nos sustentemos exclusivamente sobre documentos arquivados e evidência comtemporânea enquanto evitamos quaisquer especulações políticas ou ideológicas.

Gostaria de mais uma vez chamar atenção para um fato óbvio.

As causas raízes da Segunda Guerra Mundial derivam principalmente de decisões feitas após a Primeira Guerra Mundial.

O Tratado de Versalhes virou um símbolo de grave injustiça para a Alemanha.

Ele basicamente insinuava que o país deveria ser roubado, forçado a pagar enormes reparações a aliados ocidentais que sugavam sua economia.

O marechal Ferdinand Foch, que serviu como Comandante Aliado Supremo, fez profética declaração sobre o Tratado: “isto não é paz. É uma trégua de vinte anos”.

Foi a humilhação nacional que se transformou em território fértil para sentimentos radicais de vingança na Alemanha.

Os nazistas, de forma competente, jogaram com as emoções do povo e construíram sua propaganda prometendo salvar a Alemanha do “Legado de Versalhes” e restaurar a condição de potência da Alemanha enquanto motivavam os alemães a irem à guerra.

Paradoxalmente, os Estados ocidentais, particularmente o Reino Unido e os Estados Unidos, direta ou indiretamente contribuíram para isso.

Seus empreendimentos financeiros e industriais ativamente investiram em fábricas e projetos de produtos militares da Alemanha.

Além disso, muitas pessoas na aristocracia e no establishment político apoiaram movimentos radicais e de extrema direita que cresciam na Alemanha e na Europa.

A “Ordem Mundial de Versalhes” causou várias controvérsias implícitas e conflitos aparentes. Giravam em torno das fronteiras dos novos Estados europeus arbitrariamente decididos pelos vencedores da Primeira Guerra.

Esta delimitação territorial foi quase imediatamente seguida por disputas territoriais e mútuas declarações que se transformaram em bombas relógio.

Uma das grandes consequências da Primeira Guerra mundial foi o estabelecimento da Liga das Nações.

Havia grandes expectativas de que a organização internacional garantiria a paz duradoura e segurança coletiva.

Era uma ideia progressista que, se seguida consistentemente, poderia prever o horror que era a ocorrência de outra guerra global.

Contudo, a Liga das Nações dominada pelas potências vencedoras da França e do Reino Unido provou-se inefetiva e foi varrida por discussões vãs.

A Liga das Nações e o continente europeu em geral ensurdeceram-se diante dos repetidos chamados da União Soviética para se estabelecer um sistema securitário igualitário e coletivo e se assinar um pacto da Europa oriental e um pacto do Pacífico para impedir agressões. Estas propostas foram desconsideradas.

A Liga das Nações também fracassou em impedir conflitos em várias partes do mundo, como o ataque da Itália na Eitópia, a guerra civil na Espanha, a agressão japonesa contra a China e a anexação da Áustria pela Alemanha nazista.

Além disso, a respeito da Traição de Munique, ao lado de Hitler e Mussolini, líderes britânicos e franceses, a Tchecolosváquia foi dividida com a completa aprovação da Liga das Nações.

Gostaria de levantar que, a respeito disso, diferente de muitos líderes europeus na época, Stalin não se humilhou reunindo-se com Hitler, que era conhecido entre nações ocidentais como um político “de reputação” e um convidado “bem vindo” em capitais europeias.

A Polônia também foi envolvida na divisão da Tchecolosváquia com a Alemanha.

Decidiram, juntos, quem ficaria com quais territórios tchecos.

Em 20 de setembro de 1938, o embaixador polonês da Alemanha Józef Lipski reportou ao Ministério de Relações Exteriores da Polônia as seguintes ponderações feitas por Hitler:

“… em caso de conflito entre Polônia e Tchecolosváquia sobre nossos interesses em Teschen, o Reich ficaria ao lado da Polônia”.

O líder nazista chegou a sugerir que a Polônia começaria a agir “apenas após os alemães ocuparem os Sudetos”.

A Polônia estava ciente de que, sem o apoio de Hitler, seus planos de anexação estavam fadados ao fracasso.

Gostaria de citar a respeito disso um registro da conversa entre o embaixador Alemão de Varsóvia Hans-Adolf von Moltke e Józef Beck que ocorreu em 1° de outubro de 1938 e que focou nas relações tcheco-polonesas e a posição da URSS sobre o tópico.

Diz: “O sr. Beck expressou verdadeira gratidão pelo leal tratamento em concordância com os interesses da Polônia na Conferência de Munique, bem como pela sinceridade em nossas relações durante o conflito tcheco.

A atitude do Führer e Chanceler foi completamente apreciada pelo Governo e o povo da Polônia”.

A divisão da Tchecolosváquia foi brutal e cínica.

Munique destruiu mesmo as garantias formais e frágeis que mantiveram-se no continente.

Mostrou que acordos mútuos não valem nada.

Foi a Traição de Munique que serviu como “gatilho” e fez a grande guerra na Europa inevitável.

Hoje, políticos europeus e líderes poloneses em particular tentam varrer a Traição de Munique para debaixo do tapete.

Por quê? O fato de que seus países quebraram seus compromissos e apoiaram a Traição de Munique, com alguns deles até mesmo tentando aumentar a divisão, não é a única razão.

Outra é que é “um pouco” constrangedor lembrar que, durante os dramáticos dias de 1938, a União Soviética era a única a ficar ao lado da Tchecolosváquia.

A União Soviética, em harmonia com suas obrigações internacionais, incluindo acordos com a França e a Tchecolosváquia, tentou impedir a tragédia de ocorrer.

Enquanto isso, a Polônia, em busca de seus interesses, fazia seu máximo para dificultar o estabelecimento de um sistema de segurança coletivo na Europa.

O Ministro das Relações exteriores polonês, Jozéf Beck, escreveu sobre isso diretamente em sua carta de 19 de setembro de 1938, ao supramencionado Józef Lipski, antes de sua reunião com Hitler:

“… no ano passado, o governo polonês rejeitou por quatro vezes a proposta de se juntar à intervenção internacional em defesa da Tchecolosváquia”.

O Reino Unido, como a França, que na época era o principal aliado dos tchecos e eslovacos, escolheu remover seu aval e abandonar a nação oriental europeia à própria sorte.

Ao fazer isso, buscaram dirigir a atenção dos nazistas ao oriente para que a Alemanha e a União Soviética inevitavelmente se enfrentassem e sangrassem até a morte.

Esta é a essência da política ocidental de apaziguamento, que foi perseguida não apenas pelo terceiro Reich, mas também por outros participantes do chamado Pacto Anti-Comintern – a Itália facista e o Japão militarista.

