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Cientistas descobrem vazamento de ouro no núcleo da Terra

Uma pesquisa publicada na revista científica Nature revelou indícios de que metais preciosos como ouro, platina e rutênio estão migrando do núcleo da Terra em direção à crosta, contrariando a concepção de que o núcleo metálico estaria isolado das demais camadas internas do planeta. A investigação foi conduzida por cientistas da Universidade de Göttingen, na […]

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Uma pesquisa publicada na revista científica Nature revelou indícios de que metais preciosos como ouro, platina e rutênio estão migrando do núcleo da Terra em direção à crosta, contrariando a concepção de que o núcleo metálico estaria isolado das demais camadas internas do planeta. A investigação foi conduzida por cientistas da Universidade de Göttingen, na Alemanha, em parceria com pesquisadores do Reino Unido e dos Estados Unidos.

Os dados foram obtidos a partir da análise de amostras de rochas vulcânicas do Havaí, formadas a partir de magma originado em regiões profundas do manto terrestre. A presença de isótopos incomuns de rutênio nessas amostras foi considerada um indicativo de que o material teria vindo de camadas mais profundas do que aquelas tradicionalmente associadas ao manto.

A composição isotópica do rutênio analisado difere da habitual no manto terrestre, sugerindo que sua origem está relacionada ao núcleo do planeta. Com base nessa hipótese, os pesquisadores desenvolveram técnicas de alta precisão para análise isotópica, com o objetivo de rastrear a procedência dos elementos presentes nas amostras.

O geoquímico Nils Messling, autor principal do estudo, destacou a relevância dos dados obtidos. “Nossos dados mostraram que materiais do núcleo terrestre, incluindo ouro e outros metais nobres, estão escapando e migrando para o manto”, declarou em nota oficial. A observação da presença de metais nobres com assinatura isotópica distinta fortaleceu a ideia de que há um intercâmbio de material entre o núcleo e as camadas superiores do planeta.

A equipe científica aponta que o transporte desses metais ocorre por meio do processo conhecido como convecção do manto, em que rochas parcialmente derretidas se deslocam lentamente das profundezas em direção à superfície terrestre. A movimentação, segundo o estudo, permite que vestígios de elementos originalmente presentes no núcleo se incorporem ao magma e eventualmente atinjam a crosta.

A hipótese contraria modelos anteriores segundo os quais o núcleo, composto majoritariamente por ferro e níquel, estaria isolado do manto devido a diferenças de densidade e estado físico entre as camadas internas. Os novos dados sugerem, no entanto, a existência de um transporte mínimo, mas contínuo, de materiais do núcleo para o manto superior.

O coautor Matthias Willbold afirmou que os resultados abrem possibilidades para futuras pesquisas sobre a origem dos metais nobres na crosta terrestre e sobre processos semelhantes em outros planetas. “A pesquisa revela que o núcleo não é tão isolado como se pensava anteriormente”, afirmou.

Estudos anteriores já haviam indicado que mais de 99% do ouro presente na Terra estaria concentrado no núcleo. Segundo estimativas utilizadas pelos cientistas, caso todo esse metal fosse extraído e distribuído de forma uniforme, seria possível formar uma camada de cerca de 50 centímetros ao redor da superfície do planeta. A nova pesquisa sugere que uma fração desse conteúdo pode estar, gradualmente, sendo transferida para camadas mais acessíveis.

Além do ouro, elementos como platina e rutênio, considerados metais nobres devido à sua baixa reatividade e estabilidade química, também foram identificados nas amostras. Esses metais possuem ampla aplicação industrial e tecnológica, e sua origem geológica tem sido objeto de interesse tanto da ciência quanto da indústria de mineração.

Os resultados do estudo foram obtidos após a implementação de métodos analíticos que permitiram distinguir variações mínimas nos isótopos dos metais, o que até então era tecnicamente inviável. A equipe utilizou espectrometria de massa de alta resolução para comparar os elementos encontrados nas rochas havaianas com aqueles presentes em outros tipos de formações geológicas.

Os pesquisadores destacaram que, embora a quantidade de material transferido do núcleo para o manto seja extremamente pequena em termos relativos, o processo é significativo do ponto de vista geológico, especialmente por desafiar pressupostos sobre a estrutura interna da Terra. A descoberta poderá contribuir para revisões em modelos de formação planetária e distribuição de elementos químicos em escala global.

A pesquisa ainda será aprofundada com a análise de amostras de outras regiões do planeta, o que poderá confirmar a ocorrência do mesmo fenômeno em diferentes contextos geológicos. A continuidade dos estudos também poderá ampliar a compreensão sobre as condições que permitem o transporte de materiais entre as camadas internas da Terra e o impacto desse processo na composição química da crosta.

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