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Produção industrial de out dá pro gasto

Ontem o IBGE divulgou a produção industrial de outubro. É um número importante para a gente ter uma noção de como ficará o PIB do último trimestre e, com isso, do ano inteiro de 2011. Infelizmente, os números não são bons. Mas também não são calamitosos.

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Ontem o IBGE divulgou a produção industrial de outubro. É um número importante para a gente ter uma noção de como ficará o PIB do último trimestre e, com isso, do ano inteiro de 2011. Infelizmente, os números não são bons. Mas também não são calamitosos. Em primeiro lugar, entenda-se que a indústria é o setor que mais sofreu com as medidas restritivas do governo no primeiro semestre. O BNDES praticamente fechou o cofre no período. o Banco Central ampliou os juros. O governo não gastou. Enfim, houve uma deliberada ação para frear o crescimento que, pensava-se, achava-se super-aquecido. Hoje vemos que foi um terrível erro do governo.

Entretanto, os números para o acumulado 12 meses ainda permanecem positivos.

Na tabela abaixo, temos o seguinte número índice: a base dos últimos 12 meses é igual a 100; de forma que se tivermos números superiores a 100, temos crescimento. A coluna do acumulado de 12 meses, mostra crescimento em quase todos os setores da indústria, com exceção de:

  • alimentos: aí não tem tanto problema, porque é nossa praia. Foi uma queda puramente sazonal.
  • têxtil: consequência direta da competição chinesa; problema difícil de resolver; a indústria brasileira ainda precisará se ajustar a essa nova realidade.
  • calçados: mesmo problema do item anterior.
  • perfumaria e outros produtos químicos: não é muito nossa praia mesmo, e de qualquer forma a queda não foi tão grande.
  • metalurgia básica: problema sazonal; com a quantidade de ferro que temos no Brasil, é um setor predestinado ao sucesso; queda foi irrelevante e o setor tem crescido muito nos últimos anos; a base de 2010 é muito forte.
  • máquinas e aparelhos elétricos: competição chinesa e asiática em geral. Os esforços do governo devem focar nesse setor, que é importante; mas a queda em outubro (não acumulado) de 2011 foi menor que a registrada esse ano.
Tabela 2295 – Produção física industrial, por tipo de índice e seções e atividades industriais
Variável = Produção física industrial (Número índice)
Seções e atividades industriais Tipo de índice X Mês
Índice mensal (Base: igual mês do ano anterior = 100 ) Índice acumulado de 12 meses (Base: últimos 12 meses anteriores = 100)
outubro 2010 setembro 2011 outubro 2011 outubro 2010 setembro 2011 outubro 2011
1.Indústria geral 101.93 98.38 97.81 111.79 101.63 101.26
2.Indústria extrativa 108.61 98.64 101.81 113.23 103.96 103.4
3.Indústria de transformação 101.56 98.37 97.58 111.7 101.49 101.13
3.1Alimentos e bebidas
3.2Alimentos 98.28 103.19 99.21 104.44 99.43 99.52
3.3Bebidas 104.11 104.88 105 111.89 100.2 100.3
3.4Fumo 102.05 121.5 104.35 90.45 113.83 113.92
3.5Têxtil 93.91 82.38 84.04 106.55 87.58 86.7
3.6Vestuário e acessórios 101.74 88.47 89.45 107.36 98.88 97.66
3.7Calçados e artigos de couro 92.22 89.2 87.57 111.03 91.33 90.89
3.8Madeira 110.69 97.97 98.68 114.45 102.15 101.17
3.9Celulose, papel e produtos de papel 101.39 99.54 102.48 105.02 101.4 101.5
3.10Edição, impressão e reprodução de gravações 101.12 91.57 92.21 103.87 104.25 103.32
3.11Refino de petróleo e álcool 98.82 103.77 105.38 101.42 100.79 101.36
3.12Produtos químicos
3.13Farmacêutica 95.75 87.93 95.95 104.57 100.82 100.85
3.14Perfumaria, sabões, detergentes e produtos de limpeza 99.08 96.04 96.81 103.67 98.43 98.22
3.15Outros produtos químicos 104.82 99.9 97.73 111.82 99.04 98.4
3.16Borracha e plástico 102.64 96.46 95.63 116.75 100.77 100.15
3.17Minerais não metálicos 104.93 103.12 102.02 109.55 104.59 104.33
3.18Metalurgia básica 103.58 101.51 98.02 120.15 100.37 99.9
3.19Produtos de metal – exclusive máquinas e equipamentos 113.38 100.88 98.88 124.23 104.61 103.48
3.20Máquinas e equipamentos 108.46 98.73 94.56 127.21 102.79 101.6
3.21Máquinas para escritório e equipamentos de informática 99.76 109.32 106.2 115.22 99.57 100.11
3.22Máquinas, aparelhos e materiais elétricos 90.15 90.59 92.83 107.51 98.52 98.82
3.23Material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicações 80.46 100.39 96.99 108.68 99.04 100.89
3.24Equipamentos de instrumentação médico-hospitalar, ópticos e outros 121.14 106.23 105.26 115.82 114.63 113.25
3.25Veículos automotores 107.19 93.45 93.86 130.37 105.84 104.65
3.26Outros equipamentos de transporte 104.01 102.46 100.66 94.32 110.57 110.24
3.27Mobiliário 97.43 102.25 100.16 113.51 103.24 103.5
3.28Diversos 98.95 89.97 91.31 112.54 103.01 102.29
Fonte: IBGE – Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física

 

Enfim, não quero dourar a pílula. A situação da indústria brasileira é delicada, mas apenas por causa da competição chinesa, que afeta alguns setores. No geral, ela vem crescendo, a um ritmo menor que a economia porque a renda tem aumentado num prazo mais rápido do que o necessário para construir fábricas novas. Mas o importante é que o Brasil tem assistido a entrada de muito investimento destinado à instalação de novas indústrias. O avanço do consumo das famílias brasileiras foi surpreendente. Nenhum industrial imaginava que fosse possível crescer tão rápido, e ainda mais em 2010, com o mundo desenvolvido em crise; então não investiram a contento.

Conclusão: ainda estou otimista.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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