No extremo oriente, esta política culminou na conclusão do acordo anglo-japonês no verão de 1939, que deu a Tóquio “carta branca” na China.

As potências europeias eram resistentes em reconhecer o perigo mortal representado pela Alemanha e seus aliados no mundo inteiro.

Elas contavam com serem intocadas pela guerra.

A Traição de Munique mostrou à União Soviética que países ocidentais lidariam com questões securitárias sem levar os interesses soviéticos em consideração.

Na verdade, chegariam a criar uma frente anti-Soviética, se necessário.

De todo modo, a União Soviética fez o máximo para usar todas as chances de criar uma coalizão anti-Hitler.

Apesar – direi novamente – da dupla negociação por parte dos países ocidentais.

Por exemplo, serviços de inteligência reportavam à liderança soviética informações detalhadas sobre bastidores de contatos entre Reino Unido e Alemanha no verão de 1939.

A parte importante é que esses contatos eram relativamente ativos e praticamente coincidiram com as negociações tripartidárias entre França, Reino Unido e URSS, que eram, ao contrário, deliberadamente prolongadas pelos parceiros ocidentais.

Nesta conexão, citarei um documento dos arquivos britânicos. Ele contém instruções à missão militar britânica que chegou a Moscou em agosto de 1939.

Ela declara diretamente que a delegação deveria dar procedência bastante lenta às negociações e que o governo do Reino Unido não estava pronto para assumir quaisquer obrigações estabelecidas detalhadamente ou limitar sua liberdade de ação sob quaisquer circunstâncias.

Apontarei ainda que, diferente das delegações francesa e britânica, a delegação soviética era liderada pelos principais comandantes do Exército Vermelho, que tinham a autoridade necessária para “assinar uma convenção militar sobre a organização da defesa da Inglaterra, França e URSS contra agressões na Europa”.

A Polônia exerceu papel fracassado naquelas negociações conforme não quisesse ter quaisquer obrigações com o lado soviético.

Mesmo sob pressão de seus aliados ocidentais, as lideranças polonesas rejeitaram a ideia de ação conjunta com o Exército Vermelho para lutar contra o Wehrmacht (forças de defesa nazistas).

Foi apenas quando aprenderam da chegada de Ribbentrop a Moscou que J. Beck relutante e indiretamente, através de diplomatas franceses, informou os soviéticos: “… no evento de ação conjunta contra agressão alemã, cooperação entre Polônia e a URSS não está fora de questão, em circunstâncias técnicas que ficam por serem acordadas”.

Ao mesmo tempo, explicou a seus colegas: “… concordei com este acordo apenas taticamente, e nossa posição central em relação à União Soviética segue a mesma”.

Nestas circunstâncias, a União Soviética assinou o pacto de não-agressão com a Alemanha.

Era praticamente a última das nações europeias a fazê-lo.

Além do quê, fora feito frente à real ameaça de guerra em duas frentes – com a Alemanha no ocidente e com o Japão no oriente, onde intensos conflitos no rio de Khalkhin Gol já aconteciam.

Stalin e sua comitiva, de fato, merecem muitas acusações legítimas.

Lembramos os crimes cometidos pelo regime contra seu próprio povo e o horror das repressões em massa.

Em outras palavras, há muitas coisas pelas quais os líderes soviéticos podem ser reprovados, mas pouca compreensão acerca da natureza de ameaças externas não é uma delas.

Eles viram como eram feitas tentativas de deixar a União Soviética sozinha para lidar com a Alemanha e seus aliados.

Com esta ameaça real em mente, buscaram comprar precioso tempo necessário para fortalecer as defesas do país.

Hoje em dia, ouvimos muitas especulações e acusações contra a Rússia moderna em conexão com o Pacto de Não Agressão assinado na época.

Sim, a Rússia é o Estado legal sucessor da URSS, e o período soviético – com todos seus triunfos e tragédias – é uma inalienável parte de nossa história milenar.

Contudo, lembremos que a União Soviética providenciou uma avaliação legal e moral do chamado “Pacto de Molotov-Ribbentrop”.

O Soviete Supremo da União Soviética (corpo legislativo da URSS), em sua resolução de 24 de dezembro de 1989, oficialmente denunciou os protocolos secretos como “um ato de poder pessoal” que de maneira alguma refletiam “a vontade do povo soviético que não tem responsabilidade por esse conluio”.

Ainda assim, outros Estados preferem esquecer os acordos que carregam assinaturas de nazistas e de políticos ocidentais, sem falar de não existirem avaliações críticas, legais ou políticas de tais associações de cooperação, incluindo a aquiescência silenciosa – ou mesmo a cumplicidade direta – de políticos europeus diante dos bárbaros planos dos nazistas.

É válido lembrar a cínica frase dita pelo embaixador polonês na Alemanha J. Lipski durante sua conversa com Hitler em 20 de setembro de 1938.

“… por resolver o problema com os judeus, nós [os poloneses] vamos honrá-lo … com esplêndido monumento em Varsóvia”.

Além disso, nós não sabemos se há “protocolos” secretos ou anexos a acordos de vários países com os nazistas.

A única coisa que nos resta fazer é tomar sua palavra como verdadeira.

Em particular, materiais pertinentes a segredos em conversas do Reino Unido com a Alemanha ainda não foram desclassificados.

Portanto, incitamos todos os Estados a agilizar o processo de deixar públicos seus arquivos e publicar documentos previamente desconhecidos sobre os períodos de guerra e pré-guerra – como a Rússia fez em anos recentes.

Contextualmente, estamos prontos para ampla cooperação e pesquisa conjunta de projetos envolvendo historiadores.

Mas voltemos aos eventos imediatamente precedentes à Segunda Guerra Mundial.

Era ingênuo acreditar que Hitler, após a Tchecoslováquia, não faria novas expansões territoriais.

Desta vez as acusações envolvem sua recente cumplicidade com a divisão da Tchecoslováquia – Polônia.

Aqui, o legado de Versalhes, particularmente o que resultou no Corredor Polonês, seria usado novamente como pretexto.

A culpa pela tragédia que a Polônia sofreu é inteiramente da liderança polonesa, que impediu a formação de uma aliança militar entre Reino Unido, França e União Soviética e contou com a ajuda de suas parcerias ocidentais, atirando seu próprio povo debaixo do rolo compressor da máquina de destruição de Hitler.

A ofensiva alemã foi montada em completa concordância com a doutrina do blitzkrieg.

Apesar da heroica e feroz resistência do exército polonês, no dia 8 de setembro de 1939 – apenas uma semana após a guerra começar – as tropas alemãs aproximavam-se de Varsóvia.

Em 17 de setembro, os líderes militares e políticos da Polônia tinham fugido para Romania, abandonando seu povo, que continuou a lutar contra os invasores.

