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Tarifas de Trump e a China sufocam a BMW

Protecionismo americano e rivais chinesas apertam o cerco, mas BMW reforça fábricas nos EUA e aposta na eletrificação para manter sua vantagem A BMW AG divulgou nesta quinta-feira (31) que sua lucratividade registrou queda no segundo trimestre, impactada pela combinação de vendas reduzidas na China e pelos custos adicionais gerados pela guerra comercial liderada pelo […]

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Margem de lucro dos carros BMW cai devido a tarifas dos EUA e queda na China / Bloomberg
Montadora alemã sustenta margens em meio à guerra comercial e avança sobre a concorrência com aumento nas vendas de modelos elétricos / Reprodução

Protecionismo americano e rivais chinesas apertam o cerco, mas BMW reforça fábricas nos EUA e aposta na eletrificação para manter sua vantagem


A BMW AG divulgou nesta quinta-feira (31) que sua lucratividade registrou queda no segundo trimestre, impactada pela combinação de vendas reduzidas na China e pelos custos adicionais gerados pela guerra comercial liderada pelo presidente americano Donald Trump. Apesar dos desafios, a fabricante alemã de automóveis de luxo confirmou sua projeção anual de manter uma margem de lucro automotiva de pelo menos 5%.

A margem operacional automotiva da empresa caiu para 5,4% nos três meses encerrados em junho, percentual que ainda se mantém dentro da faixa projetada para todo o exercício. A montadora estima que as tarifas comerciais reduzirão sua margem em 1,25 ponto percentual ao longo de 2025, refletindo o impacto das políticas protecionistas adotadas pelo governo americano.

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A BMW se destaca como exceção entre as montadoras europeias nesta temporada de balanços. Enquanto companhias como Porsche AG, sua controladora Volkswagen AG e a Mercedes-Benz Group AG reduziram suas expectativas de lucro após contabilizarem os custos da guerra comercial travada por Trump, a BMW conseguiu manter suas projeções originais.

Transição elétrica e desafios no mercado chinês

A empresa tem apresentado desempenho ligeiramente melhor que a Mercedes-Benz na transição para veículos elétricos. Nos primeiros seis meses do ano, as vendas de carros movidos a bateria aumentaram 16%, impulsionadas pela estratégia do CEO Oliver Zipse de expandir a linha elétrica da marca.

O executivo prepara o lançamento do primeiro modelo da nova geração Neue Klasse, programado para setembro, em um momento crucial para a indústria automobilística alemã. No entanto, a BMW e seus concorrentes enfrentam crescente pressão no mercado chinês, onde fabricantes locais cada vez mais competitivos, liderados pela BYD Co., têm ganhado espaço com produtos mais acessíveis e tecnologia avançada.

Acordo UE-EUA traz alívio parcial

O recente acordo comercial entre a União Europeia e os Estados Unidos trouxe alguma redução nas tarifas sobre automóveis europeus. A taxa passou de 27,5% para 15% — um alívio significativo em relação aos níveis mais altos impostos anteriormente, mas ainda substancialmente maior que os 2,5% que vigoravam antes da implementação das novas políticas comerciais de Trump.

A BMW informou que sua projeção anual considera medidas mitigadoras para atenuar o impacto das tarifas. A empresa opera sua maior fábrica global na Carolina do Sul, nos Estados Unidos, e em abril havia indicado que estava avaliando a implementação de turnos adicionais na região para aumentar a produção local e reduzir a dependência de importações sujeitas a tarifas.

Cenário desafiador para a indústria alemã

O setor automobilístico alemão enfrenta um momento complexo, marcado pela dupla pressão de políticas comerciais externas e competição acirrada em mercados-chave como a China. Enquanto os fabricantes buscam manter sua posição em um cenário global em transformação, a capacidade de adaptação às novas realidades comerciais se torna crucial para a sustentabilidade dos negócios.

