Ao contrário do que indicam o choro e o ranger de dentes do mercado e seus asseclas, os sinais de Lula sobre o projeto econômico do novo governo são alvissareiros.
A história econômica das nações demonstra cristalinamente que expandir o gasto público é bom (e necessário) em muitos momentos. Que o digam EUA e China, que usam e abusam desse tipo de expediente para garantir a dianteira em sua renhida disputa pela hegenomia do mundo.
Se alguns comentaristas preferem ignorar os fatos e continuam tratando investimento público como uma ofensa imperdoável, paciência. Agora hay gobierno, senhores. E há um presidente que dá sinais de que não se prostrará ao liberalismo antipovo que grassou por aqui nos últimos anos.
O mercado fica nervoso à toa. Eu nunca vi um mercado tão sensível como o nosso. É engraçado que esse mercado não ficou nervoso durante quatro anos do Bolsonaro.
Lula mandou essa com um sorriso no rosto. Maravilhoso.
Em outras áreas, contudo, os nomes anunciados para a equipe de transição não são tão animadores assim.
Na educação, por exemplo, foram nomeadas pessoas ligadas a conglomerados educacionais comandados por ricaços que, por óbvio, não têm interesse algum em contribuir para uma educação emancipadora. Militantes e ativistas criticaram, com razão, as poucas pessoas comprometidas com a luta por uma educação libertadora presentes na equipe.
A educação é estratégica demais para estar submetida à lógica do lucro. É necessário um projeto ambicioso de longo prazo para que a educação pública tenha estrutura e projeto pedagógico condizentes com o papel que o Brasil pode desempenhar nas grandes lutas globais do nosso tempo: contra o fascismo, a injustiça social e as mudanças climáticas.
Os nomes escolhidos para a área da comunicação – área tão estratégica quanto a da educação – também foram alvo de críticas de ativistas do setor.
Os erros cometidos pelos governos petistas nesse campo foram centrais para a efetivação do golpe que derrubou Dilma do poder. É necessário, portanto, um giro de 180º na comunicação, com as devidas adaptações à vertiginosa era da pós-verdade em que nos encontramos.
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O governo Lula nem começou mas já está em disputa – como todo governo, aliás.
O papel da militância de esquerda é entrar nessa disputa de cabeça, e não dizer amém para tudo que o governo fizer. O governo sofre pressão de todos os lados; a esquerda precisa fazer o devido barulho quando ele estiver balançando para o lado de outros interesses que não os populares.
E cerrar fileiras com Lula quando suas ações estiverem caminhando para o lado certo.
Que o mercado continue passando nervoso.