A esperança da Polônia por ajuda de seus aliados ocidentais foi em vão.

Após a guerra contra a Alemanha ser declarada, as tropas francesas avançaram apenas algumas dezenas de quilômetros adentro do território alemão.

Tudo parecia uma mera demonstração de ação vigorosa.

Além do mais, o Supremo Conselho de Guerra Anglo-Francês, em sua primeira plenária no 12 de setembro de 1939 na cidade francesa de Abbeville, decidiu cancelar a ofensiva toda devido aos rápidos acontecimentos na Polônia.

O que o Reino Unido e a França fizeram foi um gritante ato de traição de suas obrigações com a Polônia.

Em seguida, durante os julgamentos de Nuremberg, generais alemães explicaram seu rápido sucesso no oriente europeu.

O ex-chefe de operações do alto comando das forças armadas da Alemanha, general Alfred Jodl, admitiu: “… nós não sofremos a derrota em 1939 apenas porque aproximadamente 110 divisões francesas e britânicas estacionaram no ocidente contra 23 divisões alemãs durante nossa guerra com a Polônia e ficaram absolutamente alheias à situação”.

Eu pedi a recuperação de arquivos de todos os materiais pertinentes a contatos entre a URSS e a Alemanha nos dramáticos dias de agosto e setembro de 1939.

De acordo com os documentos, o parágrafo 2 do Protocolo Secreto do Pacto de Não Agressão Alemão-Soviético de 23 de agosto de 1939 estabelecia que, no evento de reorganização político-territorial dos distritos compondo o Estado polonês, a fronteira das esferas de interesse das duas nações estariam “aproximadamente ao lado dos rios Narew, Vistula e San”.

Em outras palavras, a esfera de influência soviética incluiu não apenas os territórios que eram lar para as populações ucraniana e bielorussa como os históricos territórios poloneses no interflúvio dos rios Vistula e Bug Ocidental.

Este fato é sabido por pouquíssimos hoje em dia.

Similarmente, pouquíssimos sabem que, imediatamente após o ataque na Polônia, nos primeiros dias de setembro de 1939, Berlim forte e repetidamente convocou Moscou a participar de uma ação militar.

Contudo, a liderança soviética ignorou esses chamados e planejou evitar participar de desenvolvimentos dramáticos por tanto tempo quanto possível.

Foi apenas quando ficou absolutamente claro que a Grã-Bretanha e a França não iam ajudar seu aliado e Wehrmacht rapidamente ocuparia a Polônia inteira e, portanto, apareceria nas proximidades de Minsk, que a União Soviética enviou, na manhã de 17 de setembro, unidades do Exército Vermelho nas chamadas “fronteiras orientais”, que hoje compõem parte de territórios da Bielorússia, da Ucrânia e da Lituânia.

Obviamente, não havia alternativa.

Do contrário, a URSS enfrentaria riscos crescentes seríssimos porque – direi novamente – a antiga fronteira soviete-polonesa era a apenas algumas dezenas de quilômetros de Minsk.

O país entraria na inevitável guerra com os nazistas em posições estrategicamente muito desvantajosas, enquanto milhões de pessoas de diferentes nacionalidades, incluindo judeus vivendo próximos a Brest e Grodno, Przemyśl, Lvov e Wilno, morreriam nas mãos dos nazistas e seus aliados locais – antisemitas e nacionalistas radicais.

O fato de que a União Soviética buscava evitar entrar em combate no crescente conflito por tanto tempo quanto possível e evitava lutar ao lado da Alemanha foi a razão por que o contato real entre tropas soviéticas e alemãs ocorreu muito mais a leste do que os territórios acordados nos protocolos secretos.

Não era no rio Vistula, mas perto da chamada Linha Curzon, que em 1919 era compreendida pela Tríplice Entente como a fronteira oriental da Polônia.

Como é sabido, não há qualquer ponto em usar o subjuntivo conforme falemos de eventos passados.

Apenas diria que, em setembro de 1939, a liderança soviética teve uma oportunidade de mover as fronteiras ocidentais da URSS ainda mais ao ocidente, até Varsóvia, mas decidiu não fazê-lo.

Os alemães sugeriram formalizar o novo status quo.

Em 28 de setembro de 1939, Joachim von Ribbentrop e V. Molotov assinaram em Moscou o Pacto de Não Agressão Germano-Soviético, bem como o protocolo secreto para modificar as fronteiras do Estado, de acordo com o reconhecimento da fronteira na linha de demarcação onde dois exércitos de-facto estivessem.

Em outono de 1939, a União Soviética, satisfazendo seus objetivos estratégicos militares e de defesa, iniciaram o processo de incorporação da Latívia, Lituânia e Estônia.

Sua ascensão à URSS foi implementada numa base contratual, com o consentimento das autoridades eleitas.

Isto foi feito em linha com leis internacionais e nacionais da época.

Além disso, em outubro de 1939, a cidade de Vilna e regiões ao redor, que tinham previamente sido parte da Polônia, foram devolvidas à Lituânia.

As repúblicas bálticas dentro da URSS preservaram seus corpos governamentais, idiomas e tiveram representações nas altas estruturas estatais da União Soviética.

Durante todos esses meses, houve um constante e invisível embate político-militar e diplomático e trabalhos de serviços de inteligência.

Moscou entendeu que estava confrontando um cruel e ardil inimigo, e que uma guerra secreta contra o nazismo já estava acontecendo.

E não há razão para se levar declarações oficiais e notas protocolares formais da época como prova de “amizade” entre a URSS e a Alemanha.

A União Soviética tinha ativo comércio e contato técnico não apenas com a Alemanha, mas com todos os países.

Enquanto Hitler tentava, de novo e de novo, levar a União Soviética ao confronto da Alemanha com o Reino Unido.

Mas o governo soviético manteve-se firme.

A última tentativa de persuadir a URSS para agir conjuntamente foi feita por Hitler durante a visita de Molotov a Berlim em novembro de 1940.

Mas Molotov habilmente seguiu as instruções de Stalin e restringiu-se a uma discussão geral da ideia alemã sobre a União Soviética entrar no Pacto do Eixo assinado pela Alemanha, Itália e Japão em setembro de 1940 e voltado contra o Reino Unido e os Estados Unidos.

Não é surpresa que já no dia 17 de novembro Molotov deu as seguintes instruções ao representante plenipotenciário em Londres Ivan Maisky:

“Para sua informação… nenhum acordo foi assinado, tampouco há intenção de que seja assinado em Berlim. Apenas trocamos nossos pontos de vista em Berlim… e foi tudo… aparentemente, os alemães e japoneses estão ansioso para nos empurrar rumo ao Golfo e à índia. Nós rejeitamos a discussão sobre este assunto por considerarmos semelhante sugestão por parte da Alemanha inapropriada”.

