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Vai que dá certo…

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil Por Denise Assis Michel passou o final de semana preparando o que chamou de “ofensivas jurídicas”. Queremos, no entanto, dizer a ele, que ofendidos estamos todos nós, com sua indiferença à gravidade da crise que ele instalou no governo e no país, ao ignorar os preceitos éticos que devem guiar um […]

16 comentários
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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Por Denise Assis

Michel passou o final de semana preparando o que chamou de “ofensivas jurídicas”.

Queremos, no entanto, dizer a ele, que ofendidos estamos todos nós, com sua indiferença à gravidade da crise que ele instalou no governo e no país, ao ignorar os preceitos éticos que devem guiar um homem público.

Não é possível que Michel não perceba que, a despeito de organizar almoços em torno dos três ou quatro “amigos” que ainda o visitam, ele encontra-se isolado e investigado. Não se trata de provar ou não a qualidade técnica das fitas, mas de admitir que a sua qualidade técnica não serve mais ao país.

“Não saio da presidência”, reage, como se algum dia ela tenha lhe pertencido. “Vou resistir”, reforça, como se estivesse em uma trincheira. A esta altura, Michel, a sua teimosia serve apenas a um projeto pessoal. E como estamos aqui falando de “bem comum”, a sua fala vem carregada de um voluntarismo típico dos imaturos. E, convenhamos, não fica bem para um senhor, que se diz um constitucionalista, ficar aí batendo o pé, num ritmo de marchinha carnavalesca: “daqui não saio, daqui ninguém me tira.”

Tira sim, Michel. Sabe quem tira? A voz das ruas. Você viu a multidão que se aglomerou ontem, sob um frio que o carioca não está afeito, em Copacabana? Pois é.

Até aquele general da ditadura, que disse que prendia e arrebentava, teve que curvar-se à voz do povo. Até ele, acostumado às esporas, sentiu que tinha de aliviar o galope e apear do poder que não lhe pertencia. O poder, meu caro Michel, como bem lembrou o grande jurista Sobral Pinto, em um ato (coincidentemente), pelas diretas, em 1984, “emana do povo, e só em seu nome deve ser exercido”.

E sem querer ser estraga prazer, há alguns detalhes nesta história que você tenta rearranjar, como se fosse possível, depois de se expor da maneira que se expôs, e que devem ser lembrados aqui. Por exemplo, embora você confie no “azul”, para fazer a sorte mudar e “endurecer”, conforme promessa feita a aliados, no final de semana, há um julgamento no TSE, que pode ser muito mais duro, pois seguirá a letra da lei. E, convenhamos, como um constitucionalista, você não vai querer ir contra um item que diz o seguinte: anulada a chapa que o elegeu, aquela, que você traiu, estendendo uma ponte para o poder, entende-se que não há cargo a ser vago, pois ele jamais foi ocupado. E olha que você chegou aí por tabela… Então, anuladas as eleições, o jogo começa de zero a zero.

Zerado o taxímetro, o que diz a Constituição? Serão convocadas eleições diretas. Sim!

Sabe aquele povo que você despreza e contra o qual manda tropas e bombas? Pois é.

Ele mesmo é quem vai dizer qual o cidadão ocupará a cadeira onde você, tal e qual na brincadeira infantil, aboletou-se numa corrida afoita.

Resistir? Acho extremamente perigoso. Sabe por quê? Você vai querer lançar mão daquele decreto, com a ajuda do Jungman, convocando as Forças Armadas para garantir a sua “ficada”. Acontece que eles não estão muito animados com esta ideia.

Afinal, aprenderam a respeitar as leis e os princípios éticos. E aí, sob decreto, na condição de comandante em chefe das fileiras, você pode ficar desmoralizado perante os comandos, que se recusarão a segui-lo, na resistência. E aí, o movimento das ruas poderá estar tão forte que aceitará o seu convite de: venham me derrubar. Vai que dá certo…

*Jornalista e colunista de O Cafezinho

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Luis Edmundo

Luis Edmundo Araujo é jornalista e mora no Rio de Janeiro desde que nasceu, em 1972. Foi repórter do jornal O Fluminense, do Jornal do Brasil e das finadas revistas Incrível e Istoé Gente. No Jornal do Commercio, foi editor por 11 anos, até o fim do jornal, em maio de 2016.

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Comentários

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Maria Santana Rodrigues

30/05/2017 - 04h36

Olha o dedo igual do salas malaveia

none

29/05/2017 - 23h20

aprenderam a respeitar a lei e os prncipios eticos aonde ? se isso existisse nao teriam deixado entregar presal amazonia alcantara submarino nuclear etc. q ingenuidade meu Deus.

Marta

29/05/2017 - 22h52

Brilhante!!!!!!

