A China revelou um novo sistema de radar de ondas métricas com capacidade para detectar aeronaves furtivas de quinta geração, como os modelos F-22 e F-35 da Força Aérea dos Estados Unidos.
O radar, denominado JY-27V, foi apresentado pela estatal China Electronics Technology Group Corporation (CETC) durante uma exposição especializada realizada entre sábado e segunda-feira na cidade de Hefei, província de Anhui, segundo informações da agência estatal Xinhua.
O JY-27V opera na faixa de frequência muito alta (VHF) e é montado sobre um caminhão militar, o que permite mobilidade em diferentes terrenos. De acordo com a CETC, o equipamento tem a capacidade de localizar “alvos extremamente furtivos” e orientar sistemas de defesa aérea para execuções de ataques com precisão.
Segundo a empresa desenvolvedora, o novo radar é uma versão aprimorada do modelo JY-27A, introduzido em 2016. As melhorias incluem uma antena maior, frequência mais baixa, aumento da potência de abertura e algoritmos de inteligência otimizados.
Essas características técnicas visam aumentar a capacidade de detecção de aeronaves com baixa assinatura de radar. “Quanto maior o diâmetro da antena, maior o alcance de detecção”, afirmou Xu Haizhou, cientista da CETC, durante a apresentação do equipamento.
A antena do radar é composta por um painel de varredura eletrônica ativa (AESA) de grandes dimensões, capaz de ser desdobrado e colocado em operação em poucos minutos.
O mesmo sistema pode ser retraído automaticamente para facilitar uma evacuação rápida. Xu destacou que o processo de desdobramento e recolhimento do equipamento é silencioso, o que reduz a exposição operacional.
Os radares VHF operam em frequências entre 30 e 300 MHz, com comprimentos de onda que variam de 1 a 10 metros. Essas características tornam o JY-27V menos suscetível ao tipo de camuflagem aplicado em aeronaves furtivas, cuja eficácia está concentrada em comprimentos de onda inferiores a 0,1 metro.
De acordo com especialistas do setor, as partes maiores das aeronaves, como asas e cauda, apresentam ressonância significativa com ondas VHF, o que aumenta a visibilidade dos caças para esse tipo de radar.
O uso de ondas métricas, no entanto, apresenta desafios técnicos. Entre as limitações estão a existência de zonas cegas em baixa altitude, dificuldades para rastreamento em terrenos irregulares, cobertura aérea descontínua e menor precisão na localização dos alvos.
Além disso, a necessidade de antenas de grande porte torna os sistemas alvos mais vulneráveis a ataques antecipados. Apesar dessas restrições, a CETC afirma ter superado parte dos obstáculos e reforçado a eficácia dos radares de três coordenadas com base nessa tecnologia.
“O JY-27V apresenta alta capacidade de detecção, precisão e mobilidade. Fizemos muito trabalho em materiais, nível de integração e processamento de software do usuário final para resolver esses problemas principais”, afirmou Xu, segundo a agência Xinhua.
Além do JY-27V, a exposição em Hefei contou com a apresentação de outros sistemas de radar avançados desenvolvidos pelo complexo industrial militar chinês.
Entre os destaques, estava um radar de alerta antecipado de longo alcance semelhante ao PAVE PAWS (Precision Acquisition Vehicle Entry Phased Array Warning System), utilizado pelos Estados Unidos para rastreamento de mísseis balísticos. Também foram exibidas tecnologias de interceptação estratégica e um radar multifuncional de banda S destinado ao acompanhamento de mísseis.
O radar antecessor, JY-27A, foi um dos primeiros modelos chineses apresentados com foco na detecção de aeronaves furtivas. Ele foi revelado durante o show aéreo de Zhuhai em 2016, juntamente com o radar YLC-8B, que opera em frequências ultra-altas (UHF).
No mesmo ano, a Marinha chinesa declarou ter identificado “alvos não identificados” sobre a zona de identificação de defesa aérea no Mar da China Oriental. Posteriormente, relatórios sugeriram que esses alvos eram aeronaves F-22 norte-americanas, possivelmente detectadas por sistemas como o JY-27A ou YLC-8B a distâncias superiores a 250 km.
O avanço na tecnologia de radares de ondas métricas ocorre em um contexto de intensificação da competição tecnológica militar entre China e Estados Unidos, especialmente em áreas de vigilância aérea, defesa antimísseis e combate eletrônico.
A capacidade de detectar aeronaves furtivas, anteriormente vistas como indetectáveis por sistemas convencionais, representa um fator estratégico relevante na configuração de novos cenários de dissuasão e resposta.
Segundo analistas, o desenvolvimento contínuo de sistemas de radar baseados em ondas VHF e UHF indica uma mudança de foco nas prioridades da defesa chinesa. A integração dessas tecnologias com plataformas móveis e sistemas de comando em tempo real poderá aumentar a autonomia operacional do Exército de Libertação Popular em cenários de conflito envolvendo aeronaves furtivas de longo alcance.
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