E em 25 de novembro, a liderança soviética concluiu oficialmente colocando à frente de Berlim condições que eram inaceitáveis para os nazistas, inclusive a remoção de tropas alemãs da Finlândia, tratado de assistência mútua entre Bulgária e URSS e muitas outras.

Então, deliberadamente excluiu qualquer possibilidade de participar do Pacto.

Tal posição definitivamente moldou as intenções do Fuehrer de deflagrar uma guerra contra a URSS.

E já em dezembro, pondo de lado os avisos de seus estrategistas sobre o periogo desastroso de ter uma guerra de duas frentes, Hitler aprovou o Plano Barbarossa.

Ele o fez com o conhecimento de que a União Soviética era a maior força que lhe opunha na Europa e que a batalha vindoura ao leste decidiria o resultado da guerra mundial.

E ele não tinha dúvidas acerca da agilidade e sucesso das campanhas de Moscou.

E aqui gostaria de destacar o seguinte: países ocidentais, de fato, concordaram com as ações soviéticas e reconheceram a intenção da União Soviética de garantir sua segurança nacional.

Deveras, em 1° de outubro de 1939, Winston Churchill, o Primeiro Lord de Almirantado da época, em seu discurso no rádio, disse:

“Rússia perseguiu uma fria política de interesse próprio… Mas que os exércitos russos devem se manter nesta linha [a nova fronteira ocidental] é claramente necessário para a segurança da Rússia contra a ameaça nazista”.

Em 4 de outubro de 1939, falando na Câmara dos Lordes, a Secretária de Assuntos Externos Britânicos Halifax disse “… deve ser recordado que as ações do governo soviético eram de mover a fronteira essencialmente para a linha recomendada na Conferência de Versalhes por Lord Curzon… apenas cito fatos históricos e acredito serem indisputáveis”.

O proeminente político e estadista britânico D. Lloyd George enfatizou: “os exércitos russos ocuparam os territórios que não são poloneses e que foram forçadamente tomados pela Polônia após a Primeira Guerra Mundial… seria um ato de insanidade criminosa elencar o avanço russo como igual ao alemão”.

Em comunicações informais com o representante plenipotenciário Maisky, diplomatas britânicos e políticos de alto calibre falaram ainda mais abertamente.

Em 17 de outubro de 1939, o subsecretário de Estado para assuntos exteriores R.A. Butler confidenciou-lhe acreditar que círculos do governo britânico acreditavam não poder haver questionamento acerca de retornar a Ucrânia ocidental e a Bielorússia à Polônia.

De acordo com ele, se fosse possível criar uma Polônia etnográfica de tamanho modesto com uma garantia não só da URSS e da Alemanha, mas também do Reino Unido e da França, o governo britânico se daria por muito satisfeito.

Em 27 de outubro de 1939, o conselheiro sênior de Chamberlain, H. Wilson, disse que a Polônia tinha de ser restaurada como um Estado independente sobre suas bases etnográficas, mas sem a Ucrânia ocidental e a Bielorrússia.

É válido notar que no curso dessas conversas as possibilidades de melhorar as relações britânico-soviéticas também estavam sendo exploradas.

Estes contatos em grande escala estabeleceram a fundação para a futura aliança e coalizão anti-Hitler.

Churchill destacou-se entre outros responsáveis políticos de visão aguçada e, apesar de seu famigerado desgosto pela URSS, mostrou-se a favor da cooperação com soviéticos desde antes.

Em maio de 1939, ele disse na Casa dos Comuns do Reino Unido:

“Nós podemos estar em perigo mortal se falharmos em criar uma grande aliança contra agressões. A pior insanidade seria expurgar qualquer cooperação natural com a Rússia soviética”.

E após o início das hostilidades na Europa, em sua reunião em Maisky em 6 de outubro de 1939, ele confessou que não havia sérias contradições entre o Reino Unido e a URSS e, portanto, não havia razão para relações insatisfatórias.

Ele também mencionou que o governo britânico empolgava-se em desenvolver relações comerciais e dispunha-se a discutir quaisquer medidas que pudessem melhorar as relações dos Estados.

A Segunda Guerra Mundial não aconteceu da noite para o dia, nem começou inesperadamente ou repentinamente.

A agressão alemã contra a Polônia não veio “do nada”.

Foi o resultado de um número de tendências e fatores da política mundial da época.

Todos os eventos pré-guerra encaixarem-se em um lugar para formar uma corrente fatal.

Mas, sem dúvida, os principais fatores que predeterminaram a maior tragédia na história da humanidade foram egoísmo estatal, covardia, conciliação com um agressor que se fortalecia e a falta de vontade das elites políticas em encontrar uma resolução.

Portanto, é injusto afirmar que a visita de dois dias a Moscou do ministro nazista de relações exteriores Ribbentrop foi a principal razão para a Segunda Guerra Mundial.

Todas as nações líderes são, em alguma escala, responsáveis pela deflagração da guerra.

Cada uma cometeu erros fatais, arrogantemente acreditando que poderiam se sobressair a seus pares, assegurar vantagens unilaterais para si próprios ou manter-se alheios à iminente catástrofe mundial.

E esta falta de visão, a recusa em criar um sistema de segurança coletivo, custou milhões de vidas e tremendas perdas.

Dito isto, eu, de forma alguma, tenho a intenção de tomar o papel de um juiz, de acusar ou condenar alguém, tampouco iniciar uma nova rodada de confrontações informativas internacionais no histórico campo que pode colocar países a trocarem cabeçadas.

Acredito que sejam academias com ampla representação de cientistas respeitados de diferentes países do mundo que deveriam pesquisar por uma análise equilibrada do que ocorreu.

Todos precisamos da verdade e da objetividade.

De minha parte, sempre encorajei meus colegas a construírem um calmo, aberto e sincero diálogo, a olhar a um passado comum de maneira autocrítica e não enviesada.

Tal abordagem fará possível que não se repitam erros cometidos no passado e garantirá desenvolvimentos pacíficos e de sucesso nos anos por vir.

Contudo, muitos de nossos parceiros não estão prontos para trabalhar em conjunto.

Ao contrário, perseguindo seus objetivos, aumentam o número e o escopo de ataques informativos a nosso país, tentando fazer-nos providenciar desculpas e sentirmo-nos culpados, e reproduzindo graves e hipócritas declarações politicamente motivadas.

Por exemplo, a resolução da Importância da lembrança europeia para o futuro da Europa aprovada pelo Parlamento Europeu em 19 de setembro de 2019 diretamente acusou a URSS, junto com a Alemanha nazista, de iniciarem a Segunda Guerra Mundial.

