Precisamos de um perfil como o de Elias Jabbour na Câmara de Deputados.
A frente ampla democrática enfrentará, nos próximos meses, uma guerra política cujos resultados terão consequências duradouras e dramáticas para o futuro do Brasil, da América Latina, dos Brics e do mundo.
Nossa principal bandeira dessa guerra, sob a qual podemos organizar uma nova vitória em 2026, será a defesa da soberania nacional.
Por isso, é essencial preparar desde já as lideranças políticas que estarão na linha de frente dos embates que já começaram.
Para vencer, precisamos organizar três grandes lutas: reeleger Lula, conter o avanço do conservadorismo na opinião pública e derrotar a direita entreguista nas eleições para o Legislativo.
É diante desses desafios que considero a candidatura de Elias Jabbour para deputado federal (PCdoB) tão necessária.
A questão democrática continuará importante para unir forças distintas, mas a grande novidade agora será a defesa da independência frente às pressões externas.
Do meu ponto de vista, quatro bandeiras estruturam essa estratégia política: defesa da soberania, investimento em ciência e tecnologia, revolução ferroviária e uma relação inteligente com a China. Esses elementos formam o espírito pulsante de um projeto nacional de desenvolvimento.
No momento, esse projeto ainda não está escrito porque é instável e muda constantemente. Mas está na cabeça de uma vanguarda que estuda os mecanismos da economia, acompanha a geopolítica contemporânea e participa da luta de ideias nas redes.
Jabbour é um dos expoentes dessa vanguarda, assim como André Roncaglia, diretor brasileiro no FMI, Uallace Moreira, assessor do ministro Geraldo Alckmin, e muitos outros intelectuais e militantes.
Sua candidatura será uma colaboração importante para materializar esse projeto num plano de ação. A campanha de Lula em 2026 e o Brasil vão precisar disso.
Soberania nacional: a bandeira que Trump nos deu
Os ataques de Trump ao Brasil, ameaçando impor tarifas de importação de 50% a todos os produtos brasileiros, caso nosso poder judicial não encerrasse os processos contra Jair Bolsonaro, geraram uma onda de patriotismo em defesa da nossa soberania. Não é para menos: foram as agressões mais violentas ao país desde as tentativas da Casa Branca de sabotar a criação da Petrobras em 54, corromper a bancada parlamentar em 62, e ajudar a articulação golpista em 64.
Essas agressões demonstraram que a defesa da soberania não é apenas mais um capítulo das guerras culturais ou mais uma treta de rede social. É uma questão real e necessária que lida com a própria sobrevivência do Estado nacional e a segurança material do povo brasileiro. Lula e seu entorno têm essa clareza. Em contrapartida, a direita bolsonarista não só se rendeu, como forneceu munição ao inimigo.
Eduardo Bolsonaro, depois de receber 2 milhões de reais do pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, organizou uma traição à pátria comparável à de Joaquim Silvério dos Reis, que traiu Tiradentes. Eduardo foi o principal articulador, junto a Casa Branca, das chantagens de Trump ao Brasil.
A oposição mostrou que está disposta a entregar a soberania do país em troca de proteção externa para seus líderes. Já sabíamos que não hesitariam em negociar nossas riquezas e empresas. Mas agora revelaram algo mais infame: a disposição de submeter nossas instituições democráticas a um chefe de Estado emocionalmente desequilibrado e moralmente incapaz, Donald Trump.
A questão democrática, fundamental para Lula coesionar forças antagônicas em 2022, não terá a
o mesmo peso em 2026. Com Bolsonaro inelegível, a direita poderá se reorganizar em torno de novas lideranças, como Tarcísio de Freitas, já apresentado internacionalmente como possível futuro presidente.
A esquerda, por outro lado, vinha enfrentando sinais perigosos de desânimo e desorganização política, comuns quando governos progressistas têm minoria no parlamento e não conseguem avançar com a rapidez desejada.
Felizmente, a história nos ofereceu novamente duas lições essenciais: as contradições internas do capitalismo frequentemente favorecem a articulação popular, e o amor de um povo por sua pátria nunca deve ser subestimado. Todas as revoluções, da França à China, provam isso.
A onda nacionalista unificou a esquerda, afastou o centro da direita conservadora e isolou o bolsonarismo. A frente ampla não apenas ganhou uma nova e poderosa bandeira como também recebeu uma injeção gigante de dopamina, como se viu pelo tamanho das manifestações realizadas na Paulista e em outras cidades no dia seguinte do anúncio do tarifaço de Trump, e o crescimento impressionante da mobilização nacionalista nas redes sociais.
