As contas externas do Brasil fecharam o mês de junho de 2025 com um déficit de US$ 5,1 bilhões, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (25) pelo Banco Central. O resultado representa uma piora em relação ao mesmo mês do ano passado, quando o déficit foi de US$ 3,4 bilhões.
As chamadas contas externas reúnem todas as transações do país com o resto do mundo, envolvendo exportações, importações, serviços contratados no exterior, envio e recebimento de lucros e pagamentos de juros. O principal indicador desse conjunto é a conta de transações correntes, que mede o quanto o Brasil ganha ou gasta nessas operações. Quando o resultado é negativo, como agora, significa que o país está gastando mais do que arrecadando nas suas relações com outros países.
Nos 12 meses encerrados em junho, o déficit acumulado nas transações correntes chegou a US$ 73,1 bilhões, equivalente a 3,42% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Um ano antes, esse valor era bem menor: US$ 28,9 bilhões, o que representava apenas 1,28% do PIB. O dado também mostra deterioração em relação ao mês anterior, quando o déficit acumulado estava em US$ 71,4 bilhões.
Apesar do saldo geral negativo, a balança comercial de bens — que considera exportações e importações — foi positiva em junho. O superávit foi de US$ 5,3 bilhões, com exportações totalizando US$ 29,3 bilhões e importações somando US$ 24 bilhões. Mesmo com esse bom desempenho, o avanço das importações (alta de 2,8%) foi maior do que o das exportações (alta de 0,9%), o que também pesa sobre o resultado final.
Outro ponto de atenção é a conta de serviços, que inclui gastos com transporte, turismo, telecomunicações e aluguel de equipamentos. Em junho, ela teve um déficit de US$ 4,5 bilhões, um aumento de 3,7% na comparação com junho de 2024. Os destaques foram os aumentos nas despesas líquidas com serviços de telecomunicação e informação (alta de 24,6%), propriedade intelectual (22,8%), aluguel de equipamentos (7,8%) e transporte (8%).
As despesas com viagens internacionais também aumentaram significativamente: 17% a mais em relação ao ano anterior. Segundo o Banco Central, o crescimento foi puxado tanto pelas despesas de brasileiros no exterior (alta de 14,1%) quanto pelo aumento das receitas com estrangeiros no Brasil (alta de 7,8%).
A conta de renda primária, que considera lucros e juros enviados ou recebidos do exterior, também registrou piora. Em junho, o déficit nessa conta foi de US$ 6,2 bilhões, um salto de 25,5% em relação a junho do ano passado. Só os lucros e dividendos remetidos por empresas para suas matrizes no exterior somaram US$ 3,8 bilhões, um aumento de 45,6%. Já as receitas brasileiras com lucros e dividendos de fora recuaram para US$ 1,5 bilhão. Os gastos com juros somaram US$ 2,4 bilhões.
Os Investimentos Diretos no País (IDP), que representam o capital estrangeiro que entra no Brasil para abrir ou ampliar negócios, também tiveram queda. Em junho de 2025, os ingressos líquidos foram de US$ 2,8 bilhões, menos da metade dos US$ 6,3 bilhões registrados no mesmo mês do ano anterior. Os investimentos em participação no capital somaram US$ 6,4 bilhões, dos quais US$ 2,4 bilhões correspondem a lucros reinvestidos. Em contrapartida, houve saídas líquidas de US$ 3,6 bilhões em operações intercompanhia — aquelas realizadas entre filiais e matrizes de empresas.
No acumulado de 12 meses, os investimentos diretos somaram US$ 67 bilhões, o equivalente a 3,14% do PIB. O número é inferior ao registrado em maio (US$ 70,5 bilhões) e ligeiramente superior ao de junho do ano passado (US$ 64,9 bilhões).
Já os investimentos em carteira, que envolvem aplicações em ações e títulos brasileiros por estrangeiros, tiveram saldo positivo de US$ 2,3 bilhões em junho. Houve saídas de US$ 2,2 bilhões em ações e fundos, mas isso foi compensado por uma entrada de US$ 4,6 bilhões em títulos de dívida pública e privada. No acumulado de 12 meses, os investimentos em carteira somaram US$ 4,1 bilhões.


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