Não é preciso dizer que não há menção a Munique nem nada parecido na resolução.

Acredito que tal “página” – pois não posso chamar esta resolução de documento – que é claramente feita para provocar um escândalo esteja cheia de ameaças reais e perigosas.

De fato, foi adotada por uma instituição altamente respeitável.

E o que isso mostra?

Lamentavelmente, revela uma política deliberadamente voltada a destruir a ordem mundial pós-guerra, cuja criação foi uma questão de honra e responsabilidade de Estados de representantes que votam hoje a favor desta enganosa resolução.

Assim, desafiaram as conclusões do tribunal de Nuremberg e os esforços da comunidade internacional de criar as vitoriosas instituições internacionais de 1945.

Deixe-me lembrá-lo a respeito disso de que o próprio processo de integração europeia levando ao estabelecimento de estruturas relevantes, incluindo o Parlamento Europeu, tornou-se possível apenas graças às lições aprendidas do passado e sua precisa avaliação política e legal.

E aqueles que deliberadamente põem este consenso em questão atentam contra as fundações de toda a Europa pós-guerra.

Além de representar uma ameaça aos princípios fundamentais desta ordem mundial, isto também levanta problemas éticos e morais.

Insultar e desrespeitar a memória é medíocre.

A mediocridade pode ser deliberada, hipócrita e basicamente intencional, como na situação quando declarações comemorando 75° aniversário do fim da segunda guerra mundial mencionam todos os participantes da coalizão anti-Hitler exceto a União Soviética.

A mediocridade pode ser covarde, como na situação em que monumentos erguidos em honra daqueles que lutaram contra o nazismo são demolidos, e estes vergonhosos atos são justificados com falsos slogans da luta contra uma ideologia mal-vinda e alegada ocupação.

A mediocridade também pode ser sangrenta, como na situação em que aqueles que se erguem contra neo-nazistas e sucessores de Bandera são mortos e queimados.

Novamente, a mediocridade pode ter diferentes manifestações, mas isto não lhe deixa menos asquerosa.

Negligenciar as lições da história inevitavelmente leva a uma consequência árdua.

Nós vamos firmemente manter a verdade baseada em fatos historicamente documentados.

Nós cnotinuaremos a sermos honestos e imparciais sobre os eventos da Segunda Guerra Mundial.

Isto inclui um projeto de grande escala para estabelecer a maior coleção de arquivos armazenados da Rússia, com materiais fotográficos e audiovisuais sobre a história da Segunda Guerra Mundial e o período pré-guerra.

Tal trabalho já está em andamento.

Muitos novos materiais recentemente descobertos ou desclassificados foram usados para preparar este artigo.

A respeito disto, posso declarar com toda responsabilidade que não há documento arquivado que confirmaria a presunção de que a URSS tinha a intenção de começar uma guerra preventiva contra a Alemanha.

A liderança soviética militar, de fato, seguiu uma doutrina de acordo com a qual, no evento de agressão, o Exército Vermelho prontamente confrontaria o inimigo, iria à ofensiva e declararia guerra no território inimigo.

Contudo, tais planos estratégicos não significavam qualquer intenção de atacar a Alemanha primeiro.

Hoje, os documentos de planejamento militar, as instruções dos Estados-Maiores soviético e alemão estão disponíveis para os historiadores.

Finalmente, sabemos como os eventos ocorreram.

Desse ponto de vista, muitos discutem sobre as ações, erros e julgamentos precipitados da liderança militar e política do país.

Sobre isso, direi uma coisa: junto com um enorme fluxo de desinformação de diversos tipos, os líderes soviéticos também receberam informações verdadeiras sobre a preparação da agressão nazista.

Nos meses antes da guerra, eles tomaram medidas para melhorar a prontidão de combate do país, incluindo a convocação secreta para treinamentos de cidadãos sujeitos a obrigações militares e a realocação de unidades e reservas dos distritos militares do interior do país para as fronteiras ocidentais.

A guerra não foi uma surpresa, as pessoas esperavam por ela e se preparavam para ela.

Mas o ataque nazista foi verdadeiramente sem precedentes em termos de poder destrutivo.

Em 22 de junho de 1941, a União Soviética enfrentou o exército mais poderoso, mais mobilizado e qualificado do mundo, para o qual trabalhava o potencial industrial, econômico e militar de quase toda a Europa.

Não apenas a Wehrmacht, mas também os países satélites alemães, contingentes militares de muitos outros Estados do continente europeu, participaram dessa invasão.

As graves derrotas militares em 1941 levaram o país à beira do desastre.

A capacidade de combate e de controle teve que ser restaurada por meios extremos, mobilização nacional e intensificação de todos os esforços do Estado e do povo.

No verão de 1941, milhões de cidadãos, centenas de fábricas e indústrias começaram a ser evacuados sob fogo inimigo para o leste do país.

A fabricação de armas e munições, que começaram a ser fornecidas à frente já no primeiro inverno da guerra, foi lançada o mais rapidamente possível e, em 1943, as taxas de produção militar da Alemanha e de seus aliados foram excedidas.

Durante um ano e meio, o povo soviético fez algo que parecia impossível, tanto nas linhas de frente quanto na retaguarda.

Até hoje é difícil perceber, entender e imaginar os esforços incríveis, coragem, e dedicação incrível que esta grande conquista exigiu.

O tremendo poder da sociedade soviética, unido pelo desejo de proteger sua terra natal, se ergueu contra os poderosos, armados até os dentes, contra a máquina invasora nazista.

Levantou-se para se vingar do inimigo, que o havia destruído, esmagado a vida pacífica, os planos e as esperanças das pessoas.

É claro que o medo, a confusão e o desespero tomavam conta de algumas pessoas durante essa guerra terrível e sangrenta.

Houve traição e deserção. A violenta divisão causada pela revolução e a Guerra Civil, o niilismo, a maneira de zombar da história, das tradições e da fé que os bolcheviques tentaram impor, especialmente nos primeiros anos após a chegada ao poder, tudo isso teve seu impacto.

Mas a atitude da maioria absoluta dos cidadãos soviéticos e de nossos compatriotas que se encontravam no exterior era diferente, era para defender e salvar a Pátria.

As pessoas procuravam apoio nos verdadeiros valores patrióticos.

Os “estrategistas” nazistas estavam certos de que um enorme Estado multinacional poderia ser facilmente esmagado.

Eles acreditavam que o início repentino da guerra, a sua crueldade e dificuldades insuportáveis exacerbariam inevitavelmente as relações interétnicas, e que o país poderia ser dividido em partes.

Hitler declarou: “nossa política em relação aos povos que vivem nas vastas áreas da Rússia deve promover qualquer forma de desacordo e divisão”.

