A recente reaproximação entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump vem sendo apontada por líderes do Centrão — como PSD, União Brasil, MDB e até uma ala do Partido Liberal (PL) — como fator que resfriou as articulações para a aprovação de uma anistia (mesmo que parcial) ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Segundo esse grupo político, ao posar ao lado de Trump, Lula conquistou um “grande trunfo eleitoral” e acabou por dissipar o discurso alinhado ao filho do ex-presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que sustentava ter interlocução próxima à Casa Branca. Essa mudança de cenário entrou no radar dos parlamentares que vinham conduzindo o processo da anistia.
Em reação ao novo panorama, o relator da proposta de anistia na Câmara, Paulinho da Força (Solidariedade-SP), foi aconselhado a adiar a apresentação do substitutivo sobre o tema. A ideia, segundo interlocutores ouvidos, é ganhar tempo para avaliar “o real impacto e os principais resultados das primeiras rodadas de negociação” com Washington antes de avançar com o projeto.
Paralelamente, líderes do Parlamento — como o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP) — manifestaram reservas quanto à aprovação de uma anistia ampla e irrestrita. Ambos temem que uma flexibilização das penas impostas aos condenados pelas ações do dia 8 de janeiro cause atrito com o Supremo Tribunal Federal (STF).
Com isso, a articulação em torno da anistia foi colocada em compasso de espera, enquanto o governo reforça sua interlocução internacional — sobretudo com os EUA — e tenta recuperar terreno político doméstico.


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