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O “legalista” se revela

O Exército Brasileiro escalou um general para trabalhar na Assessoria Parlamentar (ASPAR) após 19 anos de sem indicar generais para a posição. A posição é um exotismo por si só por se tratar de um lobby regulamentado e bancado com recursos do Estado. Em outra palavras: o Estado brasileiro gasta recursos todos os anos para […]

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General Tomás Ribeiro Paiva, novo comandante do Exército Divulgação/Exército

O Exército Brasileiro escalou um general para trabalhar na Assessoria Parlamentar (ASPAR) após 19 anos de sem indicar generais para a posição.

A posição é um exotismo por si só por se tratar de um lobby regulamentado e bancado com recursos do Estado. Em outra palavras: o Estado brasileiro gasta recursos todos os anos para que uma de suas instituições possa fazer lobby no Congresso Nacional. Só tem um porém: é uma instituição armada!

E já dizia a velha máxima: “quem tem arma não negocia, ameaça!

O mentor da decisão é ninguém menos que o general Tomás Paiva, aquele que diz ser contra a política na caserna mas já foi gravado duas vezes fazendo política dentro do quartel e que vive de fazer constantes romarias até o Supremo Tribunal Federal para fazer mais política.

A decisão, inclusive, ocorre num momento onde uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito para apurar os atos de 8 de janeiro está para ser criada e uma também sob a sombra de uma possível crise entre base das forças armadas e cúpula e que esta coluna já cobriu seguidas vezes (ver aqui e aqui).

Com a derrota do Jair Bolsonaro, porém, com o espantalho da pseudo-tentativa de golpe do 8 de janeiro, os militares seguem fortalecidos em seu projeto de poder e evidências não faltam!

Por qual motivo o general Tomás Paiva defende o projeto do Ministro da Defesa, José Múcio, de que militares que ocuparem cargos no primeiro escalão do governo ou disputarem eleições sejam mandados para a reserva enquanto manda oficiais da ativa para fazerem lobby no Congresso? Alguém enxerga coerência nisso?

A única coerência talvez se deva ao fato de que a cúpula das forças armadas brasileiras não precisa ocupar cargos ou disputar eleições para exercer poder, basta que façam o que já fazem nos últimos 30 anos: lobby!

Eles estão nas assessorias de Ministros do Supremo Tribunal Federal, Congresso Nacional e em outras instâncias dos sistemas político e de justiça do Brasil.

Não é segredo para ninguém que generais possuem de escolher “relatores” para seus projetos de interesse no Congresso Nacional. Essa aproximação se dá por meio de condecorações, convites para eventos, brindes, entre outros, a fim de que, por interesse próprio, o parlamentar tenha se tornado um aliado dos militares, com alto grau de amizade e confiança.

Exagero? Vejam a quantidade de jornalistas, políticos e autoridades que estão presentes em eventos das forças armadas ou recebendo condecorações sem qualquer justificativa palpável.

Entre 2020 e 2022 o site Sociedade Militar reportou alguns destes casos de lobby escancarado através de condecorações, como a tentativa de conceder a condecoração da Ordem do Mérito Naval para magistrados em 2020 e os profissionais da Jovem Pan, Gazeta do Povo e Revista Oeste que receberam a Medalha Mérito Tamandaré em dezembro de 2022.

O que o general “antipolítica” está fazendo não é combater a política na caserna mas mantê-la como uma prática exclusiva da cúpula.

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Cleber Lourenço

Defensor intransigente da política, do Estado Democrático de Direito e Constituição. | Colunista n'O Cafézinho com passagens pelo Congresso em Foco, Brasil de Fato e Revista Fórum | Nas redes: @ocolunista_

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Comentários

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Paulo

17/04/2023 - 23h25

Não podemos ter ilusões. As FFAA têm que fazer política, no Brasil, e por duas razões: corporativismo, um mal no mundo, de fato, assim como no Brasil (mas que deve ser visto como meio, não como fim em si mesmo); um dever maior que criaram para si próprias, a partir do golpe de 1889, de promoverem – como garantes – a integridade territorial do país e, consequentemente, mais adiante, um regime de contenção dos ideários esquerdistas, que podem, se não contidos, nos conduzir à ruína. Quer queiram, quer não, temos um “destino manifesto”, como os EUA, só que de eclosão tardia…Porém de mais “perene” sobrevida…

William

17/04/2023 - 19h16

Farda, olhos azuis, olhar desafiador…o nosso Clebinho pira !! kkkkkkkkkkkkkkkk


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