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Camelô também é cidadão!

Entre arranha-céus, favelas, praias lotadas e paisagens naturais deslumbrantes, o Rio de Janeiro abriga uma figura resiliente, constante, e ao mesmo tempo quase invisível para o poder público. Falo do vendedor ambulante, chamado carinhosamente pelos cariocas de “camelô”, que comercializa por toda a cidade uma variedade infinita de produtos, desde alimentos até roupas e artesanato. […]

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Crédito: Justiça Global

Entre arranha-céus, favelas, praias lotadas e paisagens naturais deslumbrantes, o Rio de Janeiro abriga uma figura resiliente, constante, e ao mesmo tempo quase invisível para o poder público. Falo do vendedor ambulante, chamado carinhosamente pelos cariocas de “camelô”, que comercializa por toda a cidade uma variedade infinita de produtos, desde alimentos até roupas e artesanato.

O comércio ambulante é uma forma de subsistência para milhares de cariocas que, por diversas razões, encontram nessa atividade uma maneira de sustentar suas famílias. Muitos são atraídos pela flexibilidade que o comércio ambulante oferece, enquanto outros veem nessa atividade uma oportunidade em meio à falta de empregos formais.

Há também um fator racial importante. A cidade do Rio foi, durante séculos, um dos maiores centros de “distribuição” de escravos negros do mundo. O estado do Rio, por sua vez, tornou-se o maior produtor de café do país utilizando-se exclusivamente de trabalho escravo. Com a abolição, e a mudança da produção cafeeira para São Paulo, que passou a importar trabalhadores brancos da Europa, uma grande quantidade de brasileiros negros ficou sem emprego. O comércio ambulante foi a única saída, portanto, para muita gente, com a vantagem de constituir um trabalho “sem patrão”, uma condição agradável para brasileiros ainda traumatizados com o autoritarismo violento e desumano que governou as relações de trabalho para os negros deste país.

A vida de um vendedor ambulante está longe de ser fácil. Eles enfrentam uma série de desafios, desde a precariedade das condições de trabalho até a instabilidade política e econômica do país. A pandemia da Covid-19, entre os anos de 2020 e 2021, foi um período particularmente difícil para esses trabalhadores, com muitos enfrentando dificuldades terríveis para obter os recursos suficientes para alimentação e moradia. A explosão de moradores de rua na cidade desde então também se explica por esse período.

A maioria dos vendedores ambulantes reside em bairros da Zona Norte, como Madureira, e na Zona Oeste, como Santa Cruz. Esses bairros, muitas vezes distantes dos locais onde vendem seus produtos, tornam a dependência do transporte público uma dura realidade para esses trabalhadores. Isso destaca a necessidade de uma infraestrutura de transporte coletivo mais eficiente e acessível na cidade.

A renda familiar média dos vendedores ambulantes é de aproximadamente 1,5 salário mínimo, colocando-os entre as pessoas mais vulneráveis e mais necessitadas de apoio e políticas públicas. Uma pesquisa realizada pelo Observatório das Metrópoles revela que a maior parte dos camelôs já sofreram violência física ou verbal, abuso moral, material e apropriação indevida de mercadorias. No centro do Rio, poucos camelôs possuem licença para trabalhar. Este fato, segundo o estudo, torna esses trabalhadores ainda mais suscetíveis às hostilidades de agentes de segurança.

A repressão constante do poder público aos vendedores ambulantes é uma realidade preocupante, e por isso o nosso mandato tem procurado mediar a relação entre prefeitura e esses trabalhadores, para evitar que ocorram violências desnecessárias. Se a falta de empregos vem empurrando mais e mais pessoas para atividades informais, não é digno, por parte do Estado, agredir pessoas que apenas estão lutando por sua sobrevivência.

O trabalhador ambulante é um cidadão brasileiro, e como tal possui todos os direitos que a nossa Constituição lhes assegura!

Como vereador da cidade do Rio de Janeiro, é minha missão supervisionar as ações da prefeitura em relação aos trabalhadores do setor de comércio ambulante e propor soluções para as dificuldades vividas por eles. O comércio ambulante no Rio de Janeiro é, portanto, mais do que apenas uma atividade econômica. É uma expressão da resistência e da resiliência do povo carioca, que, apesar das adversidades, continua a lutar por uma vida melhor. É crucial que sejam feitos esforços para apoiar e proteger esses trabalhadores, tornando a cidade mais acolhedora para todos.

Se você é ambulante ou deseja ajudar a construir uma política pública melhor para este setor, entre em contato conosco! Siga nossas redes, ligue ou mande um email!

Por Edson Santos, vereador pelo Rio de Janeiro, pelo Partidos dos Trabalhadores
vereadoredsonsantos13@gmail.com

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