Uma delegação de parlamentares associados ao ex-presidente Bolsonaro está organizando uma viagem aos Estados Unidos imediatamente após as eleições americanas, marcadas para a próxima terça-feira. A missão tem como objetivo estabelecer laços com membros radicais do Partido Republicano para exercer pressão sobre as instituições brasileiras.
De acordo com uma coluna de Jamil Chade para o UOL, há preocupações no Palácio do Planalto de que uma vitória de Donald Trump possa transformar a Casa Branca em um centro de apoio para grupos de extrema direita em toda a América Latina, inclusive no Brasil.
A revelação veio à tona este fim de semana de que ex-conselheiros de Trump teriam proposto um projeto que busca redirecionar fundos de ajuda ao desenvolvimento dos EUA para financiar grupos contrários aos movimentos de esquerda na região.
Em resposta, parlamentares brasileiros enviaram na segunda-feira (4) uma carta a membros do Congresso dos EUA, incluindo figuras proeminentes que investigaram os ataques ao Capitólio em 2021. A carta, organizada pelo Instituto Vladimir Herzog e assinada por senadores como Eliziane Gama e Humberto Costa, além de deputados como Henrique Vieira e Jandira Feghali, alerta sobre os riscos representados pela visita.
Os signatários da carta expressam preocupação com a possibilidade de que a operação dos parlamentares bolsonaristas ganhe força caso Trump seja reeleito. A viagem incluirá figuras como Marcel Van Harten e Bia Kicis, que têm sido vocais em suas críticas ao que chamam de “ditadura judicial” no Brasil, uma narrativa que eles pretendem promover durante a visita.
A carta alerta que essa retórica tem sido amplificada por figuras como Elon Musk, que recentemente fechou o escritório do X (anteriormente Twitter) no Brasil após o mesmo desobedecer ordens judiciais para conter a propagação de informações falsas. Allan dos Santos, blogueiro bolsonarista e foragido da justiça, também é mencionado como parte dessa rede de desinformação.
Os parlamentares brasileiros assinalam que a visita tem como objetivo buscar apoio de políticos americanos que se opõem às instituições democráticas e ao sistema judicial, utilizando alegações de “perseguição política” para justificar seus atos. A carta também menciona uma recente solicitação de parlamentares republicanos ao Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, para que revogue vistos de ministros do Supremo Tribunal Federal do Brasil, incluindo Alexandre de Moraes.
A missiva destaca ainda o “No Funding or Enforcement of Censorship Abroad Act”, um projeto de lei que visa cortar financiamentos de iniciativas contra desinformação e restringir a colaboração entre agências dos EUA e do Brasil. Os parlamentares brasileiros veem esses esforços como uma tentativa clara de deslegitimar o trabalho das instituições democráticas brasileiras e enfraquecer a colaboração internacional crucial para a proteção da democracia e o combate à desinformação.
A carta reforça o compromisso do Brasil com a democracia, apesar dos ataques constantes a suas instituições e alerta para a ameaça que esses grupos extremistas representam à estabilidade política e às instituições democráticas do país.
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