A estratégia da BMW de manter investimentos na produção local e acelerar a transição para veículos elétricos parece ser o caminho escolhido para navegar por este ambiente de incertezas. Com o lançamento da Neue Klasse se aproximando e as tensões comerciais globais persistindo, os próximos meses serão decisivos para avaliar se a abordagem da empresa será suficiente para manter sua competitividade no mercado internacional.

BMW sente pressão no maior mercado de elétricos do mundo

As vendas da BMW AG permaneceram estagnadas no segundo trimestre, refletindo a crescente dificuldade das montadoras europeias em manter sua posição no mercado chinês, onde fabricantes locais têm dominado o segmento de veículos elétricos.

A fabricante alemã divulgou nesta quinta-feira (10) que as entregas globais do grupo aumentaram apenas 0,4% em relação ao ano anterior, totalizando 621.271 veículos nos três meses encerrados em junho. Enquanto as marcas BMW e Mini registraram desempenho positivo na Europa e nos Estados Unidos, a China — tradicionalmente um dos mercados mais importantes para a empresa — apresentou queda de 14% nas entregas.

Os números da BMW corroboram a tendência enfrentada por outros concorrentes alemães no país asiático. A Mercedes-Benz Group AG viu suas vendas na China despencarem 19% no mesmo período, enquanto as entregas de veículos elétricos da Volkswagen AG caíram quase um terço, evidenciando a perda de competitividade das marcas europeias diante da ascensão de fabricantes nacionais.

Domínio chinês no setor elétrico

A China consolidou sua posição como o maior mercado mundial de veículos elétricos, onde empresas locais lideradas pela BYD Co. têm oferecido produtos cada vez mais competitivos em termos de tecnologia, preço e infraestrutura de suporte. Essa dinâmica tem forçado montadoras tradicionais a repensar suas estratégias para o mercado asiático.

O CEO da BMW, Oliver Zipse, havia indicado em março que esperava uma estabilização das vendas na China no segundo semestre deste ano. No entanto, os dados do segundo trimestre sugerem que a recuperação pode ser mais lenta do que o previsto, especialmente considerando a aceleração da preferência do consumidor chinês por marcas nacionais.

Desempenho positivo em outros mercados

Apesar dos desafios na Ásia, a BMW conseguiu resultados positivos em outras regiões. A marca Mini registrou aumento expressivo de 33% nas vendas globais, alcançando 69.163 veículos entregues no período. Além disso, as entregas de modelos híbridos e totalmente elétricos do grupo cresceram 10%, indicando que a transição para tecnologias sustentáveis continua avançando em mercados mais receptivos.

Norte da América também mostrou resiliência, com as vendas de carros das marcas BMW e Mini aumentando 1,4% nos Estados Unidos durante o segundo trimestre. Um fator importante para esse desempenho é a diferenciação tarifária: enquanto veículos BMW importados enfrentam tarifa de 25% impostas pelo presidente Donald Trump, os Minis fabricados no Reino Unido são tributados em uma alíquota menor, de 10%.

Ameaça tarifária e perspectivas futuras

As tarifas comerciais continuam representando uma ameaça significativa aos lucros da empresa. A política protecionista adotada pelo governo americano tem impactado diretamente a competitividade dos veículos europeus no mercado norte-americano, um dos pilares da estratégia global da BMW.

Com a crescente importância dos veículos elétricos e a intensificação da competição em mercados estratégicos, a BMW enfrenta o desafio de equilibrar sua presença global enquanto adapta sua oferta às preferências locais. A empresa terá que acelerar ainda mais sua transição eletrocentrada e fortalecer parcerias regionais para manter sua relevância em um setor em rápida transformação.

A expectativa para o segundo semestre será crucial para avaliar se a estratégia da BMW será suficiente para reverter a perda de momentum na China e consolidar crescimento em outras regiões estratégicas.

Com informações de Bloomberg*

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