Levantamentos recentes indicam que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem registrado avanço em sua popularidade não apenas em sondagens contratadas pelo governo, mas também em pesquisas realizadas pelo Partido Liberal (PL), sigla comandada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. A informação foi divulgada nesta segunda-feira (14) pela jornalista Bela Megale, em coluna publicada pelo jornal O Globo.
Segundo a reportagem, o presidente apresentou um crescimento de cerca de dois pontos percentuais nas pesquisas estaduais internas do PL no último mês. O dado chamou atenção da cúpula do partido, especialmente pelo contexto em que se dá o avanço: um período marcado por declarações públicas de Lula com ênfase no enfrentamento à elite econômica e pela retórica de oposição entre “ricos e pobres”.
Além disso, a resposta direta do governo brasileiro ao tarifaço imposto pelos Estados Unidos, sob a presidência de Donald Trump em seu segundo mandato, tem sido apontada como um fator de influência nas movimentações do eleitorado. A combinação entre posicionamentos econômicos e embates internacionais tem produzido efeitos que passaram a ser monitorados com atenção por setores da direita.
PL avalia que crescimento tem limites, mas monitora cenário
De acordo com Bela Megale, a avaliação predominante no comando do Partido Liberal é de que a alta nas intenções de voto em Lula ainda encontra limitações e que oscilações modestas são o cenário mais provável. A estratégia entre os principais líderes do bolsonarismo seria conter reações negativas entre aliados e evitar sinais de instabilidade entre as bases mais fiéis ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Nos bastidores, no entanto, o impacto das medidas protecionistas de Donald Trump é motivo de preocupação. A dúvida central é como a imposição de tarifas por parte dos Estados Unidos pode influenciar a percepção do eleitor brasileiro, em especial diante da proximidade simbólica entre Bolsonaro e Trump construída nos últimos anos.
A aproximação política entre os dois ex-presidentes sempre foi um pilar do discurso bolsonarista. Nesse contexto, medidas adotadas por Trump que possam ser vistas como prejudiciais ao Brasil têm potencial de abalar a imagem da direita nacional, segundo interpretações de integrantes do próprio PL.
Reação de Lula ao tarifaço repercute entre eleitores econômicos
O enfrentamento ao tarifaço norte-americano e a defesa da soberania nacional foram posicionamentos adotados publicamente por Lula nas últimas semanas. O discurso ganhou eco entre eleitores sensíveis às consequências econômicas das decisões internacionais, especialmente em setores onde o presidente tradicionalmente enfrenta maior resistência.
A retórica de proteção aos interesses do país foi associada, por integrantes do Planalto, à tentativa de consolidar apoio em regiões de maioria conservadora. O movimento, segundo observadores, pode estar produzindo efeitos tangíveis ao atrair uma parcela do eleitorado historicamente ligada ao bolsonarismo, mas que reage a questões econômicas com pragmatismo.
Ainda segundo a coluna de Bela Megale, dados internos do PL apontam que até mesmo eleitores identificados com a direita demonstraram recepção favorável ao discurso de Lula sobre o papel do Brasil no comércio global. A rejeição ao protecionismo internacional, nesse cenário, ganhou destaque como um ponto de convergência política inesperado.
Nova dinâmica eleitoral pressiona oposição a rever estratégias
O crescimento do presidente nas sondagens internas de adversários políticos reacende discussões sobre os rumos da disputa eleitoral nos próximos anos. Embora integrantes do PL tentem reduzir o impacto simbólico das movimentações, o levantamento indica uma reconfiguração em andamento no eleitorado.
Esse novo cenário obriga partidos de oposição a buscar formas de reposicionar suas mensagens e ampliar o alcance de suas narrativas. Com o discurso de Lula encontrando ressonância fora dos círculos tradicionais da esquerda, abre-se uma disputa direta por setores médios da população e pelo eleitorado economicamente sensível.
Em termos estratégicos, o resultado das pesquisas internas representa um indicativo de que o campo político bolsonarista pode enfrentar desafios maiores do que os projetados até então. O fortalecimento de Lula em redutos onde historicamente enfrentou resistência representa um componente novo no xadrez eleitoral.
Por ora, a principal aposta do PL continua sendo a de que o avanço do presidente será limitado. No entanto, a movimentação acelerada do cenário político e o peso das decisões internacionais impõem uma vigilância contínua. A repercussão do tarifaço, somada à retórica de enfrentamento adotada por Lula, coloca a direita brasileira diante de uma equação que exige reavaliação constante de estratégias.


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