NICO

29/05/2017 - 22h00

Esse cidadão aí (Michel – nem nome de brasileiro tem – já vem com nome de americano) é o cocô do cavalo do bandido que não entrou em cena. É o estrume criado pelas elites, que já não estão aguentando o cheiro que eles próprios produziram. Abriram a tampa da fossa. Se arrependimento matasse né Temer? (hoje ele sonha em voltar a ser o decorativo da Dilma e escapar da cadeia).

Aparecida De Fátima De Paula Paula

30/05/2017 - 00h49

Muito bom!

Jackson lepesqueur

29/05/2017 - 21h29

De pleno acordo, este pústula nos foi imposto por este partido fisiologista, oportunista e cheio de crápulas, que o transforma com as raríssimas exceções ( Requião e pouquíssimos outros) em uma máfia siciliana.

marcosomag

29/05/2017 - 21h17

Ele apenas sairá de lá com garantia de impunidade. Senão, apenas uma revolta popular poderia tira-lo do Poder e coloca-lo na cadeia. Uma insurreição como a que arrancou à força Ceausescu do Palácio Presidencial na Romênia, em 1989. O que esteve perto de acontecer no último dia 24 de maio, e que pode ficar incontrolável com o recrudescer da crise. Aí, as tropas recuariam pois os praças saberiam da presença de seus familiares entre os manifestantes. É um jogo muito perigoso para o seu pescoço. O fantasma de Ceausescu sendo “julgado” e executado na rua, em meio ao turbilhão paira sobre a sua cabeça.

Pedroll

29/05/2017 - 20h16

Esse ” palhaço, idiota e imbecil”conhecido por Temer,deveria ter se mandado já faz tempo,cada dia desse traste brincando de governo representa mais retrocesso e muito prejuizo para a nação.Afinal, quem esta garantindo esse Cretino lá em Brasilia???

beth

29/05/2017 - 19h53

Esse energúmeno do MT não vai sair de lá enquanto puder se agarrar à cadeira. Já era um traidor ávido pelo poder há muito tempo (quem poderia esquecer aquela asquerosa carta reclamando a atenção que Dilma não lhe dava?). Agora então, que corre o risco de ser preso, podem esquecer. Ele vai continuar ignorando a voz das ruas e chamando os generais para mitigar o seu pânico sempre que alguém gritar Fora Temer na porta do Planalto. Teremos que atura-lo por mais um ano, senhoras e senhores. E olhem lá. Porque sempre desconfiei, desde o golpe, que Michel ia tentar anular o pleito de 2018.

Valeria Miguez

29/05/2017 - 19h49

Façam campanha para anularem o impeachment!

Clá

29/05/2017 - 19h39

Denise Assis: muito bonito o seu texto. Porém, se tudo isso fosse verdade, eu lhe confesso que dormiria como um anjo esta noite. Denise, sinto lhe informar, mas você está sofrendo da síndrome de Poliana. Não foi o povo que arrebentou o governo do Michel: foi o Departamento de Estado Norte Americano, por meio dos serviços de Joesley, Denise. O povo, fez uma greve geral maravilhosa, histórica, no dia 28 de abril; fez uma marcha a Brasília magnífica, realmente. Porém: o campo social está perigosamente excluído de tudo o que está se passando, Denise. Eu espero que este tempo que o Michel está demorando para “largar o osso ” sirva para que o campo social se organize RADICALMENTE. Porque da maneira como as coisas estão colocadas, Denise, apenas uma manifestação RADICAL terá condições de mexer, de alguma forma, neste tabuleiro onde as peças estão sendo deslocadas pelas mãos podres do TIO SAM.

Rachel

29/05/2017 - 19h08

Seria lindo! Ele saindo algemado e o povo cercando o planalto cantando, dançando e enchendo os bares de Brasília conversando, cantando, dançando e tomando uma cervejinha, até o dia clarear. E o resto da quadrilha, na cadeia!

Laercio Ferreira

29/05/2017 - 20h46

ERA UMA VEZ UM G SUPER HOMEM AS AVESSAS , UM GOLPISTAS, JUNTO COM SUA TRUPE QUE AGARROU AO PODER POLÍTICO ,PARA NÃO ASSUMIR O PCC , O PRIMEIRO COMANDO DE CUNHA, E LEVAR A REPÚBLICA DE CORITIBA JUNTO ,UM TORNEIO DE GRANDES VALORES DA CORRUPÇÃO NA NEO COLÔNIA DOS EUA?? SÃO CAVALEIROS DE ESPADAS , ARMADURAS DO PODER NAS MÃOS??

Elaine Maria Santos

29/05/2017 - 20h14

Vulgo: Trambique para fugir da prisão.

Paulo Ribeiro

29/05/2017 - 20h11

ESSE NASCEU PRA FAZER MERDA, UM SENHOR BOSTA.

Marilene Flores

29/05/2017 - 20h09


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