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Delenda Martha Rocha!

A ordem agora é Delenda Martha Rocha, sobretudo após pesquisa Ibope indicando vantagem dela de 4 pontos sobre Eduardo Paes no 2⁰ turno, além de seu avanço muito rápido no 1⁰ turno, descolando-se dos outros candidatos em vários segmentos. Todos os principais candidatos agora tem motivos para centrar fogo na delegada. (Pra quem não sabe, […]

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A ordem agora é Delenda Martha Rocha, sobretudo após pesquisa Ibope indicando vantagem dela de 4 pontos sobre Eduardo Paes no 2⁰ turno, além de seu avanço muito rápido no 1⁰ turno, descolando-se dos outros candidatos em vários segmentos.

Todos os principais candidatos agora tem motivos para centrar fogo na delegada.

(Pra quem não sabe, Delenda é uma expressão em latim que se significa “destrua!”, no imperativo; ficou famosa por causa da frase “Delenda Carthago”, usada por Catão, o antigo, um líder romano que terminava com ela todos os seus discursos, independente do assunto. Carthago era uma cidade inimiga de Roma, e que foi, efetivamente, destruída; esperemos que Martha não tenha o mesmo destino).

Eduardo Paes (DEM) já entendeu que, se o 2⁰ turno for com ela, será um embate muito mais difícil, por causa da baixíssima rejeição dela e de sua própria alta rejeição entre as camadas populares, em especial nas franjas mais instruídas e politizadas. Entre eleitores com ensino médio, por exemplo a rejeição a Paes chega perto de 40%.

A rejeição de Martha Rocha (PDT) é insignificante em todos os segmentos. Rejeição muito baixa, quando o personagem é desconhecido, ou quando tem pouco voto, não é bom, porque indica apenas indiferença por parte do eleitor, mas quando se tem um percentual relevante de votos e, mesmo assim, baixa rejeição, então temos um potencial promissor de crescimento.

Eduardo Paes tem rejeição de 43% entre a comunidade evangélica: é a rejeição mais alta entre todos os candidatos. Benedita, por sua vez, tem rejeição mais alta entre católicos e famílias de classe média; nas últimas duas semanas, a rejeição geral a Benedita subiu 7 pontos, chegando a 27%, o que talvez seja o antipetismo emergindo conforme sua campanha se desenvolve.

Aliás uma característica sólida do potencial eleitoral de Martha é que sua candidatura cresce sobretudo a partir da base, no eleitor de baixa renda (ao contrário de Boulos, em SP, que cresce de cima pra baixo). Martha tem 14% entre mais pobres, contra 2% de Renata (Psol).

Benedita (PT) também cresce entre os mais pobres, mas ao mesmo tempo perde os trabalhadores mais instruídos, com ensino médio, entre os quais pontua apenas 8%, contra 15% de Martha. Na classe média com renda de 5 a 10 salários, Benedita (8%) fica numericamente atrás de Renata Souza (9%), embora naturalmente isso constitua um empate técnico.

Ao mesmo tempo, Martha não tem rejeição nem na classe média nem entre o eleitorado cristão. Entre católicos, ela está em segundo lugar isolado, e herda o voto evangélico de Crivella no 2⁰ turno.

Num 2⁰ turno entre Martha X Paes, a delegada empataria entre católicos, mas tem vantagem de 5 pontos entre evangélicos. Martha também leva vantagem de 7 pontos entre mais pobres e de 10 pontos entre eleitores com ensino médio.

Para Renata Souza e seu partido, PSOL, assim como para Benedita da Silva e PT, há o risco de Martha absorver seu eleitorado mais pragmático, recebendo voto útil. Isso seria considerado constrangedor para a narrativa desses dois partidos.

Para o Psol, trata-se de uma questão local. O partido assumiu a hegemonia da esquerda carioca, apesar de seu perfil de alta renda, e essa hegemonia enfrentará dificuldades se o eleitor de baixa renda mostrar que pensa diferente.

