A direção do PL Mulher anunciou nesta terça-feira que Michelle Bolsonaro se afastará temporariamente do comando do movimento. A decisão, segundo comunicado oficial, ocorre em meio a um período de “tensões” provocado pela prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro e por “alterações de saúde” que teriam se intensificado nos últimos meses. O afastamento já provocou o adiamento de uma agenda que Michelle cumpriria no Rio de Janeiro no sábado, 13.
Em nota divulgada nas redes sociais, o PL Mulher descreve que Michelle “já vinha lidando com algumas alterações em sua saúde” e que o quadro se agravou “em especial em consequência das tensões envolvendo a prisão de seu marido e as constantes injustiças feitas contra ela e sua família”. O texto afirma ainda que a imunidade da ex-primeira-dama teria sido afetada, o que justificou a orientação médica para interrupção das atividades partidárias. O partido não especificou por quanto tempo o afastamento será mantido, apenas que ela será reavaliada ao final desse período.
A saída temporária de Michelle ocorre num momento de turbulência interna no PL. Nas últimas semanas, ela se tornou o centro de uma controvérsia ao criticar publicamente uma articulação política conduzida por lideranças da sigla no Ceará. Durante um evento no estado, Michelle condenou a negociação entre o PL e o ex-governador Ciro Gomes (PSDB) para uma possível candidatura ao Senado em 2026 — movimento capitaneado pelo deputado André Fernandes (PL-CE).
A crítica desencadeou reação imediata dos filhos de Jair Bolsonaro. Flávio Bolsonaro afirmou que Michelle “atropelou” o ex-presidente ao se manifestar; a posição foi apoiada por Carlos Bolsonaro e Jair Renan. Eduardo Bolsonaro também se somou às críticas, classificando a atitude da ex-primeira-dama como “desrespeitosa”.
Michelle, por sua vez, respondeu que respeita as opiniões dos filhos do ex-presidente, mas sustenta que pensa diferente e que tem o direito de se manifestar. “Aqueles que defendem essa aliança são livres para continuar com ela, mas não deveriam me criticar por não aceitá-la. Eu tenho o direito de não aceitar isso, ainda que essa fosse a vontade do Jair (ele não me falou se é)”, declarou.
A polêmica acentuou divisões internas no partido comandado por Valdemar Costa Neto e expôs tensões dentro do próprio núcleo familiar Bolsonaro, que agora acompanha o afastamento de Michelle em meio às incertezas que rondam o futuro político do grupo.
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