Além disso, o julgamento de Bolsonaro e seus cúmplices na tentativa de golpe está radicalizando novamente a direita, levando-a a uma postura subversiva e golpista. A articulação com a Casa Branca para tarifar o Brasil é mais uma prova disso. Essa deriva para o crime dividirá fatalmente a direita em 2026, fazendo com que a questão democrática, que estava arrefecendo, volte a ser importante. A ela se somará uma questão próxima: a defesa das instituições, da lei e da ordem. Assim, a frente ampla liderada por Lula conta com três bandeiras altamente agregadoras: defesa da democracia, soberania e instituições.
Ciência e tecnologia: o motor do desenvolvimento
Outro ponto que torna essa candidatura muito interessante é a sua defesa de uma estratégia de desenvolvimento focada em ciência e tecnologia, uma bandeira fundamental para qualquer país que pretenda garantir sua soberania nacional.
Jabbour compreendeu o êxito chinês pelo papel central que a ciência ocupa no desenvolvimento daquele país.
Como ele próprio já afirmou em suas conferências, até mesmo para construir uma aliança política efetiva é preciso adotar uma postura científica. É necessário investigar quais são os setores econômicos, políticos e sociais que podem forjar uma aliança em prol do desenvolvimento, e mapear as demandas específicas de cada setor para encontrar pontos de convergência. Criar uma frente ampla é uma ação que exige ciência política de muita qualidade.
No Brasil, não basta aumentar os valores investidos em pesquisa: é preciso também desenvolver uma cultura nacional que valorize o conhecimento científico em todos os níveis, envolvendo juventude, intelectuais, trabalhadores, empresários e políticos.
Essa abordagem deve permear todos os setores: da saúde à educação, da indústria às artes. Com o desenvolvimento científico, o país poderá elevar a qualidade de vida da população, baratear serviços básicos e ampliar sua produtividade econômica.
A China domina mais de 80% do mercado global de placas solares, e o Brasil, com tanto sol, pode se beneficiar enormemente dessa parceria. O país asiático também lidera em robótica industrial, com 51% das instalações globais de robôs industriais, e em inteligência artificial, com empresas chinesas desenvolvendo modelos avançados como o Ernie Bot, o Manus AI e o Deep Seek para competir com o ChatGPT.
A revolução ferroviária que precisamos
Outra bandeira relevante que a candidatura de Elias Jabbour pode ajudar a construirmos é a defesa de uma revolução ferroviária no Brasil. Após morar e estudar na China, Jabbour viu de perto a importância das ferrovias para o desenvolvimento do país.
A China construiu mais de 50.000 km de ferrovias de alta velocidade, com velocidades médias operacionais de 250-350 km/h. Os trens-bala entre Xangai e Pequim, distantes 1.067 km, fazem o percurso em apenas 4h30. Para comparar: a distância entre São Paulo e Brasília é de 1.007 km, similar à rota chinesa, mas de ônibus leva cerca de 14 horas. Com um trem-bala similar, essa viagem seria reduzida para aproximadamente 3h30.
A China está avançando para projetos ainda mais modernos como o maglev, que já alcançou 650 km/h em testes e tem como meta chegar a 600 km/h em operação comercial. O país também desenvolve o hyperloop em cidades como Qingdao, com testes em tubos a vácuo que podem atingir velocidades de até 1.000 km/h.
O exemplo mais impressionante é o desenvolvimento dos sistemas de metrô. Em 1990, a China tinha apenas três sistemas de metrô. Hoje, 54 cidades chinesas possuem sistemas de metrô modernos. Xangai, que inaugurou sua primeira linha em 1993, hoje possui o maior sistema de metrô do mundo com mais de 800 quilômetros de extensão. Em contraste, São Paulo possui apenas 104 km de metrô – quase 8 vezes menor que Xangai, evidenciando o atraso brasileiro em infraestrutura urbana.
Infelizmente, décadas de propaganda rodoviária apagaram da consciência coletiva brasileira a importância dos trilhos. O Brasil optou por um modelo economicamente atrasado e poluente, prejudicando sua competitividade internacional e obstruindo o desenvolvimento de suas próprias forças econômicas e sociais.
Hoje, a retomada das ferrovias precisa incluir não só transporte de cargas, mas especialmente de passageiros, oferecendo conforto, pontualidade e segurança, com estações modernas e sustentáveis.
