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Comércio exterior reflete desindustrialização do país

Separamos texto e gráficos divulgados pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) sobre o comércio exterior brasileiro até outubro. No blog do Ibre/FGV 3/11/19 ICOMEX: não commodities influenciam queda das exportações em outubro O ICOMEX de novembro traz os índices de comércio para o grupo “Demais da América do Sul” composto pela Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, […]

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Separamos texto e gráficos divulgados pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) sobre o comércio exterior brasileiro até outubro.

No blog do Ibre/FGV

3/11/19
ICOMEX: não commodities influenciam queda das exportações em outubro

O ICOMEX de novembro traz os índices de comércio para o grupo “Demais da América do Sul” composto pela Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela, o que junto com os índices da Argentina completa a análise da região sul-americana. Optamos por destacar a Argentina, que é o principal parceiro do Brasil no comércio da região. Além desses países, são calculados os índices para a China, Estados Unidos e União Europeia. A soma desses países/regiões explicou 69,6% das exportações totais brasileiras no acumulado do ano até outubro e 66,9% das importações, no mesmo período.

Observa-se que a China é o principal país destino das exportações brasileiras (27,8%) e sua diferença para o segundo colocado, os Estados Unidos, foi de 14,7 pontos percentuais. A participação da China supera até a do bloco da União Europeia, que registrou participação de 16,3%. A recessão na Argentina contribuiu para o percentual de 4,4% do país, que é o segundo menor na série histórica que inicia em 2000. Em 2002, com queda no PIB de 10,9%, a participação da Argentina nas exportações brasileiras foi de 3,8%.

Nas importações, embora a China seja o principal mercado das compras externas brasileiras, a diferença dos percentuais é menor em relação aos Estados Unidos e a União Europeia. No caso da América do Sul, a diferença é de 8,6 pontos percentuais.

A importância da China para o comércio exterior brasileiro é presente também na sua contribuição para os superávits da balança comercial. No acumulado até outubro, o saldo da balança foi de US$ 34,9 bilhões, sendo que o saldo com a China foi de US$ 21,4 bilhões. Em seguida, temos “Demais da América do Sul” com saldo de US$ 6,4 bilhões e a União Europeia (US$ 2 bilhões). Com os Estados Unidos, a balança comercial é deficitária.

Os volumes exportados recuam em todos os mercados, exceto nos Estados Unidos que registrou aumento de 13,3%. Nesse mesmo período, os preços de exportações caíram 10%, o que explica o aumento de 2% no valor exportado, apesar da elevação em mais de 10% no volume. O principal produto exportado foi o petróleo seguido das semimanufaturas de aço (os dois tem uma participação ao redor de 20% na pauta de exportação do Brasil para os Estados Unidos) e registraram queda na comparação do acumulado do ano até outubro. Todos os outros produtos que constam da lista das principais exportações tiveram variação positiva com destaque para a gasolina (332%), etanol (25%) e outras manufaturas (44%). Para a China, o volume exportado caiu 2,8% e a Argentina registrou queda de 35,9% no volume e 38,4%, em valor.

Nas importações, os Estados Unidos novamente se destacam com aumento de 13% no volume, seguido da China com elevação de 1,6% e recuo nos demais mercados. Os óleos combustíveis são a principal importação do Brasil dos Estados Unidos e como o principal produto exportado é o petróleo bruto, o resultado mostra um comércio associado à questão da infraestrutura de refino no território brasileiro. Entre os produtos importados chamou atenção a variação de mais de 1000% nas compras de máquinas para terraplanagem e perfuração.

A China é o principal parceiro comercial do Brasil, mas o comércio brasileiro é diversificado, o que sugere que os interesses da política comercial devem ser multilateralizados. Os Estados Unidos mostram no ano de 2019 o melhor desempenho em termos de volume de comércio, mas para a obtenção dos saldos comerciais positivos, além da China, é preciso considerar o mercado sul americano e o europeu.

Resultados agregados do ICOMEX

Na comparação, em valor, entre os meses de outubro 2018/2019, as exportações recuaram 16,7% e as importações cresceram 5,7%. No acumulado do ano até outubro, as exportações caíram 6,8% e as importações, 0,6%.

Os dados de volume registraram queda de 8,7% nas exportações e aumento de 12,6% nas importações entre os meses de outubro. Diferente dos resultados de setembro, as operações com as plataformas de petróleo tiveram pouca influência. No caso das exportações, não há registro de operações e nas importações, a variação mensal exclusive as plataformas, foi de 13,3%. Na comparação do acumulado no ano, as exportações caíram 1,9% e as importações aumentaram em 3,6%.