Para o PT, que desistiu de qq disputa por hegemonia no Rio, um desempenho bom de Martha Rocha é um pesadelo com desdobramentos nacionais, porque fortaleceria o projeto de seu arqui-inimigo Ciro Gomes para 2022.  Uma vitória de Martha Rocha no Rio, ou mesmo sua presença no segundo turno na segunda maior cidade brasileira, representaria um duro golpe contra o hegemonismo nacional do PT no campo da esquerda. 

***

Os gráficos de segundo turno comprovam que Martha Rocha herdaria a maioria dos votos de Crivella, sendo essa a principal razão de vantagem. No total, o placar ficaria 45 X 41 em favor de Martha; entre católicos, haveria empate de 45 X 45; entre evangélicos, todavia, Martha pontuaria 43%, contra 38% de Paes.

Benedita, por sua vez, ficaria 18 pontos atrás de Eduardo Paes num eventual segundo turno. Entre católicos, a vantagem de Paes seria ainda maior, de 31 pontos: 56% X 25%. Entre evangélicos, Paes pontuaria 46% contra 27% de Benedita.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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Netho

26/10/2020 - 20h04

São duas boas notícias para os campos popular, progressista e democrático. As novidades são uma dupla de lutadoras sociais. Uma do PC do B. Manuela em Porto Alegre. Outra do PDT. Martha no Rio de Janeiro. Ambas invencíveis no segundo-turno contra quaisquer candidaturas, sejam dentro do mesmo arco político ou fora deste. Já há uma decisão política dedada por Lula e a cúpula do lulo-petismo para impedir a vitória do PDT no Rio de Janeiro e em Fortaleza. O objetivo declarado inocultável é derrotar Ciro Gomes; mesmo que tal decisão implique, eventualmente, a reeleição de títeres da direita ou da extrema-direita. Não por acaso, e passando o recibo na trucagem lulo-petista, a candidata carioca já acenou com a presença de Ciro Gomes no seu suposto governo, dada a tendência da candidata do PDT atropelar por fora e ultrapassar o primeiro-turno à frente do lulo-petismo e do bolsonarismo. Manuela e Martha surgem no cenário político nacional devastado e têm todas as condições de protagonizarem candidaturas majoritárias presidenciais em futuro não tão distante.

Tadeu

26/10/2020 - 13h06

A política do Rio (e não só lá: no DF, o governador Ibaneis (MDB) nomeou uma psolista como administradora do Plano Piloto, sempre sob o silêncio obsequioso da mídia local e nacional) tem características de municípios muito mais pobres, onde não existe ideologia.

Desde que o Freixo retirou a candidatura dele, fiquei com uma pulga atrás da orelha se isso não seria combinado por debaixo dos panos. Uma candidatura competitiva do PSOL tenderia a inflar com votos anti-gayzistas a candidatura Crivella, com isso atrapalhando o que seria uma vitória fácil do Paes e arriscando a vitória de um inimigo comum à direita limpinha e à esquerda gayzista cariocas. Então retira-se a candidatura competitiva do PSOL, Paes vence, e faz um “governo de coalizão”, com muito boa vontade para com o PSOL e até o PT. É só ver a amizade que tem o DEM da câmara, Rodrigo Maia á frente, com o PC do B, para perceber a viabilidade desse cenário. Há quanto tempo o Botafogo não está sentado em cima do requerimento para a CPI da UNE?

Então, num cenário desses, se vem um outsider e derrota o Paes, o acordão todo vai por água abaixo. Isso explicaria a virulência que já existe e tende a piorar contra a candidatura da Martha.

