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Direita golpista tenta impedir posse de Arévalo na Guatemala

O presidente eleito da Guatemala, Bernardo Arévalo, denuncia um “golpe de Estado” para impedir que tome posse O líder progressista aponta a procuradora-geral Consuelo Porras como principal executora e convoca os setores que rejeitam a corrupção e o autoritarismo para derrotar as forças golpistas Por Evelyn Boche Ventura, de Ciudad de Guatemala, para El País […]

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O presidente eleito da Guatemala, Bernardo Arévalo, junto com a vice-presidente eleita, Karin Herrera, em uma coletiva de imprensa na Cidade da Guatemala nesta sexta-feira. Foto: Esteban Biba (EFE)

O presidente eleito da Guatemala, Bernardo Arévalo, denuncia um “golpe de Estado” para impedir que tome posse

O líder progressista aponta a procuradora-geral Consuelo Porras como principal executora e convoca os setores que rejeitam a corrupção e o autoritarismo para derrotar as forças golpistas

Por Evelyn Boche Ventura, de Ciudad de Guatemala, para El País – em 01 de setembro de 2023

O presidente eleito da Guatemala, Bernardo Arévalo de León, que venceu em 20 de agosto nas urnas com a aceitação de 61% dos eleitores, denunciou o avanço de um golpe de Estado para impedir que ele e os deputados eleitos pelo seu partido, o Movimento Semente, assumam o cargo em 14 de janeiro próximo. O sociólogo de 64 anos nomeou a procuradora-geral Consuelo Porras como a principal executora da avançada golpista que denunciou.

O golpe de Estado é dirigido “pelas instituições que deveriam garantir a justiça em nosso país lideradas pela procuradora-geral Consuelo Porras, pelo procurador Rafael Curruchiche e pelo juiz penal Freddy Orellana, bem como pela diretoria do Congresso da República e outros atores corruptos e antidemocráticos”, disse o presidente eleito em uma mensagem à população nesta sexta-feira ao meio-dia.

O presidente eleito fez um apelo à unidade de todos os setores da população e forças políticas legítimas para defender a vontade popular expressa nas urnas e derrotar as forças golpistas. A mensagem chega na véspera de uma série de ações e protestos para pedir a renúncia de Porras como procuradora-geral e chefe do Ministério Público. E ocorre em uma semana em que o Tribunal Supremo Eleitoral oficializou os resultados das eleições e, ao mesmo tempo, suspendeu provisoriamente o registro legal do partido de Arévalo, o Movimento Semente.

A suspensão atende à ordem emitida pelo juiz penal Fredy Orellana a pedido do procurador Rafael Curruchiche, que dirige várias investigações contra opositores e operadores de justiça anticorrupção no exílio. Embora a suspensão seja provisória e tenha sido recorrida pelo Semente, a diretoria do Congresso desconsiderou o partido e declarou como independentes os sete deputados do bloco, inclusive Arévalo, o presidente eleito.

Os promotores Porras e Curruchiche, bem como o juiz Orellana, aos quais Arévalo aponta como responsáveis pela ruptura institucional, fazem parte da lista Engel de atores corruptos e antidemocráticos do Departamento de Estado dos Estados Unidos. Porras cumpre um segundo mandato como procuradora-geral e chefe do Ministério Público, eleita pelo presidente Alejandro Giammattei. A designação dos EUA para Porras ocorreu depois que ela demitiu arbitrariamente o procurador anticorrupção Juan Francisco Sandoval, que cumpre dois anos no exílio. Antes de partir, Sandoval denunciou que Porras obstruiu várias investigações que atingiriam o presidente Giammattei.

“O aparato de justiça é usado para violar a própria justiça, desrespeitando a vontade popular expressa livremente nas urnas”, disse Arévalo. “Está sendo realizado passo a passo, por meio de ações espúrias, ilegítimas e ilegais, cujo objetivo é impedir a posse das autoridades eleitas, incluindo o presidente, a vice-presidente e nossos deputados e deputadas ao Congresso da República, enfraquecendo e negando os recursos, a autoridade e a legitimidade que constitucionalmente nos foi conferida pelo povo”, disse o sociólogo de 64 anos, que é filho do ex-presidente Juan José Arévalo Bermejo.

Nas eleições de 25 de junho, Semente ganhou 23 cadeiras e o desconhecimento do partido os impediria de integrar comissões legislativas e fazer parte da diretoria do Congresso. A marginalização do partido no poder enfraqueceria o governo de Arévalo, segundo especialistas consultados por EL PAÍS.

Chamado à unidade
O governante eleito fez um apelo àqueles que rejeitam a corrupção e o autoritarismo “para derrotar as forças golpistas”. “Fazendo um apelo a todos os povos da Guatemala, à sociedade civil, a empresários e trabalhadores, ao movimento popular, às igrejas e às autoridades indígenas, às forças políticas legítimas, aos estudantes e à academia, às autoridades eleitas, à juventude e a todos os guatemaltecos que rejeitam a corrupção e o autoritarismo para unir forças em defesa da democracia e do respeito irrestrito à vontade popular”, exclamou Arévalo durante seu discurso que inflamou as redes sociais.

“Fazendo um apelo para que nos unamos para derrotar as forças golpistas que pretendem nos manter submersos na corrupção, na impunidade e na pobreza, para defendermos o direito político mais sagrado que temos, que é a participação política e a governança do país”, acrescentou.

Arévalo também destacou a importância do apoio internacional contra os atos antidemocráticos. “Agradeço e reconheço o apoio que estamos recebendo de diferentes forças políticas, sociais e sindicais da comunidade internacional”, disse.

“Juntos, podemos construir uma Guatemala mais justa, solidária e inclusiva para todos”, concluiu o presidente eleito da Guatemala.

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Comentários

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Paulo

04/09/2023 - 23h19

“Democracia é quando eu mando em você. Ditadura é quando você manda em mim”.

De fato, Almirante Nélson, o Millôr tinha razão. Mas repare que essa é uma via de mão dupla…

Nelson

04/09/2023 - 15h43

“Democracia é quando eu mando em você. Ditadura é quando você manda em mim”.
Esta frase, cunhada pelo genial Millôr Fernandes, resume tudo.

É assim que a direita guatemalteca, certamente acompanhada de outros, supostos sociais-democratas, entreguistas, sob as ordens, é claro, do governo dos Estados Unidos, não aceita o mais mínimo sinal de mudanças que possam vir a desafogar um pouco a vida do povo de seu país.

A ameaça de golpe pode se concretizar, se o governo democrático (sic) dos EUA assim o quiser. Caso contrário, deverá, pelo menos, servir, estrategicamente, para impor limites, condicionalidades, ao novo governo, deixá-lo permanentemente sob tensão, numa democracia tutelada, de fachada, para que não consiga cumprir um programa em favor do país e seu povo.


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