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Eleitorado de São Paulo rejeita terceira via, mostra nova pesquisa

O instituto Paraná Pesquisa tem um problema de imagem ainda não resolvido, mas é preciso dar sempre uma segunda chance a todos. A empresa conseguiu um cliente fiel, uma corretora curitibana chamada BGC Liquidez, que vem patrocinando generosamente pesquisas presenciais, tanto no país como nos estados.   A última pesquisa do instituto foi em São Paulo, […]

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O instituto Paraná Pesquisa tem um problema de imagem ainda não resolvido, mas é preciso dar sempre uma segunda chance a todos. A empresa conseguiu um cliente fiel, uma corretora curitibana chamada BGC Liquidez, que vem patrocinando generosamente pesquisas presenciais, tanto no país como nos estados. 

 A última pesquisa do instituto foi em São Paulo, com 1.820 entrevistas “face a face”, ou seja, presenciais, realizadas entre os dias 27 e 31 de março. Segundo nota fiscal registrada no TSE, a pesquisa custou R$ 120.000,00.

Aparentemente, portanto, é uma pesquisa boa. O seu relatório completo pode ser baixado aqui.

 

 

Antes de continuar, vale sempre lembrar a importância do estado de São Paulo, maior colégio eleitoral do país. Editamos algumas tabelas e gráficos, com base em números atualizados do TSE, para ilustrar o peso do estado nas eleições nacionais. 

O Tribunal Superior Eleitoral registrava, até fevereiro deste ano, um total de 147,6 milhões de eleitores no Brasil. O estado de São Paulo, por sua vez, na mesma data, tinha 32,1 milhões de eleitores, ou 22% dos eleitores de todo país. 

Uma votação boa ou ruim em São Paulo, portanto, afeta fortemente o desempenho nacional de um candidato a presidente da república.  

Comecemos nossa análise pela espontânea. 

Segundo a pesquisa espontânea, Lula e Bolsonaro estão empatados com 21,3% e 20,6%, respectivamente. Os candidatos da terceira via seguem muito distantes: Moro pontua 2,6% e Ciro, apenas 1,3%. Doria tem ridículos 0,4%. 

O número de indecisos é de 40%, percentual normal, e até mesmo baixo, faltando tantos meses para as eleições, o que seria mais um sinal de que o grau de decisão do eleitor já está bastante consolidado.  

Na estimulada, Lula lidera com 34,1%, 3 pontos acima (a margem de erro é de 2,3 pontos) de Bolsonaro, que tem 31%. 

Moro pontua 9,7% e Ciro Gomes, 4,2%. 

Na tabela com dados estratificados, destaca-se os seguintes pontos:

  • Lula tem 37% entre mulheres, 11 pontos acima dos 26% de Bolsonaro.
  • Bolsonaro lidera entre homens, com 37%, 6 pontos acima dos 31% de Lula 
  • Lula tem mais força entre eleitores jovens, com 16 a 24 anos, entre os quais pontua quase 37%, contra 28% de Bolsonaro, 7% de Moro e 6% de Ciro.
  • A terceira via é fraca particularmente entre eleitores menos instruídos, que tem até o ensino fundamental: enquanto Lula tem 39% neste segmento, e Bolsonaro 27%, Ciro Gomes pontua apenas 2%. 
  • Ao mesmo tempo, Lula também é forte junto aos eleitores com ensino superior, entre os quais tem 30,3%, apenas um pouco abaixo de Bolsonaro, que tem 33,3%.
  • Moro tem 12% entre eleitores com ensino superior, e Ciro apenas 5%. 

Outros números emblemáticos das dificuldades da terceira via em São Paulo referem-se à rejeição. Eles provam um ponto: a terceira via cometeu um erro estratégico. Ao invés de se posicionar como uma alternativa aos eleitores de Lula e Bolsonaro, ela se tornou alvo de irritação e antipatia de ambos os lados da polarização. Embora seus índices de voto sejam irrisórios, a sua rejeição é monstruosa. 

Sergio Moro, por exemplo, é rejeitado por 60,1% do eleitorado paulista, Ciro Gomes, por 55%, e Doria, por 71%!

Bolsonaro é rejeitado por 57%.

Lula tem a menor rejeição de todos, de 48,6%. 

No caso de Ciro Gomes, um outro problema do candidato é o baixo índice de certeza de seus eleitores: segundo a pesquisa, apenas 2% dos eleitores responderam que votariam “com certeza” em Ciro Gomes. Moro tem o triplo disso, 6%. 

No topo da tabela, estão Lula e Bolsonaro: 26,6% dos entrevistados responderam que votarão em Lula “com certeza”, percentual ligeiramente superior aos 25% de Bolsonaro. 

 

Há um outro diferencial relevante no eleitorado paulista: ele é bem mais instruído que a média nacional.

Enquanto a média nacional de eleitores analfabetos é de 3,8%, esse índice é de apenas 1,88% em São Paulo. 

Para facilitar a visualização dessa diferença, criamos uma divisão arbitrária entre eleitores “mais instruídos” e “menos instruídos”. 

Como instruídos, consideramos eleitores com ensino médio para cima. Ou seja, desde aqueles com apenas o ensino médio completo, até aqueles com ensino superior incompleto ou completo.

Como “menos instruídos”, por sua vez, consideramos eleitores com ensino médio incompleto para baixo, o que inclui analfabetos e eleitores apenas com ensino fundamental. 

O Brasil tem 64 milhões de eleitores “mais instruídos”. Destes, 27% são eleitores paulistas. Para efeito de comparação, Minas Gerais e Rio de Janeiro correspondem, respectivamente, a somente 9% e 7% dos eleitores brasileiros “mais instruídos”.

Isso significa, do ponto-de-vista sociológico, que o eleitorado paulista, além de mais numeroso, é também mais influente. 

 

 

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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carlos

04/04/2022 - 20h00

Vcs viram a montagem dos muquiranas, no Maracanã, com vídeo da torcida no fla-flu dizendo que foi a convenção do bolsonaro? Seria cômico se não fosse tráfico!!!

Paulo

03/04/2022 - 19h04

E tudo tão desalentador. E eu ainda vejo reportagens sobre jovens de 16 anos que querem tirar o título para “influir no processo eleitoral”. E algumas delas dizendo que os pais também fizeram isso e agora incentivam os filhos. E eu querendo só me abster e não permitem. Obrigam-me a participar dessa farsa…

William

02/04/2022 - 22h50

A esquerda não vai conseguir impor mais nada aos brasileiros, mentir, manipular, explorar a pobreza e a ingenuidade dos brasileiros, ecc…o monopólio da narrativa se foi e a Lava Jato desmantelou o esquema de financiamento com dinheiro roubado para financiar campanhas, amigos do rei, ecc…

Daqui pra frente ou se faz política com os fatos ou não se ganham as eleições mais.

Em 4 anos de governo além de babaquices não foi apresentado nada vindo da oposição de interesse dos brasileiros por tanto não há frutos a serem colhidos no curto e nem no médio têmpo.

Puxar o saco de um velhinho pilantra pluricondenado por corrupção e lavagem de dinheiro é sinal claro de falta de tudo, principalmente de caráter e vergonha na cara.

Kleiton

02/04/2022 - 22h43

Bolsonaro tem pelo menos 15% de votos a mais em SP.

Pesquisa eleitoral e médicos de Google são a mesma coisa.

Tony

02/04/2022 - 15h54

Basta comparar as manifestações do 7 de setembro com a última de esquerda na Av. Paulista.


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