Veja e Bahia Notícias divulgam pesquisa para 2022

Duas pesquisas de intenção de voto foram divulgadas nesta sexta-feira, uma de âmbito nacional, na Veja, feita pelo instituto FSB, e outra no portal Bahia Notícias, e realizada pelo Paraná Pesquisas, feita somente entre eleitores baianos.

Vamos analisar, primeiramente, a pesquisa da Veja/FSB.

Naturalmente, é muito cedo para qualquer pesquisa para 2022, e os números servem apenas para balisar o que os eleitores pensam agora.

Trata-se de uma sondagem feita por telefone, sem apresentação de números estratificados por região, renda, escolaridade, idade, sexo, de maneira que é uma pesquisa de segunda ordem.

Entretanto, por amor ao debate, vamos acreditar que seja uma pesquisa séria e retrate a realidade.

Os números fazem sentido e correspondem ao que dizem as pesquisas de aprovação.

O cenário 1 mantém, mais ou menos, a estrutura da votação no primeiro turno das eleições presidenciais, onde Bolsonaro ficou com 46% dos votos válidos, seguido de Haddad, com 29% e Ciro, com 12,47%.

Eu fiz duas tabelas para converter as intenções de voto mostradas na pesquisa para votos válidos, com objetivo de comparar ao resultado no primeiro turno.

Convertido em votos válidos, portanto, vemos que Bolsonaro e Haddad desidratam um pouco. Bolsonaro obteve 46% dos votos válidos no primeiro turno, e na pesquisa Veja/FSP tem 43% dos válidos. A diferença está quase na margem de erro e, portanto, não é relevante.

Haddad pontuou 29% no primeiro turno, e tem 21% dos válidos na pesquisa Veja, oito pontos a menos, mas também isso está dentro da normalidade, pois se Bolsonaro ainda tem muita visibilidade, por ser presidente, o mesmo não acontece com Haddad, que ainda é vítima de processos judiciais extremamente duvidosos.

A pontuação elevada de Ciro, que obteve 12.5% dos votos válidos no primeiro turno, e agora tem 13% na pesquisa, é mérito de sua participação intensa no debate político nacional. Os adversários podem acusar Ciro de qualquer coisa, menos de “sumido”, pois a quantidade de eventos (palestras, debates, lives, entrevistas) de que tem participado desde o início do ano é surpreendente.

O percentual de Luciano Huck é consequência de sua fama televisiva; mesmo assim, seus 11% (13% se considerarmos apenas os válidos) são um número alto, e o coloca, desde já, como um dos nomes fortes para 2022.

Amoedo, por sua vez, ainda guarda um recall de 2018, quando foi um nome importante na campanha, apesar de ter submergido na polarização entre Bolsonaro X PT, que o levou a encerrar o primeiro turno com apenas 2,5% dos votos válidos. Na pesquisa Veja, Amoedo tem 6%, um número extraordinariamente bom, e acima de João Dória, governador de São Paulo, que pontuou 4%.

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No cenário 2, com Sergio Moro, algumas peças do jogo se mexem. Moro (27%) tem bem menos votos que Bolsonaro (35%). Só isso já altera bastante o xadrez.

Quem herdaria os votos de Bolsonaro, caso ele não viesse disputar a eleição?

A pesquisa sugere que os votos se espalham: Haddad oscila 1 ponto para cima, Ciro sobe 3 pontos, Huck 3 pontos, Amoedo fica parado em 6%, e Doria ganha 2 pontinhos. Isso sempre usando o cálculo que fizemos, de votos válidos, com objetivo de manter a comparação com o resultado do primeiro turno.

É importante saber quem herda os votos de Bolsonaro porque isso nos permitirá também identificar para onde irão seus eleitores quando se decepcionarem com o “mito”: a pesquisa mostra que Ciro, Huck e Doria seriam os mais beneficiados, o que é um dado intuitivo, pois o antipetismo que caracterizou a eleição de Bolsonaro não será canalizado facilmente para o… PT.

Agora, analisemos os números do segundo turno. A Veja/FSB apresentou três cenários para o segundo turno: Bolsonaro X Haddad, Bolsonaro X Doria, e Haddad X Doria.

Novamente, eu converti os percentuais da pesquisa para votos válidos, para compararmos com as urnas.

Caso o segundo turno de 2022 fosse hoje, e trouxesse os mesmos candidatos das últimas eleições, Bolsonaro teria um desempenho melhor do que obteve em 2018. Em 2018, Bolsonaro registrou 55% dos votos válidos; num hipotético segundo turno em 2022 com Haddad, o presidente teria 58%. Haddad, por sua vez,  que pontuou 45% no segundo turno de 2018, teria, segundo essa pesquisa, 42% em 2022. Ou seja, o PT perderia novamente de Bolsonaro, e por uma diferença maior.

Caso o segundo turno de 2022 seja disputado entre Bolsonaro e Doria, o atual presidente ganharia ainda mais tranquilamente, com 61% dos votos válidos, contra 39% de Doria.

Num terceiro cenário apresentado pela Veja/FSB, um segundo turno entre Haddad e Doria, o petista ganharia por 53% X 47%.  A vantagem de 6 pontos do petista sobre Doria não é confortável, porque Haddad foi ao segundo turno de 2018 e, portanto, tem um recall que o tucano não tem.

A Veja não trouxe outros cenários de segundo turno. Seria interessante examinar o desempenho de Luciano Huck e Ciro Gomes contra Bolsonaro.

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O post ainda não acabou, contudo. Ainda temos a sondagem da Bahia Notícias/Paraná Pesquisas para analisarmos.

Os números se referem apenas ao eleitorado baiano.

Novamente, eu preparei tabelas com colunas trazendo o resultado eleitoral em 2018, no primeiro turno, no estado da Bahia, e converti os percentuais da pesquisa do Bahia Notícias para votos válidos.

Vamos começar pelo cenário 2, com Fernando Haddad como candidato do PT para 2022.

Segundo a pesquisa, se as eleições presidenciais de 2022 fossem hoje, o petista teria 29% dos votos válidos entre os eleitores baianos.

A diferença para com o resultado do primeiro turno é muito grande, pois Haddad obteve 60% dos votos válidos na Bahia, no primeiro turno das eleições de 2018.

Bolsonaro, que teve 23% no primeiro turno de 2018, teria 29% em 2022.

Ciro, que obteve 9% entre eleitores baianos no primeiro turno de 2018, teria, segundo o Paraná Pesquisas, 28,74% dos votos válidos no primeiro turno de 2022.

Amoedo e Boulos, que pontuaram apenas 0,59% e 0,43% na Bahia, no primeiro turno de 2018, teriam agora 5% e 2%.

Se o candidato petista para 2022 fosse Rui Costa, ele lideraria na Bahia com 39%, mas ainda estaria longe dos 60% que o PT obteve no estado em 2018. Neste cenário, Bolsonaro teria 27% dos votos válidos, 3 pontos a mais do que obteve no estado no primeiro turno das últimas eleições.

Ciro teria 23% dos válidos em 2022, na Bahia, bem mais do que os 9,4% que teve em 2018.

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