Mas, desde os primeiros dias, ficou claro que o plano nazista fracassaria.

A Fortaleza de Brest foi protegida até à última gota de sangue por soldados de mais de 30 etnias.

Durante toda a guerra, o povo soviético esteve unido, tanto em grandes batalhas decisivas quanto na proteção de cada posição de combate, de cada metro da pátria.

A região do Volga e os Urais, a Sibéria e o Extremo Oriente, as repúblicas da Ásia Central e Cáucaso se tornaram o lar de milhões de pessoas evacuadas.

Seus habitantes compartilharam tudo o que tinham e forneceram todo o apoio que podiam.

A amizade dos povos e a ajuda mútua se tornaram uma verdadeira fortaleza indestrutível para o inimigo.

A União Soviética e o Exército Vermelho deram uma contribuição crucial à derrota do nazismo, não importa o que estejam tentando provar hoje.

Estes foram os heróis que lutaram até o fim, cercados pelo inimigo, nos arredores de Bialystok e Mogilev, Uman e Kiev, Vyazma e Kharkov.

Eles desencadearam ofensivas nas áreas próximas a Moscou e Stalingrado, Sevastopol e Odessa, Kursk e Smolensk. Eles libertaram Varsóvia, Belgrado, Viena e Praga, tomaram de assalto Koenigsberg e Berlim.

Nós defendemos a verdade, uma verdade genuína, não embelezada. Esta verdade dura, amarga e impiedosa, em grande parte nos foi transmitida por escritores e poetas que atravessaram o fogo e o inferno da linha de frente.

Para a minha geração, assim como para outras, histórias honestas e profundas, romances, prosa penetrante e poemas deixaram sua marca em minha alma para sempre.

Honrar os veteranos que fizeram tudo o que podiam pela vitória e homenagear aqueles que morreram no campo de batalha é nosso dever moral

Hoje, as linhas simples e grandes em um poema de Aleksander Tvardovsky “Eu fui morto perto de Rzhev …” dedicado aos participantes da sangrenta e brutal Guerra pela Pátria no centro da linha de frente soviética, são surpreendentes.

Somente nas batalhas por Rzhev e montes de Rzhev, de outubro de 1941 a março de 1943, o Exército Vermelho perdeu 1.342.888 homens, incluindo feridos e desaparecidos.

Pela primeira vez, chamo esses números coletados de fontes de arquivo de terríveis, trágicos e longe de ser o total.

Presto homenagem à memória dos heróis conhecidos e desconhecidos.

Citarei outro documento.

Um relatório de fevereiro de 1954 da Comissão Aliada de Reparação da Alemanha, chefiada por Ivan Maisky.

A tarefa da Comissão era definir uma fórmula segundo a qual a Alemanha derrotada teria que pagar pelos danos causados às potências vitoriosas.

A comissão concluiu que “o número de dias de soldado gastos pela Alemanha na frente soviética é pelo menos 10 vezes maior do que em todas as outras frentes aliadas.

A frente soviética também teve que lidar com quatro quintos dos tanques alemães e cerca de dois terços das aeronaves alemãs”.

No geral, a União Soviética representou cerca de 75% de todos os esforços militares empreendidos pela coalizão anti-Hitler.

Ao longo dos anos de guerra, o Exército Vermelho “enterrou” 626 divisões dos países do pacto Tripartido, das quais 508 eram alemãs.

No dia 28 de abril de 1942, Franklin D. Roosevelt afirmou em discurso à nação americana: “As tropas russas destruíram e continuam destruindo mais tropas, aviões, tanques e armas de nossos inimigos, do que todas as outras nações unidas”.

Winston Churchill, em sua mensagem a Joseph Stalin, de 27 de setembro de 1944, escreveu “o Exército russo arrancou as entranhas da máquina militar alemã…”.

Essa avaliação repercutiu no mundo todo, porque são palavras verdadeiras, das quais ninguém duvidava.

Quase 27 milhões de soviéticos perderam a vida nas frentes, nas prisões alemãs, morreram de fome e bombardeios, morreram em guetos e nos campos de extermínio nazistas.

A União Soviética perdeu um em cada sete de seus cidadãos, o Reino Unido perdeu um em cada 127 e os EUA perderam um em cada 320 habitantes.

Infelizmente, esse número das perdas da União Soviética é inconclusivo.

O trabalho meticuloso deve prosseguir para restaurar os nomes e destinos de todos os que morreram, soldados do Exército Vermelho, guerrilheiros, combatentes clandestinos, prisioneiros de guerra de campos de concentração e civis mortos pelos esquadrões da morte.

É o nosso dever.

E aqui, membros dos movimentos de busca, associações militares-patrióticas e voluntárias, projetos como o banco de dados eletrônico “Pamyat Naroda”, que contém documentos de arquivo, desempenham um papel especial.

Certamente, é também necessária uma cooperação internacional estreita em uma tarefa humanitária como essa.

Os esforços de todos os países e povos que lutaram contra um inimigo comum resultaram na vitória.

O Exército britânico protegeu sua terra natal da invasão, lutou contra os nazistas e seus satélites no Mediterrâneo e no norte da África.

As tropas norte-americanas e britânicas libertaram a Itália e abriram a Segunda Frente.

Os EUA fizeram ataques poderosos e esmagadores contra o agressor no oceano Pacífico.

Ressaltamos os tremendos sacrifícios feitos pelo povo chinês e seu grande papel na derrota dos militaristas japoneses.

Não esqueçamos os combatentes da França Livre, que não aceitaram a rendição e continuaram a lutar contra os nazistas.

Também seremos sempre gratos pela assistência prestada pelos aliados no fornecimento de munições, matérias-primas, alimentos e equipamentos ao Exército Vermelho, ajuda que foi significativa, aproximadamente sete por cento da produção militar total da União Soviética.

O núcleo da coalizão anti-Hitler começou a tomar forma imediatamente após o ataque à União Soviética, com os Estados Unidos e o Reino Unido apoiando incondicionalmente a luta contra a Alemanha de Hitler.

Na conferência de Teerã em 1943, Stalin, Roosevelt e Churchill formaram uma aliança de grandes potências, concordaram em elaborar a diplomacia de coalizão e uma estratégia conjunta na luta contra uma ameaça comum.

Os líderes dos Três Grandes entendiam que a unificação das capacidades industriais, de recursos e militares da União Soviética, dos Estados Unidos e do Reino Unido daria uma vantagem incontestada sobre o inimigo.

A União Soviética cumpriu suas obrigações com seus aliados, sempre oferecendo ajuda.

