Ditadura concentrou renda brutalmente

Hoje tem uma matéria interessante no Valor, com dados sobre a evolução da concentração de renda no país. Traz também uma comparação da evolução das rendas do juro e do trabalho de 2002 a 2013.

Eu faço um comentário breve abaixo dos gráficos.

Observe como a renda com juros caiu fortemente em comparação com a renda do trabalho. Isso explica, em parte, a irritação dos mais ricos com o governo Dilma. Na matéria, os pesquisadores observam, porém, que os ultra-ricos, os 1%, fazem investimento mais sofisticados do que o CDI, e portanto não perderam tanto com essa mudança. Eles enfatizam ainda que essa nata costuma casar entre si, e ter poucos filhos, concentrando ainda mais a renda.

 

A tabela acima traz números que me chocaram, embora eu já tivesse visto isso em algum lugar. A renda dos 5% mais ricos, cresceu brutalmente após o golpe de 64. Passa de 27,7% da renda nacional total em 1960, para 34,9% em 1970, e chega a 38% no ano 2000. Movimento similar acontece entre os 10% mais ricos.

Depois os coxinhas vêm botar a culpa dos problemas brasileiros no PT…

 

Os muito ricos, os 1%, conseguiram passar incólumes pela era Lula/Dilma. Os pesquisadores explicam, conforme eu já disse acima, que essa faixa tem tendência à concentração por conta de casamentos entre famílias ricas e domínio de grande quantidade de imóveis, que se valorizaram nos últimos anos.

Nelson Barbosa, ex-secretário do Ministério da Fazenda, alerta para a dificuldade de se pesquisar a riqueza no país, pela ausência de dados abertos sobre patrimônio. Ele sugere um projeto de lei, já incorporado pelo deputado Cláudio Puty (PT-PA), de que a Receita passe a divulgar, sem identificação, dados que permitam mapear as riquezas no país.

Se não me engano, na Suécia, os dados de todos os contribuintes são abertos. Eu acho que devemos caminhar para uma cidadania mais transparente. Seria o golpe final na sonegação e possivelmente também na corrupção.

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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