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A vergonha exposta no isolamento de Netanyahu

Enquanto famílias de reféns cobram negociações e Abbas denuncia genocídio, Netanyahu insiste em “terminar o trabalho” contra Gaza O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, enfrentou um dos momentos mais tensos de sua trajetória política recente nesta sexta-feira (27), ao discursar diante da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York. Recebido por uma sala esvaziada […]

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Chamando de “vergonhoso” o reconhecimento da Palestina, Netanyahu reforçou sua ofensiva e ignorou denúncias internacionais por crimes de guerra.
O premiê israelense discursou na ONU sob protestos, acusou líderes de traição e prometeu intensificar ataques contra Gaza, em meio a isolamento crescente / Reprodução

Enquanto famílias de reféns cobram negociações e Abbas denuncia genocídio, Netanyahu insiste em “terminar o trabalho” contra Gaza


O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, enfrentou um dos momentos mais tensos de sua trajetória política recente nesta sexta-feira (27), ao discursar diante da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York. Recebido por uma sala esvaziada e marcado por vaias de delegados que se retiraram em protesto, Netanyahu reagiu desafiando a crescente pressão diplomática e prometendo “terminar o trabalho” na ofensiva contra a Faixa de Gaza.

O discurso aconteceu em meio a uma onda de críticas internacionais contra as operações israelenses, que já devastaram o território palestino e intensificaram a crise humanitária. Ainda assim, o premiê manteve o tom firme, direcionando suas palavras tanto aos reféns israelenses ainda detidos em Gaza, quanto aos combatentes do Hamas e aos líderes mundiais que vêm defendendo o reconhecimento de um Estado palestino.

Com a comunidade internacional cada vez mais dividida, Netanyahu classificou como “vergonhosa” a decisão de vários países de reconhecer formalmente a Palestina como Estado soberano. Para ele, tal movimento representa uma rendição à pressão externa. “Os líderes ocidentais podem ter cedido à pressão, mas Israel não o fará”, declarou, em um dos trechos mais contundentes de sua fala.

O primeiro-ministro também exaltou a atuação das Forças Armadas israelenses no Oriente Médio e assegurou que a ofensiva em Gaza não será interrompida. “Os últimos remanescentes do Hamas estão entrincheirados na Cidade de Gaza. Eles prometem repetir as atrocidades de 7 de outubro uma e outra vez. É por isso que Israel precisa terminar o trabalho”, afirmou, justificando a continuidade da operação militar.

Apesar do clima de tensão, Netanyahu reservou espaço em seu discurso para elogiar o presidente norte-americano Donald Trump, que pouco depois disse a repórteres acreditar na possibilidade de um acordo envolvendo Gaza. “Acho que talvez tenhamos um acordo sobre Gaza”, declarou Trump, sem oferecer detalhes sobre as negociações que, historicamente, têm fracassado diante da complexidade do conflito. O presidente deve se reunir com Netanyahu na próxima semana, em mais uma tentativa de alinhar posições estratégicas.

Os Estados Unidos seguem como o principal pilar de apoio de Israel, mesmo diante do isolamento crescente do governo de Netanyahu. Uma lista cada vez maior de países condena a ofensiva israelense, denunciando o colapso humanitário em Gaza e defendendo a necessidade urgente de uma solução diplomática baseada no reconhecimento da Palestina como Estado.

O cenário reflete o dilema central do conflito: de um lado, a insistência de Netanyahu em manter uma linha dura contra o Hamas; do outro, uma pressão global que busca frear a escalada da violência e abrir espaço para negociações que tragam estabilidade à região.

Netanyahu desafia isolamento na ONU e envia mensagem direta a reféns e ao Hamas

O discurso de Benjamin Netanyahu na Assembleia Geral da ONU foi marcado não apenas pelo esvaziamento da sala, quando dezenas de delegados abandonaram seus assentos em protesto, mas também por um tom duro e carregado de simbolismo. O primeiro-ministro israelense afirmou que sua fala estava sendo transmitida por alto-falantes ao longo da fronteira de Israel com Gaza e garantiu que os reféns ainda mantidos no enclave palestino poderiam ouvi-lo. Segundo ele, até mesmo celulares de palestinos em Gaza estariam reproduzindo o discurso, em uma operação articulada pelos serviços de inteligência de Israel.

“Não nos esquecemos de vocês, nem por um segundo. O povo de Israel está com vocês”, disse Netanyahu, dirigindo-se às famílias que aguardam notícias dos sequestrados. A declaração ocorre em meio a protestos cada vez mais intensos dentro de Israel, com familiares acusando o governo de negligenciar a vida dos reféns ao rejeitar negociações por um cessar-fogo.