Assim, o Exército Vermelho apoiou o desembarque das tropas anglo-americanas na Normandia, realizando a Operação Bagration em grande escala na Bielorrússia. Em janeiro de 1945, tendo atravessado o rio Oder, pôs fim à última ofensiva poderosa da Wehrmacht na Frente Ocidental nas Ardenas.

Três meses após a vitória sobre a Alemanha, a União Soviética, em total conformidade com os acordos de Yalta, declarou guerra ao Japão e derrotou o exército de Kwantung, com um milhão de soldados.

Em julho de 1941, a liderança soviética declarou que o objetivo da guerra contra os opressores fascistas não era apenas a eliminação da ameaça que pairava sobre o nosso país, mas também a ajuda a todos os povos da Europa que sofriam sob o jugo do fascismo alemão.

Em meados de 1944, o inimigo foi expulso de praticamente todo o território soviético.

No entanto, o inimigo teve que ser eliminado em seu covil.

E assim, o Exército Vermelho iniciou sua missão de libertação na Europa.

Ele salvou nações inteiras da destruição, escravização e do horror do Holocausto. Eles foram salvos à custa de centenas de milhares de vidas de soldados soviéticos.

É importante não esquecer a enorme assistência material que a União Soviética prestou aos países libertados na eliminação da ameaça da fome e na reconstrução de suas economias e infraestrutura.

Isso estava sendo feito no momento em que as cinzas da guerra se estendiam por milhares de quilômetros, desde Brest até Moscou e o Volga.

Por exemplo, em maio de 1945, o governo austríaco pediu à União Soviética assistência em alimentos, pois “não sabia como alimentar sua população nas próximas sete semanas antes da nova colheita”.

O chanceler do governo provisório da República Austríaca, Karl Renner, descreveu o consentimento da liderança soviética em enviar comida como um ato de salvação que os austríacos nunca esqueceriam.

Os aliados criaram em conjunto o Tribunal Militar Internacional destinado a punir criminosos de guerra e políticos nazistas.

Suas decisões continham uma qualificação legal clara dos crimes contra a humanidade, como genocídio, limpeza étnica e religiosa, antissemitismo e xenofobia.

O Tribunal de Nuremberg condenou os cúmplices dos nazistas e colaboradores de diversos tipos.

Esse fenômeno vergonhoso se manifestou em todos os países europeus.

Figuras como Petain, Quisling, Vlasov, Bandera, e seguidores, embora tenham sido disfarçados de combatentes pela independência nacional ou pela liberdade do comunismo, são traidores e assassinos.

Na desumanidade, muitas vezes excederam seus senhores.

No desejo de servir, como parte de grupos punitivos especiais, eles executaram voluntariamente as ordens mais desumanas.

Eles foram responsáveis por eventos sangrentos como os tiroteios de Babi Yar, o massacre de Volhynia, Khatyn, atos de destruição de judeus na Lituânia e na Letônia.

Nossa posição permanece inalterada, não há justificativa para os atos criminosos de colaboradores nazistas, seus crimes não prescrevem.

Portanto, é desconcertante quando em certos países aqueles que ficaram manchados pela colaboração com os nazistas são repentinamente equiparados aos veteranos da Segunda Guerra Mundial.

Eu acredito que seja inaceitável equiparar libertadores a ocupantes.

E só posso considerar a glorificação dos colaboradores nazistas como uma traição à memória de nossos pais e avós. Uma traição aos ideais que uniram os povos na luta contra o nazismo.

Na ocasião, os líderes da União Soviética, dos Estados Unidos e do Reino Unido enfrentavam uma tarefa histórica.

Stalin, Roosevelt e Churchill representavam países com diferentes ideologias, aspirações de Estado, interesses, culturas, mas demonstraram grande vontade política, superando as diferenças e preferências e colocaram os verdadeiros interesses da paz em primeiro plano.

Como resultado, eles conseguiram chegar a um acordo e alcançar uma solução da qual toda a humanidade se beneficiou.

As potências vitoriosas deixaram um sistema que se tornou a quintessência das pesquisas intelectuais e políticas por séculos.

Uma série de conferências, Teerã, Yalta, São Francisco e Potsdam, lançou as bases de um mundo que durante 75 anos não teve guerra, apesar das diferenças.

A revisão histórica, cujas manifestações são observadas no Ocidente, e principalmente em relação ao tema da Segunda Guerra Mundial e seus resultados, é perigosa pois distorce a compreensão dos princípios do desenvolvimento pacífico, estabelecidos nas conferências de Yalta e São Francisco em 1945.

A principal conquista histórica de Yalta e de outras decisões da época é o acordo de criar um mecanismo que permita que as principais potências permaneçam no quadro da diplomacia na resolução de suas diferenças entre elas.

O século XX trouxe conflitos globais de grande escala, e em 1945 as armas nucleares capazes de destruir a Terra também entraram em cena.

Em outras palavras, a solução de disputas pela força se tornou muito perigosa.

E os vencedores da Segunda Guerra Mundial entenderam isso. Eles entenderam e estavam cientes de sua própria responsabilidade para com a humanidade.

A triste experiência da Sociedade das Nações foi levada em consideração em 1945.

A estrutura do Conselho de Segurança da ONU foi projetada para tornar as garantias de paz mais concretas e eficazes possíveis.

Foi assim que surgiu a instituição dos membros permanentes do Conselho de Segurança e o direito de veto como seu privilégio e responsabilidade.

O que é o veto no Conselho de Segurança da ONU?

Para ser sincero, é a única alternativa razoável para um confronto direto entre os grandes países.

É uma afirmação de um dos cinco poderes de que uma decisão é inaceitável e contrária aos seus interesses e ideias sobre a abordagem correta.

E outros países, mesmo que não concordem, aceitam essa posição como certa, abandonando qualquer tentativa de realizar seus esforços unilaterais.

Então, de uma maneira ou de outra, é necessário buscar acordos.

Um novo confronto global começou quase imediatamente após o fim da Segunda Guerra Mundial e às vezes era muito violento.

E o fato de a Guerra Fria não ter se transformado na Terceira Guerra Mundial demonstrou a eficácia dos acordos concluídos pelos Três Grandes.

As regras de conduta acordadas durante a criação das Nações Unidas permitiram minimizar os riscos e manter o controle do confronto.

Certamente, podemos ver que o sistema da ONU sofre certa tensão e não é tão eficaz quanto poderia ser.

Mas a ONU ainda desempenha sua função principal. Os princípios do Conselho de Segurança da ONU são um mecanismo único para impedir uma grande guerra ou conflito global.

As solicitações feitas com frequência nos últimos anos para revogar o poder de veto e negar oportunidades especiais aos membros permanentes do Conselho de Segurança são irresponsáveis.