José de Souza

26/10/2020 - 10h08

Martha tem mais chances porque a parte conservadora do eleitorado (evangélicos e classe media) não a veem como uma candidata de esquerda. E realmente ela não é. È uma democrata, liberal, honesta, em princípio. Conservadores são capazes de votar nela, sem sustos. Ademais, o perfil “delegada” agrada a população insegura. Por isso tem esse resultado nas simulações. Ela pode levar uma parte dos votos do eleitor pragmático de esquerda, porque percebem que o Rio é uma cidade majoritariamente conservadora, e a eleição dela é o menos pior na atual conjuntura.Porém Martha tem mais chances de crescer em cima do eleitorado do Paes e pegar uns pontinhos dos nanicos (Bandeira de Mello , Garotinha, etc…) Crivella estabilizou, não passa de onde está. Ela pode superá-lo e falta pouco. Bene e Renata é que disputam o mesmo eleitorado, Martha mordisca pouco nessa faixa.
Agora, num debate, o Paes come ela com farinha. Martha não tem carisma, liderança, nem habilidade política para o confronto com uma cobra criada que nem o ex-prefeito.
Um reparo: desde quando o PT abriu mão de disputar a hegemonia da esquerda no Rio? Não consigo enxergar isso. Perdeu a hegemonia por seus proprios erros,só isso. A Bené é um quadro de expressão, senão o único, e tá alcançando alguns indices que não são desprezíveis.
Outra observação, agora quanto ao PSOL: em que pese a sua origem centro-sul da cidade, tem buscado enraizar-se para além disso. A Renata deve bater entre 6 e 8%. A chapa de vereadores é bem diversa e representativa deste esforço. Mas é dificil concorrer com a capilaridade dos evangélicos e a opressão das milícias, que controlam mais da metade do território da cidade.
O Rio ainda não é capaz de eleger uma mulher preta de origem humilde. O Carioca é um provinciano de balneário, embora se ache a vanguarda do mundo. Dói dizer isso, sou daqui, mas é a dura realidade. Martha é palatável, atende ao perfil “meritocrático”, veio do subúrbio e é polícia. Sonho de consumo do conservadorismo. Tem boas chances. Não espero grande coisa, mas será lucro pra cidade na atual conjuntura.
Num segundo turno com ela, o fascismo vai se abrigar no Paes (que cogitou o Daniel Silveira de vice) . E a esquerda carioca vai dar o voto pra Martha. Mesmo tapando o nariz, não irá de férias para Paris…

    NeoTupi

    27/10/2020 - 15h10

    Excelente análise. Só discordo da hegemonia no Rio. O PT começou a abrir mão quando trocou apoio regional por nacional no Rio em 1998 (apoiou o PDT com Garotinho brizolista) para fechar aliança nacional com o PDT de vice (o próprio Brizola).
    Em 2010, 2012 o PT também não teve candidatura própria, apoiando o PMDB regionalmente em troca do apoio nacional. Isso levou votos da esquerda para o PSOL que tornou-se o maior partido de esquerda no Rio, o que elege mais deputados federais, estaduais e vereadores, e melhor votado da esquerda nas majoritárias. E o PT abriria mão da candidatura própria agora se o candidato fosse Freixo.

Alan C

26/10/2020 - 07h39

Sinto um desespero latente no lulopetismo xiita corrupto e nos retardados mentais da bozolândia.

Segue o jogo!

Leoncio Maya

25/10/2020 - 22h20

Delenda est Martha Rocha!

NeoTupi

25/10/2020 - 19h08

Eleição municipal tem muito mais importância para eleição de bancadas na Câmara Federal do que para presidente em 2022, pois quem é bem votado para prefeito, mesmo perdendo, é puxador de votos para a eleição seguinte. Daí o PT ter lançado Benedita para marcar posição e fortalecer o partido (não vejo como uma candidatura para ganhar, a princípio) e Psol sempre lançar candidaturas próprias. A própria Renata Souza estará eleita deputada federal em 2022 se perder agora.

Para presidente essa eleição tem efeito próximo de zero. O próprio Bozo é exemplo disso: sofreu uma derrota em 2016 com o filho Flávio ficando em 4o. lugar na eleição para prefeito, e 2 anos depois venceu para presidente no Rio com ampla folga. Alckmin elegeu Dória em 2016 e teve votação pífia em SP para presidente. ACM Neto venceu em Salvador, mas o PT venceu amplamente as eleições presidenciais lá. Haddad ganhou a prefeitura em 2012 e Dilma perdeu para Aécio em SP em 2014. Há centenas de exemplos semelhantes. E não conheço um único caso de prefeito transferir votos para presidente na história recente (até deve existir, mas só confirmaria que é exceção). Só o Psol poderia se beneficiar para 2022, vencendo resistências, pois poderia mostrar-se confiável ao eleitor como gestor, coisa que ainda não ostenta em seu portfólio.

