Lauro Jardim enfim descobriu: Petrobrás não é Petrobrax

por Tadeu Porto, colunista do Cafezinho

As petroleiras e petroleiros fizeram uma greve histórica ano passado. Tá certo, todo movimento paredista recebe o adjetivo “histórico” quase que automaticamente e há justificativa pra isso: cada batalha que travamos, enquanto classe trabalhadora, é um passo a mais para uma luta muito maior: a efetiva disputa de classes.

É um Davi versus Golias — uma singela homenagem ao Wendell Lira — a todo instante! Por isso, por mais simples que possa parecer uma greve, não deixa de ser uma escrita importante nas páginas dos nossos livros de história.

Mas claro, sempre tem aquela escolha especial! Sempre tem o clássico dos clássicos, um “Forrest Gump”, um “De Volta Para o Futuro”, ou “Esqueceram de Mim”, enfim, obras que são praticamente impossíveis de não se admirar.

Como é o caso da greve petroleira de 2015.

Tanto é especial que incomodou e ainda incomoda demais o outro lado da luta: o capital; os entreguistas; o estrangeiro que quer a preço de banana nossas riquezas; e a elite vira-lata.

Prova disso é a coluna do dia 10 de janeiro, do Lauro “barrigada” Jardim. Claro, o ex-blogueiro da Veja erra num nível considerável, desafiando qualquer lógica meritocrática, entretanto, de vez em quando ele transmite ideias plausíveis. Quando, por exemplo, seus amiguinhos e amiguinhas do mercado vão chorar mágoas e ele corre para escrever um parágrafo sobre aquilo.

Eu fico tentando imaginar a conversa que resultou na coluna: “Petrobras faz jogo duro para vender seus ativos”:

“Pô, Laurim… Tá F%¨& comprar os ativos da Petrobrás a preço de banana, cara!”

“Que isso, mas e a Gaspetro?”

“Ahhhh! Saiu né?! Mas era pra ter sido mais cedo, e era pra ter vindo com Distribuidora e Transpetro junto”

“Mas ouvi dizer que Bendine quer vender a todo custo. Chamam-no de Vendine pelos corredores…”

“Pode até querer, mas tá um osso duro de roer. Parece que é reflexo daqueles petroleiros insolentes que acham que podem defender a empresa”

Só para deixar claro, amigo do mercado: parece não, é reflexo.

E mais, achamos nada: temos convicção da nossa responsabilidade de defender a empresa e o Brasil!

Para quem viu o José ‘Chevron’ Serra dizer em junho que o PLS 131 — projeto de lei que propunha retirar a Petrobrás como operadora única do pré-sal — ia passar ainda em 2015 no Senado de lavada, e conseguiu reverter a tendência  (a luta ainda não acabou, mas ganhamos algumas batalhas) para os petroleiros e petroleiras, nada é impossível.

Por isso, quando a classe petroleira apresenta uma pauta para retomada de obras, para gerar mais empregos, contra os desinvestimentos e a favor de uma política nacionalista do petróleo, entre outros itens, não é de se espantar.

Depois de uma greve que pautou o preço do barril internacional, que as obras do Comperj e da Refinaria Abreu e Lima retornem; que os acordos de leniência sofram ajustes; que o projeto do Serra ocasione maior repulsa; e que a nossa petroleira estatal comece a ser mais criteriosa com as vendas de seus ativos.

É sabido que a Petrobrás sem o apoio dos funcionários e funcionárias não é nada. Em meio a uma das maiores crise político-econômicas já enfrentada pela companhia, com o país inteiro querendo dilacerar a imagem “BR”, são as empregadas e empregados que fazem a defesa efetiva da empresa e da importância dela no cenário mundial. Fico orgulhoso demais da conta quando vejo tanto jaleco laranja aparecendo espontaneamente nas ruas.

Dizem por aí que o segredo é não correr atrás das borboletas. Bom, não sei que tipo de cuidado exigem certos jardins, mas acredito que em alguns casos os urubus acabam chegando primeiro.

Portanto, Lauro, se eu fosse você me habituaria com o fato da população brasileira participar dos tomadas de decisões da Petrobrás. Sua coluna me pareceu ter um certo tom de surpresa com a dificuldade de venda de ativos, mas nossa empresa é uma estatal que deve servir ao povo e não a fundos abutres que querem lucros irresponsáveis a custo de degradar o meio ambiente e prejudicar a vida dos trabalhadores.

E dessa luta, a categoria petroleira não vai abrir mão nunca, jamais.

Tadeu Porto é Diretor do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF)

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