A percepção política no principal centro financeiro do país, a Avenida Faria Lima, passou por uma transformação significativa. Segundo reportagem do jornalista Guilherme Amado, publicada no portal PlatôBR, banqueiros e investidores agora discutem abertamente a possibilidade de reeleição do presidente Lula (PT) já no primeiro turno das eleições de 2026.
A avaliação dominante entre o setor financeiro é que o bolsonarismo entrou em declínio, enquanto o governo Lula acumula vitórias estratégicas na política externa, aproximação com grupos evangélicos e estabilidade econômica interna. Esses fatores, combinados, criaram um novo consenso no mercado financeiro: o presidente estaria mais fortalecido do que em qualquer outro momento desde o início do mandato.
Faria Lima revê cenário político
Até poucos meses atrás, grandes gestoras, bancos e fundos de investimento mantinham otimismo com a possibilidade de surgimento de um nome competitivo da direita para disputar a presidência. Hoje, porém, o discurso mudou.
Segundo interlocutores citados por Amado, a liderança de Lula nas pesquisas e o enfraquecimento da oposição levaram o mercado a considerar o desfecho da eleição no primeiro turno como cenário viável.
“Há uma leitura de que o presidente conseguiu reduzir resistências junto a setores que tradicionalmente o rejeitavam, sem perder apoio nas bases históricas”, relatou uma fonte próxima ao setor financeiro.
Relações internacionais fortalecem imagem do governo
Um dos fatores mais citados pela Faria Lima para essa mudança de percepção é a melhora da imagem do Brasil no cenário internacional.
Após meses de tensão diplomática com os Estados Unidos, Lula adotou uma postura de soberania nacional e passou a dialogar diretamente com o governo norte-americano, em busca de distensão.
Durante a Assembleia Geral da ONU, o presidente Donald Trump afirmou ter “química excelente” com Lula. Fontes do Itamaraty confirmaram que os dois mantiveram conversa por telefone e que há planos para um encontro entre chanceleres nas próximas semanas.
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, recebeu o chanceler Mauro Vieira em Washington em uma reunião considerada cordial — um gesto interpretado como sinal de trégua diplomática.
Apesar de as tarifas impostas pelos EUA ao Brasil ainda não terem sido suspensas e de o ministro Alexandre de Moraes permanecer enquadrado na Lei Magnitsky, o recuo retórico de Trump foi bem recebido no mercado financeiro, que vê avanços na previsibilidade internacional do governo brasileiro.
Avanço de Lula sobre o eleitorado evangélico
Outro movimento que chamou a atenção dos investidores foi a aproximação do governo com lideranças evangélicas, um grupo que historicamente resistia ao PT.
Nos últimos meses, Lula recebeu parlamentares da bancada evangélica no Palácio do Planalto, participou de momentos de oração e demonstrou disposição para diálogo com igrejas e entidades religiosas.
A possível indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, ao Supremo Tribunal Federal (STF) reforçou esse gesto simbólico. Caso se confirme, será a primeira vez que um ministro evangélico integrará a Corte, rompendo a exclusividade religiosa associada ao bolsonarismo.
Analistas políticos interpretam esse movimento como uma estratégia pragmática para reduzir resistências culturais e eleitorais em um dos segmentos mais influentes do país.
Direita fragmentada e perda de liderança
Enquanto Lula consolida sua base e amplia alianças, a direita enfrenta um processo de desorganização interna.
O ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado e com risco de prisão, enfrenta dificuldades para unificar a oposição. Seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, está politicamente isolado após denúncias de articulação de sanções internacionais contra autoridades brasileiras.
Nomes antes vistos como promissores — como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e o governador do Paraná, Ratinho Júnior — demonstram resistência ou desânimo em relação à disputa presidencial. O Centrão, por sua vez, não apresenta um projeto político coeso, o que amplia a percepção de vácuo de liderança na direita.
Para a Faria Lima, essa fragmentação reforça o favoritismo de Lula, que aparece sem adversário competitivo no horizonte de curto prazo.
Fatores que consolidam o novo cenário
Segundo analistas do mercado, a mudança de humor político na Faria Lima resulta da combinação de quatro fatores principais:
Crise e desgaste do bolsonarismo, agravados por divisões internas e decisões judiciais.
Reaproximação internacional, com destaque para o diálogo com os Estados Unidos e organismos multilaterais.
Abertura do governo ao diálogo com setores religiosos, especialmente o público evangélico.
Ausência de uma candidatura unificadora da oposição, o que fortalece a narrativa de estabilidade e continuidade.
O resultado, afirmam fontes ouvidas pelo PlatôBR, é que o mercado financeiro, antes reticente, agora vê no governo Lula um fator de previsibilidade política e institucional, mesmo com divergências pontuais sobre política fiscal e monetária.
Lula ganha tração na elite financeira
O movimento observado na Faria Lima reflete um realinhamento gradual entre o capital financeiro e o governo, baseado em estabilidade macroeconômica, governabilidade e pragmatismo político.
Segundo analistas, a queda de resistência entre empresários e investidores abre espaço para um cenário eleitoral em que a reeleição no primeiro turno não é mais descartada — mas discutida abertamente como possível.
“Há uma percepção de que Lula se consolidou como o único ator político capaz de oferecer estabilidade, diálogo internacional e previsibilidade econômica”, avalia um gestor ouvido pelo site.
Com o bolsonarismo em crise, a Faria Lima começa a reavaliar suas apostas políticas — e, pela primeira vez, enxerga no presidente um nome de continuidade segura.
📊 Resumo do cenário político-financeiro:
Fonte: Guilherme Amado, PlatôBR
Tendência: mercado financeiro projeta possibilidade de reeleição de Lula no 1º turno
Fatores-chave: crise do bolsonarismo, trégua diplomática com EUA, aproximação com evangélicos e desorganização da direita
Impacto: maior previsibilidade política e estabilidade institucional para o mercado


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