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Presidente de Madagascar foge e fúria jovem toma conta das ruas

Em meio à ruptura militar e à pressão das ruas, Rajoelina deixa Madagascar em avião francês, enquanto a geração Z lidera um levante contra a corrupção O presidente de Madagascar, Andry Rajoelina, teria deixado o território malgaxe a bordo de uma aeronave militar francesa, segundo informações divulgadas pela rádio francesa RFI nesta segunda-feira (13). A […]

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Presidente de Madagascar deixou o país em avião militar francês - rádio francesa RFI
A elite política perde o controle enquanto militares e manifestantes disputam o futuro de um país jovem, empobrecido e cansado da desigualdade / Reprodução

Em meio à ruptura militar e à pressão das ruas, Rajoelina deixa Madagascar em avião francês, enquanto a geração Z lidera um levante contra a corrupção


O presidente de Madagascar, Andry Rajoelina, teria deixado o território malgaxe a bordo de uma aeronave militar francesa, segundo informações divulgadas pela rádio francesa RFI nesta segunda-feira (13). A emissora afirma que a saída de Rajoelina ocorreu após um acordo com o presidente da França, Emmanuel Macron, em meio a uma escalada de tensão política e protestos generalizados no país.

De acordo com a RFI, o líder malgaxe encontra-se fora de Madagascar, após dias de incerteza e perda de apoio dentro das próprias forças armadas. A situação do governo se deteriorou rapidamente quando uma importante unidade do exército rompeu com o presidente e declarou apoio às manifestações populares, formadas principalmente por milhares de jovens que pedem o fim da corrupção, a redução da pobreza e a renúncia do chefe de Estado.

A presidência de Madagascar ainda não se pronunciou oficialmente sobre a suposta saída de Rajoelina.

O movimento que abalou o governo começou em 25 de setembro, inicialmente motivado pela escassez de água e energia nas principais cidades. Contudo, as queixas rapidamente se ampliaram, transformando-se em um grande levante contra a má governança e a falta de serviços básicos, reflexo de anos de insatisfação popular.

A tensão política ganhou novo fôlego quando membros da oposição na Assembleia Nacional anunciaram a abertura de um processo de impeachment contra o presidente. O deputado Siteny Randrianasoloniaiko, líder oposicionista, confirmou à agência Reuters que o procedimento deve ser iniciado nos próximos dias.

Alerta de golpe e ruptura nas Forças Armadas

No domingo, Rajoelina havia alertado sobre uma possível tentativa de golpe no país, logo após perder o apoio da CAPSAT, uma unidade de elite do exército malgaxe. Curiosamente, foi essa mesma força militar que o ajudou a chegar ao poder em 2009, também por meio de um golpe.

Durante o fim de semana, a CAPSAT anunciou que assumiria o comando das Forças Armadas e chegou a nomear um novo chefe do exército. A crise se agravou na segunda-feira, quando parte da gendarmaria paramilitar, que havia declarado apoio aos protestos, tomou o controle da corporação em uma cerimônia oficial, com a presença de altos funcionários do governo, segundo testemunhas ouvidas pela Reuters.

O presidente do Senado, figura central da recente indignação popular, foi destituído do cargo, e o parlamentar Jean André Ndremanjary foi nomeado presidente interino. Pela constituição malgaxe, na ausência do presidente, o chefe do Senado assume o comando do país até a realização de novas eleições.

A força da “Geração Z” nas ruas

Na capital Antananarivo, milhares de manifestantes voltaram às ruas na segunda-feira, entoando palavras de ordem como “O presidente deve renunciar agora!”. Entre eles estava Adrianarivony Fanomegantsoa, um jovem de 22 anos que trabalha em um hotel e relatou à Reuters que sobrevive com 300 mil ariary mensais (cerca de US$ 67) — valor insuficiente até para alimentar sua família.

“Em 16 anos, o presidente e seu governo não fizeram nada além de enriquecer enquanto o povo continua pobre. E os jovens, a Geração Z, são os que mais sofrem”, declarou Fanomegantsoa.

Segundo dados das Nações Unidas, pelo menos 22 pessoas morreram desde o início das manifestações, em confrontos entre manifestantes e forças de segurança.

Os protestos da chamada “Geração Z” em Madagascar ecoam movimentos recentes em países como Nepal, Quênia e Marrocos, onde jovens também se rebelaram contra as elites políticas. Um símbolo comum — a caveira com chapéu de palha do mangá japonês One Piece — tem sido visto em bandeiras e camisetas, representando a luta global de uma nova geração contra a desigualdade.

Um país jovem e empobrecido

Com 30 milhões de habitantes, dos quais três quartos vivem na pobreza, Madagascar é uma das nações mais jovens do mundo: a idade média é inferior a 20 anos. O Banco Mundial aponta que o PIB per capita do país caiu 45% desde a independência em 1960 até 2020, revelando um colapso econômico de longo prazo.

Apesar de ser o maior produtor mundial de baunilha, a economia malgaxe depende também da exportação de níquel, cobalto, têxteis e camarões — setores vitais para a geração de empregos e divisas.

Enquanto o destino de Andry Rajoelina permanece incerto, o país vive um dos momentos mais delicados desde o retorno da democracia, com uma juventude determinada a mudar o rumo de uma nação marcada por desigualdade, corrupção e décadas de instabilidade política.

Com informações de Reuters*

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Ewerton Siqueira

14/10/2025 - 07h40

O Governo da França (Macron) vem sofrendo derrota em cima de derrotas, então chegou a hora de repensar. A França perdeu quase todas as suas Colônias na África de onde captava seus recursos.


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