Se Martha for prefeita, não ajudará em praticamentge nada Ciro para 2022. Pegará uma prefeitura com situação complicada, sem condições de apresentar grandes resultados em 2 anos. Se não aderir ao Bozo sofrerá boicote do governo federal, que a deixará a pão e água, tampouco terá vida boa com o governador que tem outra base política e vive também situação difícil, enfrentará greves do funcionalismo de sindicatos ligados ao Psol. O mesmo ocorreria se Benedita ganhasse. Não ajudaria nada a eleger presidente petista em 2022.

Martha está enfrentando as dores do crescimento, como ocorre com QUALQUER candidatura. Vira vidraça e o passado policial e político tem seus ônus (dos problemas crônicos policiais, que não é culpa dela mas ela fez parte da corporação) e bônus (atrai voto até de bolsonarista do tipo “bandido bom é bandido morto” só de ter o título delegada na frente do nome e usar escudo policial como símbolo de campanha). É caso semelhante da delegada Patrícia em Recife.

Todo político q cresceu em pesquisas viveu isso no Rio: Brizola, Sandra Cavalcanti, a própria Benedita desde 1992, Freixo, e mesmo os da direita, como o próprio Crivella, o Paes tendo q se explicar seus vínculos com Cabral, o recente caso Pedro Paulo e o BO da ex-esposa que veio à tona. Martha ainda está no lucro porque a Globo está de boa com ela, cuja prioridade dos Marinhos é “delenda Crivella” e, se tiver que ser com ela, tudo bem para eles.

Se ela for boa líder e boa política (tiver sangue frio, habilidade, e couro grosso), vencerá esses obstáculos.

    Francisco

    26/10/2020 - 00h20

    Perfeito o comentário, à exceção da “prioridade dos Marinhos é “delenda Crivella”, pelo fato que Paes é o candidato dos donos da Globo, Crivella já é carta fora do segundo turno e o problema passou a ser a surpresa de Benedita do PT, manter-se com possibilidade de ir para o segundo turno, ainda mais com condições de haver voto útil do eleitores da candidata do PSOL, como inversamente irá ocorrer em São Paulo, daí o receio da família, a ponto do estarem de boa com a Delegada do PDT (sic), a ponto de ignorarem Benedita nos comentários das pesquisas em que mantém-se em empate com Crivella (estacionado) e Martha, na programação de seus órgãos de (des)informação.

    Quanto ao Cafezinho municipalista com olhos em 2022, sem comentários…

Márcia Bessa

25/10/2020 - 17h49

Desculpe minha ignorância.
Por favor deletem meu comentário e PARABÉNS pela matéria.
É #DelegadaMarthaRocha12!

Jorge de Souza

25/10/2020 - 17h13

Não conseguo entender está insanidade, fulano vence cicrano no segundo turno sem que pra isso tenha que se qualificar no primeiro.
Esse e o discurso do Ciro em 2018, não passou pro segundo turno e dia pra todo mundo que as pesquisas diziam que ele vender a Bolsonaro no segundo turno. Isso e querer rapar o sol com a peneira…

Fábio maia

25/10/2020 - 17h00

Esse se for pro segundo turno ganha se não for e culpa do PT de vcs e ridículo.

Miramar

25/10/2020 - 15h37

Vamos ao que interessa. Ninguém está interessado nos graves e concretos problemas que afligem os cariocas. O pânico é que o Ciro tenha em 2022 uma prefeita em uma cidade da importância do Rio de Janeiro que o apoie. Mais uma vez a ala canalha da esquerda nacional (PT e agregados) anda de mãos dadas com a escumalha bolsonarista. Cada qual mais canalha.

Marcus

25/10/2020 - 15h13

Candidato que coloca profissão, patente ou cargo junto ao nome pode saber: boa coisa não é!


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