Afinal, se isso acontecer, as Nações Unidas se tornariam na Sociedade das Nações, uma reunião para conversas inúteis, sem influência nos processos mundiais.

Todos sabemos como terminou. Por isso, as potências vitoriosas abordaram a formação de um novo sistema da ordem mundial com mais seriedade, para evitar a repetição dos erros do passado.

A criação de um moderno sistema de relações internacionais é um dos principais resultados da Segunda Guerra Mundial.

Mesmo as contradições mais inconciliáveis, geopolíticas, ideológicas, econômicas, não nos impedem de encontrar formas de convivência e interação pacífica, se houver desejo e vontade de fazê-lo.

Hoje o mundo está passando por um período bastante turbulento.

Tudo está mudando, desde o equilíbrio global de poder e influência até os fundamentos sociais, econômicos e tecnológicos das sociedades, nações e até continentes.

No passado, as mudanças dessa magnitude quase nunca ocorreram sem grandes conflitos militares, sem uma luta pelo poder para construir uma nova hierarquia global.

Graças à sabedoria política das potências aliadas, foi possível criar um sistema que impedia manifestações extremas de tal objetivo, historicamente inerente ao desenvolvimento mundial.

É um dever nosso, que todos aqueles que assumem a responsabilidade política e principalmente representantes das potências vitoriosas na Segunda Guerra Mundial, garantam que esse sistema seja preservado e aprimorado.

Hoje, como em 1945, é importante ter vontade política e discutir o futuro juntos.

Nossos colegas, Xi Jinping, Macron, Trump e Johnson, apoiaram a iniciativa russa de realizar uma reunião dos líderes dos cinco Estados com armas nucleares, membros permanentes do Conselho de Segurança.

Agradecemos a eles por isso e esperamos que este encontro possa ocorrer o mais rápido possível.

Qual é a agenda da próxima cúpula?

Em primeiro lugar, acredito que seja útil discutir etapas para desenvolver princípios coletivos nos assuntos mundiais, falando francamente sobre as questões de preservação da paz, fortalecimento da segurança global e regional, controle estratégico de armas, bem como esforços conjuntos para combater o terrorismo, o extremismo e outros grandes desafios e ameaças.

Um tópico importante na agenda é a situação da economia global, superando a crise econômica causada pela pandemia de coronavírus.

Os países estão adotando medidas sem precedentes para proteger a saúde e a vida das pessoas e apoiar os cidadãos que se encontraram em situações difíceis.

Nossa capacidade de trabalhar em conjunto, como verdadeiros parceiros, definirá o tamanho do impacto da pandemia e com que rapidez a economia global emergirá da recessão.

Além disso, é inaceitável transformar a economia em um instrumento de pressão e confronto.

Questões populares incluem proteção ambiental e combate às mudanças climáticas, além de garantir a segurança do espaço global de informações.

A agenda proposta pela Rússia para a próxima cúpula dos “Cinco” é extremamente importante e relevante para nossos países e para o mundo.

Temos ideias e iniciativas específicas para cada tópico.

Não há dúvida de que a cúpula da Rússia, China, França, Estados Unidos e Reino Unido possa desempenhar um papel importante na busca de respostas para os modernos desafios e ameaças e que demonstrará o compromisso comum com o espírito de aliança, contando com os altos ideais e valores humanitários pelos quais nossos pais e avós lutaram ombro a ombro.

Com base em uma memória histórica, podemos e devemos confiar um no outro. Isso servirá de base sólida para negociações exitosas e ações concertadas com o objetivo de melhorar a estabilidade e a segurança do planeta, bem como a prosperidade e o bem-estar de todos.

Este é nosso dever e responsabilidade comum em relação ao mundo, em relação às gerações presentes e futuras.

Vladimir Putin é o Presidente da Federação Russa.

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Comentários

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Marcelo

24/06/2021 - 13h08

Putin quer “revisar” tudo. Menos o alegado “holocausto” judeu – proibido na Rússia.

A URSS invadiu a Polônia também e massacrou os oficiais polacos covardemente: o famoso “Massacre de Katyn”. Culpou hipocritamente a Alemanha até o final da URSS.

Fora isso há documentos que mostram que cedo ou tarde a URSS pretendia atacar a Alemanha.

Foi a guerra da dois regimes totalitários com pretensões imperialistas.

A diferença é que a URSS foi a aliada das potências e elites ocidentais. E a Alemanha a inimiga das mesmas.

Célio Knipel Moreira

25/07/2020 - 12h49

Classified e unclassified em inglês tem os correspondentes em português: confidencial ou secreto, para o primeiro termo e público ou tornado público para o segundo. Falar em documento desclassificado em nosso idioma só sugere que é um lixo de documento, um documento que nada vale, o que não corresponde a uma tradução correta. Por outro lado, não entendi porque a tradução dá um número diferente e maior do que aquele que aparece no original de Putin, quando ele fala no número de mortos (1.342.888 aqui enquanto no original 1,154,698) em certas batalhas que menciona. Também há maior número de parágrafos na tradução do que no original. Acho até que foi por isso que fui olhar o original – Mas, devo dizer que não vim ler este texto para ficar observando esses detalhes. O importante para mim (e mais como historiador) é constatar que Putin coloca em seu discurso a história como foco e indica fontes documentais que comprovam posições bastante comprometedoras dos governos ocidentais em relação ao regime fascista alemão. Por outro lado, explica algumas posições de Stalin (embora não sua política interna, que aqui não estava em foco), demostrando com documentos sua estratégia essencialmente de defesa (fato que geralmente alguns historiadores ocidentais não aceitam, preferindo ver Stalin de outra forma) da URSS. Setenta e cinco anos e nós ainda não temos uma visão precisa do grande desastre que ocorreu. Pior que isso, muitos acabam tendo aquela visão do final de “A vida é bela”: os EUA salvaram a criança e o mundo. Conta outra!

Samuka

27/06/2020 - 09h39

Aos perdedores bolsonaros

Jorge Juca

24/06/2020 - 00h31

Li inteiro e gostei muito, o tema me interessa bastante. Obrigado por disponibilizar.

gaspar

23/06/2020 - 19h30

Os Russos vivem sòb ditaduras desde sempre, pelo jeito gostam.

    JANIO

    04/07/2021 - 14h16

    Sr Gaspar você e não entendeu bosta nenhuma.Volte pra escolar e deixe de ser um analfabeto funcional.

Ronei

23/06/2020 - 19h28

Esse sujeito està no poder hà quantos anos…?

Isso é democracia ?

    Franchi

    24/06/2021 - 13h50

    Angela Merkel está apenas alguns poucos anos atrás de Putin.

    Isso é democracia?

Paulo

23/06/2020 - 08h52

Não há dúvidas de que a história é escrita pelos vencedores…


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