O juiz federal Eduardo Appio, que inspirou “Tudo por dinheiro”, um livro histórico de Salvio Kotter sobre os crimes cometidos por operadores jurídicos da Lava Jato, alertou que os agentes públicos de Brasília precisam mostrar mais “coragem” e menos “blefe e intimidação”.
Appio opinava num grupo público, do qual fazem parte alguns jornalistas, sobre a Contragolpe, recente operação da Polícia Federal, e o indiciamento de 37 figurões da política e das forças armadas, incluindo o ex-presidente da república, Jair Bolsonaro. A PF acusa-os de tramar um golpe de Estado, que incluiria o assassinato do presidente Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do então presidente do TSE, o ministro Alexandre de Moraes.
A mensagem passou a circular em diverso grupos e Appio me autorizou a divulgá-la.
Para Appio, a coragem de Alexandre de Moraes precisa chegar aos demais agentes públicos de Brasília.
Mensagem completa de Appio:
“Acredito que o que falta aos demais agentes públicos em Brasília é justamente o que sobra ao Ministro Alexandre de Moraes: coragem para enfrentar desafios e fazer acontecer.
Assim como na Lava Jato, vemos muito blefe e intimidação, mas, na prática, muitos se mostram inertes, quase covardes.
É hora de superar o medo e a hesitação diante de caras feias.
Não podemos deixar para as futuras gerações um país marcado pela covardia.”
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Entrei em contato com Appio para lhe perguntar se ele via alguma correspondência entre os crimes perpetrados por agentes da Lava Jato, conforme ele denuncia no livro de Kotter, e os crimes que estão sendo revelados nos últimos dias, pela Polícia Federal, de tentativa violenta de abolir a democracia.
O juiz respondeu que sim, que vê uma linha de continuidade nos crimes contra a república e a democracia, sobretudo a partir do impeachment de Dilma, “anabolizado” pela divulgação ilegal, por Sergio Moro, de uma interceptação telefônica da presidente da república.
“Parecem-me a sequência de uma mesma história que começou com o impeachment de Dilma, devidamente anabolizado pela indevida divulgação de uma interceptação dolosa e ilegal do telefone da Presidente Dilma.
O Judiciário federal da quarta região foi colonizado e armado para atingir determinados alvos políticos, tal qual um sniper jurídico.
Não sei se houve treinamento formal de Moro e Dallagnol, mas as táticas dos Kids de Curitiba estão evidenciadas pelos fatos e pelas narrativas da Vazajato”, disse Appio.
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