A queda nas exportações em outubro foi liderada pelas não commodities que registraram uma variação negativa em 15,4%, enquanto as commodities recuaram 4,4%. Entre os acumulados do ano até outubro, as commodities cresceram 1,6% e as não commodities decresceram 6,8%. Todos os preços exportados caíram. Apesar dessa queda, a redução nos termos de troca foi pequena, 1,3%, na comparação entre os acumulados do ano. Entre outubro de 2018 e 2019, o recuo foi maior: 3,5%.

Os índices de preços e volume por tipo de atividade econômica

O volume exportado aumentou na comparação mensal para o setor de agropecuária e caiu para a indústria extrativa e de transformação. Ressalta-se o aumento de 11,7% no volume exportado da agropecuária associado principalmente as vendas de milho (aumento de 97% no volume), carnes e algodão. As importações cresceram em todos os setores, exceto na indústria extrativa.

Na análise do acumulado, o setor agropecuário lidera (1,7%), mas a diferença para o setor extrativo é pequena (0,5 pontos percentuais). A indústria de transformação registrou queda de 3,6%, o que é em parte explicado pela recessão argentina, mas também pelos desafios de aumento da competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional. As importações aumentaram para agropecuária e a transformação.

Os índices do volume exportado e importado por categoria de uso da indústria de transformação mostra o fraco desempenho do comércio exterior desse setor, a partir da comparação dos resultados do acumulado no ano. Destaca-se a categoria dos bens de consumo duráveis com quedas de 23,8% e 19% nas exportações e importações, respectivamente, um resultado associado à retração do comércio automotivo Brasil-Argentina. As exportações de bens de capital recuaram 17,2%, porém as importações ficaram relativamente estáveis (queda de 0,6%). As exportações e importações de bens intermediários que explicam mais de 50% dos fluxos de comércio do Brasil registraram variação positiva 3,9% nas exportações e 8,5% nas importações.

O ICOMEX calcula de forma mais detalhada indicadores do nível de atividade dos setores produtivos. No mês de outubro, observa-se que o volume importado de bens intermediários da indústria aumentou 17,2% e para a agropecuária 7,0%, o que é um indicativo de uma possível recuperação do nível de atividade da indústria. Essa observação se confirma quando lembramos que na comparação entre setembro de 2018/2019, o volume de bens intermediários para a indústria cresceu 17,6%. Nas compras de bens de capital, o setor de agropecuária lidera os investimentos.

A importância do comércio exterior do petróleo é analisada a partir dos índices de preços e volume. Os preços de exportações e importações recuaram, mas em termos de volume no ano até outubro, o desempenho das exportações foi favorável, mas em outubro a o volume caiu 18,4%.

Por último, ressalta-se que o saldo da balança comercial foi de US$ 34,9 bilhões, um valor inferior ao acumulado no ano até setembro de 2018, US$ 47,5 bilhões. Com esse resultado, a perspectiva é de um superávit na balança comercial ao redor de US$ 45 bilhões para 2019. Ademais, a análise por mercados mostra a relevância de uma estratégia da política comercial direcionada para todos os principais mercados, o que é condizente com a proposta de avançar a agenda de acordos comerciais anunciada pela Secretaria de Comércio Exterior.

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Comentários

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Carlos Marighella

15/11/2019 - 13h17

Não dá pra entender a Globo News, aparentemente não é bolsonarista, mas indiretamente elogia o governo de forma escancarada.

Raramente assisto, mas ontem estava no trabalho e ao parar pra tomar um café tinha uma TV ligada num dos noticiários. Apresentadora, comentarista e um entrevistado (que chegou ao ponto de elogiar a PEC da morte, acreditem) se desdobrando para elogiar a economia, mas daí quando mostram qualquer gráfico, a realidade é bem diferente do que falam, então vem aquele papo manjado de herança, crise (fabricada!) de 2015 e blablabla…

Só posso tirar uma conclusão, não falam a verdade pq não querem a progressismo (verdadeiro e para o povo) suba ao poder em 2022.

Globo News em campanha.

Joel Miranda

15/11/2019 - 09h31

Rosário, parabéns pelas publicações dos dados e gráficos, assim como pelas análises econômicas. Calcam nossas discussões e debates com amigos. Continue!


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