Em tom de ultimato, o premiê enviou também uma mensagem direta ao Hamas: “Deponham as armas. Soltem meu povo. Se fizer isso, você viverá. Se não fizer, Israel irá caçá-lo.”

No entanto, a maior parte de sua fala foi voltada à comunidade internacional. Netanyahu criticou duramente os países que, nos últimos dias, formalizaram o reconhecimento do Estado palestino, classificando a medida como uma “decisão vergonhosa” que, segundo ele, “encorajará o terrorismo contra judeus e contra pessoas inocentes em todos os lugares”. O líder israelense elevou ainda mais o tom ao afirmar: “Será uma vergonha para todos vocês.”

Além de rejeitar a legitimidade do reconhecimento da Palestina, Netanyahu também rebateu a onda de acusações contra Israel em tribunais internacionais. Seu governo enfrenta processos por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça e denúncias crescentes de violações de direitos humanos feitas por organizações globais. Para o premiê, tais críticas refletem uma campanha injusta que visa minar a legitimidade do Estado de Israel.

O isolamento político de Netanyahu ficou evidente até no trajeto para Nova York: a aeronave oficial teria alterado sua rota para evitar países que poderiam cumprir um mandado de prisão internacional contra ele por supostos crimes de guerra cometidos em Gaza.

Enquanto isso, no terreno, a ofensiva israelense se intensificava. Tropas e bombardeios concentraram-se na Cidade de Gaza, empurrando centenas de milhares de palestinos para o deslocamento forçado, enquanto os que permanecem enfrentam ataques quase diários e uma situação humanitária cada vez mais insustentável.

Trump apresenta plano de paz enquanto Abbas denuncia “guerra de genocídio” em Gaza

O primeiro-ministro israelense foi recebido por uma grande greve de delegados ao iniciar seu discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas na sexta-feira.
Soldados israelenses trabalham em um obus de artilharia autopropulsado na fronteira com Gaza / Jack Guez/AFP via Getty Images

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu discursou na ONU sob forte isolamento diplomático, mas a pressão não veio apenas da comunidade internacional. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, emitiu uma advertência rara ao governo israelense após membros da ala mais radical da frágil coalizão de Netanyahu pedirem a anexação da Cisjordânia — território ocupado desde 1967 e considerado essencial pelos palestinos para a formação de um Estado soberano, ao lado de Gaza e Jerusalém Oriental. Uma medida desse tipo, alertam analistas, poderia enterrar de vez qualquer perspectiva de paz.

Em paralelo, Trump apresentou a líderes árabes um plano de 21 pontos para a paz, que, segundo seu enviado especial Steve Witkoff, foi recebido de forma “produtiva” e pode abrir caminho para um avanço “iminente” nas negociações. O plano não teve detalhes revelados publicamente, mas busca costurar um acordo que contemple tanto a segurança de Israel quanto as aspirações de Estado dos palestinos.

Enquanto Trump tenta assumir novamente o protagonismo no tabuleiro do Oriente Médio, o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair também surge como figura de bastidores. De acordo com o Financial Times, Blair articula um papel central na administração de Gaza no pós-guerra, em um modelo de governança internacional que ainda está em discussão. O gabinete do ex-premiê britânico, no entanto, recusou-se a comentar a informação.

Do outro lado, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, apareceu por vídeo na Assembleia Geral da ONU, já que teve seu visto — e o de outros funcionários palestinos — revogado pelos Estados Unidos no mês passado. Em sua fala, Abbas fez um apelo dramático, acusando Israel de conduzir “uma guerra de genocídio, destruição, fome e deslocamento” contra a população de Gaza.

Apesar das duras críticas a Tel Aviv, Abbas deixou claro que não reconhece o Hamas como representante legítimo dos palestinos: “Apesar de tudo o que nosso povo sofreu, rejeitamos o que o Hamas realizou em 7 de outubro. No futuro que imaginamos para Gaza, o Hamas não terá nenhum papel a desempenhar na governança.”

As palavras de Abbas reforçam que o futuro de Gaza continua a ser o ponto central nas negociações de paz. E é nesse cenário de pressão crescente dos EUA, da ONU e das famílias israelenses que aguardam notícias de reféns que Netanyahu insiste em manter sua postura de enfrentamento, prometendo não recuar até “terminar o trabalho” contra o Hamas.

Com informações de NBC News*

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