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Venda de fábricas de fertilizantes da Petrobrás gera risco de desabastecimento no Brasil

Por Federação Única dos Petroleiros Em 2021, o Brasil gastou US$ 15,2 bilhões em importações de adubos e fertilizantes químicos, valor 90% maior que o gasto no ano anterior. Foi o produto mais importado entre os itens da categoria “indústria de transformação”, segundo dados da balança comercial brasileira, da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), analisados […]

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Por Federação Única dos Petroleiros

Em 2021, o Brasil gastou US$ 15,2 bilhões em importações de adubos e fertilizantes químicos, valor 90% maior que o gasto no ano anterior. Foi o produto mais importado entre os itens da categoria “indústria de transformação”, segundo dados da balança comercial brasileira, da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), analisados pela área econômica da Federação Única dos Petroleiros (FUP). O país adquiriu no exterior 41,5 milhões de toneladas de fertilizantes – incremento de 22% nas quantidades –, a preço médio de US$ 364,34 por tonelada, 56% acima dos valores pagos em 2020.

É a marca do neoliberalismo exacerbado que guia as decisões do governo Bolsonaro: capital especulativo como única preocupação. O povo e a nação que se danem. Enquanto o Brasil aumenta sua dependência de importação para suprir o mercado doméstico, unidades de fertilizantes instaladas no país permanecem desativadas ou são vendidas pelo governo.

É o caso da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados da Petrobras no Paraná (Fafen-PR), em Araucária, fechada em março de 2020. Operando desde 1982, a Fafen-PR, adquirida pela Petrobrás em 2013, era responsável pela produção de 30% do mercado brasileiro de ureia e amônia e 65% do Agente Redutor Líquido Automotivo (ARLA 32), aditivo para veículos de grande porte que atua na redução de emissões atmosféricas.

O imoral fechamento da Fafen deflagrou uma das maiores greves da história da categoria petroleira. Já naquele momento, a FUP alertava para os riscos desse tipo de negociata não só para economia local (a empresa demitiu mais de mil funcionários), como para o abastecimento de fertilizantes no país.

Apesar de ser grande produtor de alimentos, o Brasil é altamente dependente da importação desses insumos: 85% são comprados no mercado internacional. Para o diretor da FUP, o petroquímico Gerson Castellano, um fator que contribuiu muito para aumentar ainda mais essa dependência foi a retirada da Petrobrás do setor de fertilizantes, anunciada pelo governo Bolsonaro em 2019.

Com essa decisão, alinhada com a visão implantada após o golpe de 2016, que entende a Petrobrás como uma mera exploradora de petróleo, o país ficou refém do mercado internacional.

A mais recente

Essa dependência ficou escancarada nas últimas semanas. No dia 02 de fevereiro, a Rússia suspendeu até abril as exportações de nitrato de amônio. Algumas restrições já tinham sido anunciadas em novembro do ano passado, com o objetivo de garantir o abastecimento da agricultura local. A Rússia é o maior provedor de fertilizantes do Brasil, e o anúncio acendeu um novo alarme em relação ao possível desabastecimento do produto.

Porém, o governo parece acreditar exatamente o contrário, ao comemorar o avanço do processo de desmonte da Petrobrás. Na sexta-feira (4), a Ministra da Agricultura, a ruralista Tereza Cristina, anunciou com alegria que a Petrobrás chegou a um acordo com o Grupo russo Acron para a venda da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN3) localizada no Mato Grosso do Sul. Para a gestão bolsonarista da estatal, “a operação está alinhada à otimização do portfólio e à melhoria da alocação do capital da companhia”.

A unidade tinha sido colocada à venda em 2017, sob o argumento de que a Petrobrás não tinha mais interesse no setor de fertilizantes. O certo é que faz parte da nefasta política de “desinvestimento” imposta na Petrobrás após o golpe de 2016, que nada mais é do que o desmonte da estatal.

Risco de desabastecimento

O Brasil compra fertilizantes principalmente da China, Ucrânia e Lituânia, além de outras nações que já anunciaram redução e até interrupção na produção por causa do aumento de custos, provocado por situações adversas, como o inverno rigoroso no Hemisfério Norte e a crise energética na Europa e na China.

“Quando isso ocorre, esses fornecedores têm por estratégia priorizar o seu próprio mercado. Essas adversidades encareceram os custos de produção e obrigaram esses países a rever a destinação do gás natural, utilizado na produção de ureia”, explica Castellano.

Segundo ele, o Brasil ficou refém de importações para abastecer seu mercado doméstico: “A disparada nos preços de insumos, como o gás natural e o potássio, estão criando o temor de uma possível crise no abastecimento de fertilizantes”. O fertilizante nitrogenado teve um reajuste de quase 200% no ano passado.

O Brasil, como grande produtor agrícola, já vê a questão com preocupação. Na última semana, o presidente Jair Bolsonaro culpou unicamente a crise energética da China pelo risco de escassez no abastecimento de fertilizantes no Brasil, sem mencionar que mandou fechar fábricas que poderiam garantir a produção do insumo no país.

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Comentários

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Nelson

10/02/2022 - 12h40

Está claro que se trata de mais um caso de “não li e não gostei”.
O que se pode fazer quando o sujeito opta pela “cegueira intencional” (Chomsky)?

    Nelson

    10/02/2022 - 12h42

    Estou a me referir ao sujeito que postou comentário logo abaixo, às 11h52 do dia 09 de fevereiro.

Nelson

09/02/2022 - 23h01

Ainda que com exemplos de entreguismo se repetindo em profusão, não faltam ricos, milionários e bilionários, a povoarem a sessão de comentários de blogs de esquerda e a afirmarem, convictamente, que o governo de seu “Mito” defende a pátria. Afirmam, ardorosamente, que Bolsonaro põe o “Brasil acima de tudo”.

Por que digo ricos, milionários e bilionários? Ora, porque são somente esses, que pertencem a um estrato que perfaz 1% da população, quando muito, que estão realmente a ganhar com o governo Bolsonaro. Os demais 99%, ou mais, estão a pagar a salgadíssima conta do entreguismo de Bolsonaro e de Temer.

Porém, é de se pensar. Será que, dispondo de tanta grana, um ricaço não teria coisa mais atraente – para ele – a fazer do que empenhar seu tempo em escrever comentários para sítios de esquerda? A resposta é óbvia.

Em sendo assim, temos que, de cara, descartar que sejam ricaços esses comentaristas que aparecem a defender, com unhas e dentes, o governo entreguista e deletério de Bolsonaro. Mas, o que seriam, então?

Se eles são não mais que remediados de classe média alta, ainda que de uma maneira mais suave que os pobres e miseráveis, também estão a pagar a conta do desmantelamento da nação que vem sendo imposto desde o golpe de 2016.

Então, não deveriam estar repudiando o governo do Bozo e pressionando para que ele perca o máximo possível do seu poder e não consiga completar a tarefa para a qual foi eleito, de completar a destruição do país?

Diante disso, de que forma como podemos qualificar essa turma que vem aqui e se põe defender um governo entreguista até a medula? Tapados/trouxas ou mal-informados?

Galinzé

09/02/2022 - 11h52

Outra porcaria que a Dilma comprou dando prejuizos.


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