O prefeito de Bucareste, Nicusor Dan, foi eleito presidente da Romênia neste domingo, 18, após derrotar o candidato de extrema direita George Simion no segundo turno das eleições presidenciais. Com 99% das urnas apuradas, Dan obteve 53,99% dos votos, contra 46,01% de Simion, segundo dados divulgados pela Comissão Eleitoral Central.
A eleição foi realizada sob forte observação internacional, em meio a um cenário de polarização política e preocupações sobre interferência externa. O processo eleitoral ganhou atenção após o primeiro turno, realizado em 4 de maio, ter sido anulado pelo Tribunal Constitucional da Romênia. Na ocasião, a corte acatou denúncias de ingerência russa em benefício do então favorito Călin Georgescu, de perfil ultranacionalista.
Com a anulação da primeira votação, o novo pleito foi reorganizado, e a participação dos eleitores aumentou significativamente. O comparecimento no segundo turno atingiu 64,72%, um crescimento em relação aos 53% registrados na primeira etapa do processo.
De acordo com analistas, o aumento da participação está relacionado à mobilização de eleitores preocupados com os rumos da política externa do país, especialmente quanto à permanência na União Europeia e na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
Durante a campanha eleitoral, Nicusor Dan defendeu a continuidade da integração da Romênia às instituições europeias e a implementação de medidas de combate à corrupção. Após a divulgação do resultado, Dan declarou: “As eleições não são sobre políticos, são sobre comunidades. E a comunidade que venceu hoje quer mudanças profundas”.
O adversário derrotado, George Simion, não reconheceu o resultado das urnas. Em declaração pública, ele alegou fraude eleitoral e anunciou que seu partido, a Aliança para a União dos Romenos (AUR), solicitará uma recontagem dos votos. A Comissão Eleitoral ainda não se pronunciou sobre as alegações feitas pela oposição.
A votação deste domingo também foi marcada por denúncias de campanhas de desinformação disseminadas por redes sociais e plataformas digitais.
Segundo as autoridades eleitorais romenas, houve indícios de tentativas de manipulação da opinião pública por meio da circulação de conteúdos falsos, com origem em fontes estrangeiras. Os órgãos responsáveis pela segurança do pleito reforçaram o monitoramento das redes e identificaram ações coordenadas voltadas à desestabilização do processo.
A eleição de Dan reverte o cenário do primeiro turno, quando George Simion obteve aproximadamente 40,5% dos votos e Dan registrou cerca de 21%. A virada ocorreu após a reorganização da campanha e a consolidação de alianças com partidos e grupos que se opunham ao avanço de candidaturas de extrema direita.
Com a confirmação de sua vitória, Nicusor Dan assume a presidência da Romênia com o desafio de manter a estabilidade política e assegurar a continuidade das reformas exigidas pela União Europeia. Entre as prioridades estão a modernização administrativa, o combate a práticas ilícitas na gestão pública e o fortalecimento institucional diante de pressões externas.
Dan, que atuou como matemático e ativista antes de ingressar na política institucional, construiu sua trajetória como defensor de pautas urbanas e transparência administrativa. Em Bucareste, liderou projetos voltados à requalificação de espaços públicos e à racionalização de despesas municipais, o que contribuiu para sua projeção nacional.
A relação da Romênia com a União Europeia será um dos principais pontos da nova gestão. A manutenção do acesso a fundos europeus depende do cumprimento de metas relacionadas à governança, integridade pública e cooperação internacional. A agenda do novo governo deverá ser acompanhada de perto por instituições europeias e aliados estratégicos.
No campo político interno, a formação de um governo estável será uma das primeiras tarefas do novo presidente. O atual cenário parlamentar romeno é fragmentado, o que exige articulação entre partidos e coalizões para garantir a aprovação de projetos e a execução do plano de governo.
A presidência de Nicusor Dan começa em um momento de tensão geopolítica regional, com a guerra na Ucrânia ainda em curso e crescentes preocupações com a influência de potências externas nos países do Leste Europeu. Nesse contexto, a postura diplomática da Romênia e suas decisões estratégicas poderão influenciar a estabilidade da região nos próximos anos.
A Comissão Eleitoral Central informou que o resultado final deve ser homologado nas próximas 48 horas. Até o momento, a observação internacional não relatou irregularidades generalizadas durante a votação. Organizações europeias que acompanharam o pleito elogiaram a transparência do processo e o nível de participação popular.
O novo presidente tomará posse nas próximas semanas, conforme o calendário oficial estabelecido pela legislação eleitoral romena.
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