Os perfuradores de petróleo dos EUA estão mantendo suas promessas de moderar os gastos para aumentar a produção, mantendo o maior produtor de petróleo bruto do mundo no caminho para um crescimento mais lento em 2024, o que pode aliviar a pressão sobre a OPEC+ para fazer mais cortes na oferta neste fim de semana.
Os EUA impulsionaram o crescimento da oferta global de petróleo de produtores fora da OPEC ao longo da maior parte da última década, devido à revolução do xisto e aos avanços em tecnologia e eficiência que aumentaram a produção.
No ano passado, a produção de petróleo bruto dos EUA surpreendeu positivamente, crescendo mais de um milhão de barris por dia, para 12,93 milhões de bpd, bem acima dos aproximadamente 400.000 bpd que o governo previu no início de 2023.
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e os produtores aliados do grupo conhecido como OPEC+ aprofundaram os cortes na oferta no ano passado, em parte para compensar o aumento da produção dos EUA e de outros produtores fora da OPEC. Os cortes totais da OPEC+ somam 5,86 milhões de bpd, equivalente a cerca de 5,7% da demanda global.
A OPEC+ está trabalhando em um acordo complexo que permitirá ao grupo estender alguns desses cortes até 2025, disseram três fontes familiarizadas com as discussões da OPEC+ na quinta-feira.
À medida que a OPEC+ se reúne no domingo para considerar a política de oferta, os aumentos na produção dos EUA continuam a impulsionar os ganhos na produção fora da OPEC+, mas representarão uma ameaça menor do que em 2023.
A última previsão do governo é que a oferta de petróleo bruto dos EUA aumente em cerca de 270.000 bpd este ano. Isso é semelhante à própria previsão da OPEC para o crescimento da produção de petróleo bruto e condensado dos EUA, de 300.000 bpd.
A Agência Internacional de Energia (IEA) espera um crescimento maior da produção dos EUA, de 640.000 bpd. Os três são os previsores mais observados de perto, e todos ficaram bem abaixo do número do ano passado.
A OPEC espera que o crescimento da demanda global de 2,2 milhões de bpd supere o crescimento da oferta dos produtores de petróleo fora do grupo OPEC+ em cerca de um milhão de bpd em 2024. Isso implicaria que a demanda por petróleo da OPEC+ deveria ser cerca de 900.000 bpd a mais do que em 2023, disse o grupo em seu relatório mensal do mercado de petróleo de maio.
A IEA espera um crescimento da demanda global muito menor, de 1,1 milhão de bpd, e pouca mudança na demanda por petróleo da OPEC.
POUCA MUDANÇA ATÉ AGORA
A produção total de petróleo bruto dos EUA mudou pouco até agora este ano. A produção em abril foi de cerca de 13,13 milhões de bpd, abaixo dos 13,26 milhões de bpd em dezembro.
Os produtores dos EUA parecem improváveis de surpreender positivamente da mesma forma que fizeram em 2023, mesmo com os preços do petróleo pairando perto de 80 dólares por barril, disseram executivos da indústria e analistas.
“Nossos clientes estão permanecendo muito conservadores e disciplinados”, disse Paul Mosvold, diretor de operações da perfuradora contratada Scandrill.
“Tem sido surpreendente que a contagem de sondas não tenha aumentado mais, dado os preços atuais.”
Sua empresa está mantendo os gastos de capital estáveis e adiando atualizações de suas sondas para alinhar melhor com um crescimento de perfuração mais plano. Planeja operar 12 sondas até o final do ano e reimplantar algumas mais no próximo ano.
A contagem de sondas de petróleo dos EUA caiu para 496, uma queda de 13% em relação aos níveis do ano passado, de acordo com dados da Baker Hughes.
“Os EUA têm a capacidade de crescer em 1 milhão de bpd por vários anos, mas atualmente não há desejo de crescer nesse ritmo”, disseram analistas da S&P em uma nota na quinta-feira.
A S&P Global Commodity Insights espera um aumento de 470.000 bpd na produção de petróleo bruto e condensado dos EUA este ano.
CRESCIMENTO DISCIPLINADO
Os produtores americanos de capital aberto têm limitado os gastos com crescimento nos últimos anos, sob pressão dos investidores, após gastos desenfreados terem impulsionado um crescimento acelerado, mas com retornos limitados do setor de xisto nos anos 2010.
Os aumentos de produção superiores ao esperado nos últimos anos foram impulsionados em parte por produtores privados, alguns dos quais estão agora sendo engolidos por uma onda de consolidação que atinge o setor. Eles aumentaram a produtividade perfurando poços mais longos e fraturando a rocha para produzir petróleo de mais poços ao mesmo tempo.
“Espero que, apesar da recente onda de consolidações, vejamos os preços atuais do petróleo continuarem e ajudarem a sustentar ganhos moderados no crescimento geral da produção de petróleo dos EUA, à medida que a melhoria constante nas eficiências de perfuração e conclusão continua”, disse Timothy Roberson, presidente da Texas Standard Oil.
As empresas de serviços petrolíferos, como a SLB (SLB.N), estão prevendo mais crescimento nos mercados internacionais este ano, em vez da América do Norte. Suas receitas internacionais no primeiro trimestre cresceram 18% este ano, enquanto as receitas norte-americanas caíram 6%, em parte devido à consolidação.
“Houve uma mudança de estratégia nos últimos anos, com um foco mais forte na disciplina de capital, resultando em uma reação diferente”, disse Giovanni Staunovo, analista do banco UBS, que acredita que a OPEC+ estenderá seus cortes voluntários.
Ainda assim, espera-se que os EUA, juntamente com Canadá, Brasil e Guiana, liderem o crescimento da produção de petróleo e líquidos este ano. A produção de líquidos de petróleo da OPEC+ deve diminuir em 1 milhão de bpd este ano, enquanto o suprimento de não-membros crescerá em 1,4 milhão de bpd, disse a EIA em março.
“A OPEC+ aprendeu a conviver com o crescimento da produção de petróleo dos EUA”, disse Staunovo do UBS.
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