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BRICS avança na criação de sistema financeiro próprio e desafia hegemonia do dólar

O grupo do BRICS intensificou as ações voltadas à redução da dependência do dólar e à formação de uma estrutura financeira internacional mais equilibrada. Segundo a Sputnik Brasil, que cita reportagem publicada pelo South China Morning Post (SCMP), a iniciativa busca oferecer alternativas ao domínio dos Estados Unidos no sistema global, marcado pelo uso da […]

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RICARDO STUCKERT/PR

O grupo do BRICS intensificou as ações voltadas à redução da dependência do dólar e à formação de uma estrutura financeira internacional mais equilibrada. Segundo a Sputnik Brasil, que cita reportagem publicada pelo South China Morning Post (SCMP), a iniciativa busca oferecer alternativas ao domínio dos Estados Unidos no sistema global, marcado pelo uso da moeda americana como instrumento de política externa e pela influência sobre a rede de pagamentos internacionais SWIFT.

De acordo com o artigo, a utilização crescente do dólar pelos Estados Unidos como mecanismo de pressão tem levado diversas economias emergentes a acelerar projetos de diversificação cambial. A estratégia é vista como uma tentativa de diminuir a vulnerabilidade diante de sanções econômicas e restrições impostas por Washington.

A China tem se destacado nesse processo ao ampliar acordos comerciais denominados em yuan, o que reduz a necessidade de recorrer à moeda norte-americana nas transações bilaterais. Esse movimento tem sido apoiado por outros integrantes do bloco, que veem na iniciativa uma oportunidade de fortalecer o comércio entre países emergentes sem a intermediação do sistema financeiro ocidental.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reforçou recentemente a importância de “uma moeda global para o comércio, sem dependência do dólar”. A declaração, feita durante um evento internacional, alinha-se à posição do BRICS de defender um ambiente financeiro mais multipolar.

Dentro desse cenário, o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), instituição financeira criada pelo grupo, tem estimulado o uso de moedas locais em operações de crédito e investimentos. O objetivo é reduzir a exposição cambial e ampliar a autonomia financeira dos países-membros. A medida é considerada um dos pilares do processo de desdolarização promovido pelo bloco.

Entre as propostas em andamento, uma das mais significativas é o Brics Pay, sistema de pagamentos digitais que pretende integrar as plataformas financeiras nacionais dos países do grupo. O projeto funcionaria de forma independente do SWIFT e permitiria transações internacionais em moedas locais.

Yuri Ushakov, assessor do Kremlin, afirmou que a estrutura será “baseada em tecnologias digitais e blockchain, livre de interferências políticas”. A descrição reforça o interesse do BRICS em desenvolver soluções tecnológicas capazes de garantir segurança e neutralidade nas transações, afastando a influência de centros financeiros tradicionais.

O modelo em discussão prevê que o Brics Pay opere como uma rede de liquidação descentralizada, facilitando o comércio entre os países do bloco e ampliando o uso de moedas nacionais. A expectativa é que o sistema contribua para fortalecer o papel do BRICS no comércio internacional e reduza a dependência de intermediários financeiros ocidentais.

Apesar do avanço nas discussões, especialistas apontam que a desdolarização será um processo de longo prazo. Segundo o South China Morning Post, o grupo não pretende substituir o dólar de forma imediata, mas criar mecanismos sólidos que ofereçam alternativas concretas no médio e longo prazo.

O artigo destaca que o objetivo principal não é derrubar o dólar, mas construir um modelo financeiro que limite a concentração de poder monetário nas mãos de um único país. A estratégia, segundo analistas, pode alterar de maneira gradual o equilíbrio de forças no sistema econômico internacional.

Nos últimos anos, o fortalecimento do BRICS — composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — tem sido acompanhado pela entrada de novos membros e pelo interesse de outras nações em aderir ao bloco. Essa expansão amplia o alcance das políticas voltadas à cooperação financeira e comercial, e reforça o papel do grupo como alternativa às instituições dominadas por países desenvolvidos.

O debate sobre a criação de uma moeda comum permanece em pauta, embora ainda não haja consenso entre os integrantes sobre o formato ideal. Economistas apontam que diferenças estruturais entre as economias do bloco tornam o tema complexo, mas concordam que o fortalecimento das moedas locais e dos sistemas de pagamento independentes representa um avanço concreto.

Para o BRICS, a construção de uma infraestrutura financeira menos dependente do dólar é vista como parte de uma transformação mais ampla da governança global. A longo prazo, o grupo busca estabelecer um ambiente em que as transações internacionais sejam realizadas de forma mais equilibrada, com menor exposição a riscos geopolíticos.

Ainda que os resultados práticos levem tempo para se consolidar, as medidas já adotadas sinalizam uma mudança na dinâmica financeira internacional. Com a ampliação do uso de moedas locais, o fortalecimento do NDB e o desenvolvimento do Brics Pay, o grupo demonstra intenção de criar bases para um novo modelo de integração econômica, no qual o dólar deixa de ocupar posição central nas trocas entre países emergentes.

O processo, segundo o SCMP, representa um movimento estratégico e gradual, que tende a redefinir o papel das economias em desenvolvimento na arquitetura financeira global. O BRICS aposta que, ao diversificar as formas de pagamento e reduzir a influência das sanções unilaterais, conseguirá consolidar um sistema mais autônomo e menos sujeito à volatilidade política e cambial.


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