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Itaipu quer construir novas turbinas após previsão de aumento no consumo de energia pelo Paraguai

A usina hidrelétrica de Itaipu pode passar por sua primeira expansão estrutural desde o início das operações, com a possível adição de duas novas unidades geradoras. A medida está sendo estudada diante da projeção de que o Paraguai consumirá, até 2035, 50% da energia a que tem direito, o que impactará diretamente a disponibilidade de […]

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A usina hidrelétrica de Itaipu pode passar por sua primeira expansão estrutural desde o início das operações, com a possível adição de duas novas unidades geradoras. A medida está sendo estudada diante da projeção de que o Paraguai consumirá, até 2035, 50% da energia a que tem direito, o que impactará diretamente a disponibilidade de energia atualmente utilizada pelo Brasil.

A informação foi confirmada pelo diretor-geral brasileiro da hidrelétrica binacional, Enio Verri. “É inevitável, isso vai ocorrer”, afirmou Verri, ao falar sobre o aumento do consumo paraguaio. Segundo ele, qualquer decisão sobre a expansão dependerá de estudos técnicos, sociais e ambientais, além de viabilidade econômica e acordo bilateral entre Brasil e Paraguai.

O crescimento da demanda energética do Paraguai é atribuído à instalação de data centers, servidores de inteligência artificial e atividades de mineração de criptomoedas. Esses setores têm alto consumo de energia elétrica e vêm ganhando espaço no país vizinho.

A usina de Itaipu, localizada na fronteira entre Foz do Iguaçu (Brasil) e Ciudad del Este (Paraguai), responde por cerca de 9% da energia consumida no Brasil. Atualmente, a estrutura conta com 20 turbinas, cada uma com potência de 700 megawatts (MW), totalizando 14 mil MW de capacidade instalada. Há espaço físico para a instalação de mais duas unidades, o que representaria um aumento de até 10% na quantidade de turbinas.

Enio Verri destacou que o aumento do número de turbinas não garante, necessariamente, uma expansão proporcional da capacidade de geração. “Pode ser para menos, com turbinas menos produtivas, ou para mais, com novas tecnologias que permitam produzir mais com menos recursos”, explicou.

Sobre a possibilidade de elevar o nível do reservatório em um metro, Verri descartou vincular esse estudo à ampliação das turbinas. “Nós temos comunidades, tem os efeitos sobre a população. Uma coisa é você construir uma usina na ditadura militar. Outra coisa é você construir uma usina agora”, afirmou. A barragem atual cobre uma área de 1.350 km², com 29 bilhões de metros cúbicos de volume de água e 170 km de extensão.

Apesar da previsão de aumento da demanda, o diretor afirmou que o projeto de expansão ainda não é viável economicamente. “Hoje não viabiliza”, disse. Ele também declarou que não há prazo definido para o início do projeto: “Estamos discutindo só a data em que estaremos maduros o suficiente para esse investimento”.

O financiamento, segundo ele, deverá vir de instituições multilaterais ou nacionais, como o Banco Mundial e o BNDES. A proposta é amortizar o investimento por meio de uma taxa na tarifa de energia. “Valor pequeno, você mantém isso na tarifa como custeio e, com isso, consegue pagar o financiamento das duas usinas”, explicou.

O diretor lembrou que, por ser uma hidrelétrica binacional, todas as decisões relacionadas à ampliação precisam ser aprovadas por Brasil e Paraguai, incluindo os respectivos parlamentos.

Desde o início das operações em 1985, o tratado de Itaipu estabelece que cada país tem direito a 50% da energia gerada. O excedente não utilizado pode ser vendido ao país vizinho a preço de custo. Historicamente, o Brasil tem consumido a maior parte dessa energia. Em 2024, o Brasil utilizava 69% da produção e o Paraguai, 31%.

Projeções da Administração Nacional de Eletricidade do Paraguai (Ande) indicam que o país atingirá 50% de uso da energia da usina até 2035. O diretor-técnico paraguaio da Itaipu, Hugo Zárate, informou que o crescimento do consumo em 2023 superou 14%. “Tivemos no ano passado um crescimento superior a 14% no consumo de energia”, afirmou.

Zárate explicou que esse aumento se deve ao uso intensivo da energia por empreendimentos de mineração de criptomoedas. Além disso, há contratos para atrair data centers e servidores de inteligência artificial ao território paraguaio, o que deverá ampliar ainda mais a demanda energética.

A partir de 2027, o destino da energia excedente poderá ser alterado. Um acordo entre os países prevê que cada nação terá liberdade para negociar sua parte da produção, incluindo a possibilidade de venda no mercado livre brasileiro ou para outros países. “Cada um pode fazer o que quiser com essa energia no seu país”, disse Enio Verri.

O diretor também relativizou o impacto do aumento do consumo paraguaio sobre o fornecimento de energia no Brasil. Segundo ele, a matriz elétrica brasileira vem se diversificando, com crescimento da geração solar e eólica. “Estamos crescendo a oferta de intermitente também. Aliás, no Nordeste temos excesso de oferta intermitente. Então, não me parece que seja um grande problema”, afirmou.

A possível expansão de Itaipu está em fase inicial de avaliação. Os próximos passos envolvem estudos de impacto ambiental, análises de viabilidade técnica e econômica, e articulação política entre os dois países. Até lá, o crescimento da demanda energética paraguaia seguirá sendo monitorado como fator estratégico para o futuro da binacional.

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