Investir em ferrovias significa apostar em sustentabilidade, mobilidade urbana eficiente e crescimento econômico acelerado. Essa visão precisa ganhar apoio popular, e uma candidatura como a de Jabbour pode ser importante para alcançarmos esse objetivo.
Relação com a China: parceria soberana
Um quarto tema que deve estruturar nosso projeto nacional, e para o qual Elias Jabbour também pode contribuir, é a formulação de um relacionamento mais inteligente com a China.
Trump está escalando de maneira dramática a guerra tecnológica contra o gigante asiático. Tudo isso faz com que a relação entre os dois membros dos BRICS seja mais estratégica do que nunca. Os dois países estão juntos contra o imperialismo e a tentativa do atual presidente dos Estados Unidos de manter uma relação totalmente desequilibrada com o resto do mundo.
Os Estados Unidos vêm implementando uma política sistemática de sabotagem ao avanço chinês em setores cruciais como semicondutores e inteligência artificial. O Brasil também sofre com essas pressões quando tenta desenvolver parcerias em áreas sensíveis. Diante dessa realidade, os dois países podem construir uma estratégia comum de resistência contra as agressões imperialista direcionadas ao Sul Global.
A importância do Brasil para a segurança alimentar da China é enorme. A China importa mais de dois terços de toda a soja que precisa para alimentar sua população animal, e o Brasil é praticamente o único fornecedor confiável para a China. Os Estados Unidos, segundo colocado, estão enfrentando cada vez mais problemas no fornecimento para a China devido aos conflitos políticos entre as duas potências.
Jabbour, que morou na China e escreveu livros sobre o país, trabalhou como assessor da Presidência do New Development Bank (NDB) – o Banco dos BRICS – junto à presidenta Dilma Rousseff, uma experiência que será extremamente útil para nos ajudar a costurar uma relação mais produtiva com a potência asiática.
Essa parceria entre Brasil e China deve avançar de forma mais inteligente e equilibrada, protegida contra mudanças políticas. Entre os acordos possíveis, está a transferência para o Brasil de tecnologias e estruturas para a modernização de nossos sistemas de mobilidade urbana, além de acordos mais ambiciosos nas areas de energia nuclear e solar, exploração de minerais críticos, drones, robótica e tecnologia de satélites.
Uma ponte estratégica no cenário político fluminense
Atualmente, Jabbour é presidente do Instituto Pereira Passos, órgão de pesquisa e planejamento urbano da Prefeitura do Rio de Janeiro, para onde foi nomeado pelo prefeito Eduardo Paes. As excelentes relações políticas entre Jabbour e Eduardo Paes representam um ativo estratégico importante. A candidatura de Elias para deputado federal será beneficiada por essa proximidade com o candidato majoritário para governador do estado do Rio de Janeiro.
Mais importante ainda, Jabbour pode ser uma ponte útil na construção de estratégias convergentes entre a campanha presidencial e as disputas para o governo estadual e para o legislativo. Eduardo Paes será peça-chave para o sucesso da campanha presidencial de Lula, e Jabbour pode contribuir significativamente tanto para a formulação de estratégias eleitorais quanto para o desenvolvimento de políticas públicas para o estado do Rio de Janeiro.
Um agente político treinado nas batalhas de internet
Finalmente, uma das qualidades mais interessantes de Jabbour é sua experiência de embate nas redes sociais. Essa experiência nos ajudará a treinar outros candidatos e toda a militância política da frente ampla.
Os processos eleitorais contemporâneos, ao menos no Brasil, transformaram a internet em grandes campos de confronto político e cultural. Para vencermos essas escaramuças ideológicas, que deixarão marcas profundas em muitas gerações futuras, precisamos transformar os milhões de eleitores de Lula em militantes treinados, capazes de defender a soberania nacional e um projeto de desenvolvimento.
Jabbour vem participando ativamente de inúmeros podcasts, entrevistas, conferências e aulas públicas em diversos lugares, o que o tem treinado intensivamente para exercer liderança em campanhas políticas e auxiliar outros candidatos como cabo eleitoral experiente.
Pelo que tenho acompanhado de suas entrevistas e pela convivência como amigo esses anos todos, essas quatro bandeiras deverão ser muito importantes na campanha do Jabbour para deputado federal, o que irá nos ajudar na formulação de uma estratégia criativa para consolidarmos uma frente mais ampla e mais sólida do que fizemos em 2022.


bandoleiro
29/07/2025 - 13h12
Projeto nacional de Lula…kkkkkk