O Senado dos Estados Unidos aprovou, na noite desta terça-feira (28), um projeto de lei que prevê o encerramento das tarifas impostas ao Brasil pelo presidente Donald Trump sobre produtos como petróleo, café e suco de laranja. Apesar da vitória simbólica, a medida dificilmente avançará na Câmara dos Representantes, onde os republicanos têm maioria e mantêm apoio à política comercial da Casa Branca.
A proposta foi apresentada pelo senador democrata Tim Kaine, da Virgínia, que classificou a votação como um gesto político para expressar “insatisfação com a destruição econômica causada pelas tarifas”. O texto propõe a revogação do estado de emergência nacional declarado por Trump em agosto — instrumento que permitiu ao governo aplicar taxas de até 50% sobre produtos brasileiros.
“As tarifas estão punindo produtores e consumidores dos dois países. O objetivo é reabrir o debate sobre os impactos econômicos dessas medidas”, afirmou Kaine ao Washington Post.
De acordo com a agência Associated Press, o senador pretende apresentar ainda nesta semana novas resoluções para suspender tarifas contra outros parceiros comerciais, como o Canadá e o México.
A aprovação no Senado ocorre dois dias após o encontro entre Lula e Trump, realizado no domingo (26) em Kuala Lumpur, na Malásia, durante a cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean). Os dois líderes conversaram por cerca de 45 minutos e abriram caminho para negociações bilaterais voltadas à revisão das tarifas.
“O que importa em uma negociação é olhar para o futuro. A gente não quer confusão, quer resultado”, disse Lula após a reunião.
Trump, por sua vez, afirmou que o encontro foi “muito bom” e desejou feliz aniversário ao presidente brasileiro, que completava 80 anos. “Eles gostariam de fazer um acordo. Vamos ver o que acontece”, afirmou o republicano a jornalistas.
Na segunda-feira (27), representantes dos dois países iniciaram as primeiras discussões técnicas. Participaram o chanceler Mauro Vieira, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e o embaixador Audo Faleiro. O grupo definiu um calendário de reuniões com foco nos setores mais afetados pelas tarifas — especialmente agronegócio, energia e siderurgia.
A notícia da aprovação simbólica no Senado americano ajudou a sustentar o otimismo do mercado brasileiro nesta terça-feira, com o Ibovespa operando próximo de máximas históricas e o dólar em queda frente ao real.
O governo brasileiro considera o resultado um sinal político relevante, ainda que sem efeito imediato. Em nota, o Itamaraty afirmou que “qualquer movimento de reavaliação do regime tarifário é bem-vindo e reforça o diálogo construtivo entre Brasil e Estados Unidos”.
Analistas, porém, avaliam que a proposta deve ser arquivada pela Câmara americana, onde o apoio ao presidente Trump continua sólido. Mesmo assim, a votação simboliza crescente pressão sobre o governo norte-americano para rever sua política comercial agressiva — especialmente após as recentes tentativas de reaproximação com o Brasil.


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