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Ciro manda “às favas, os escrúpulos”

A entrevista de Ciro Gomes para o podcast do Estadão Notícias significou não apenas o rompimento da trégua que o próprio havia proposto, dias atrás, após constatar, na manifestação em 2 de outubro, o elevado grau de animosidade que havia cultivado contra si em amplos setores da esquerda. Ela representa também o seu momento Jarbas […]

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Crédito: redes sociais de Ciro Gomes

A entrevista de Ciro Gomes para o podcast do Estadão Notícias significou não apenas o rompimento da trégua que o próprio havia proposto, dias atrás, após constatar, na manifestação em 2 de outubro, o elevado grau de animosidade que havia cultivado contra si em amplos setores da esquerda.

Ela representa também o seu momento Jarbas Passarinho, de mandar “às favas, os escrúpulos”.

Ou seria, “às favas, a estratégia?”

Ciro Gomes tenta se vender como um outsider revolucionário, que irá fazer, se eleito, uma reviravolta completa no “modelo econômico” e na “governança política”.

Entretanto, o ex-ministro parece mais preocupado em atacar o seu ex-aliado do que explicar como fará isto.

O que parece mais preocupante a muita gente, porém, é a impressão crescente de que a Ciro também está faltando bom senso.

Ciro repete que o PT, Lula e Dilma destruíram a economia.

Isso é um exagero retórico, naturalmente. O PT governou de 2003 a 2015. Em 2016, o impeachment foi realizado em abril, então não pode ser colocado mais na conta da administração petista.

Nesse período, a média de crescimento foi razoável. Hoje em dia, por outro lado, os economistas mais sensatos tem repetido que o povo não se alimenta de PIB, e que tão importante quanto o crescimento econômico é se existe, dentro do país, mecanismos eficazes de redistribuição de renda e ascensão social. Em outras palavras, a economia está fazendo o bem às pessoas?

A crítica ao “nacional-consumismo” que Ciro, inspirado em Mangabeira Unger, faz à política econômica dos governos petistas, tem um lado válido, mas pode assumir um ar esnobe se não fizer jus ao que se fez de bom.

O “nacional-consumismo” petista tirou muita gente da fome e da miséria, de um lado, e criou escolas técnicas, universidades e centros de pesquisa, de outro.

Mesmo do lado da “indústria”, que é um ponto tão sensível do projeto nacional de desenvolvimento de Ciro Gomes, deve-se ponderar que houve um razoável esforço por parte das administrações petistas, ou pelo menos de um grupo influente dentro delas.

Estudo do economista Paulo Morceiro, um dos maiores críticos do processo de desindustrialização vivido pelo país desde a década de 80, mostra que houve alguns setores industriais estratégicos que avançaram durante os governos petistas.

Por exemplo, o setor industrial de alta e média-alta tecnologia cresceu a uma média anual de 4,7% de 2004 a 2013, contra uma média de 3,8% da economia como um todo.

A participação desse mesmo setor na produção manufatureira do país cresceu de 34,7% em 2003 para 39,7% em 2013.

O problema industrial se concentrou, nesse período, no setor de baixa e média-baixa tecnologia, cujo crescimento médio anual foi de 1,4%, abaixo da média da economia.

Morceiro explica, num de seus ensaios sobre o tema,  que há uma tendência natural, em todas as economias desenvolvidas ou em desenvolvimento, de desindustrialização em setores de baixa e média-tecnologia, por causa da revolução mundial provocada pela China, que absorveu grandes partes dessas manufaturas. O problema do Brasil seria sobretudo de “timing”. O Brasil perdeu indústria mais que os outros, e de forma precoce.

Mas esse retrocesso da indústria não era generalizado. Havia setores industriais estratégicos que avançavam, ao menos antes que a Lava Jato chegasse em 2014, arrasando tudo.

Sigamos.

Às vezes, Ciro interrompe o tiroteio contra o PT e o direciona a Bolsonaro, afirmando que ele “quebrou as contas públicas”, e que “nunca vi a situação fiscal tão precária e trágica”.

Isso também é exagerado.

Bolsonaro quebrou o mercado de trabalho; matou milhares de brasileiros com seu negacionismo; e impõe um sofrimento inaudito a milhões de famílias, ao reduzir dramaticamente os programas sociais e permitir, com sua incompetência, a volta da inflação.

Mas as contas públicas vão bem, obrigado.

As receitas fiscais voltaram a crescer a nível federal e estadual. Houve um aumento imenso da dívida pública, mas isso se deu sobretudo por causa dos gastos necessários ao combate à pandemia.

O problema de Bolsonaro não são as finanças públicas, ou pelo menos não nessa acepção liberal, que apenas olha para o curtíssimo prazo.

O problema econômico mais grave do governo Bolsonaro são as finanças das famílias brasileiras, cada vez mais asfixiadas pelo desemprego e pela inflação.

Em seguida, Ciro Gomes afirma que tem o palpite de que “Bolsonaro não está nas eleições”.

Olha,  fazer análise ou traçar estratégias com base em palpites desse tipo é muito fácil – e infinitamente perigoso.

O próprio Ciro Gomes admite, ainda na entrevista ao Estadão, ter mordido a língua quando não via nenhuma possibilidade de Bolsonaro se eleger.

“Eu jamais acreditei que Bolsonaro tivesse quaquer chance, a mais remota possível”.

Ora, as pesquisas já indicavam, a um ano da eleição, que Bolsonaro era o campeão da classe média, junto a qual ele já liderava em intenção de votos.

Ciro errou naquele momento e erra hoje. Claro que tudo pode acontecer. Inclusive nada. Pode um meteoro cair exatamente no Palácio do Planalto e aniquilar todo mundo que estiver dentro.

Entretanto, tirante algum cataclisma, tudo indica exatamente o contrário, ou seja, que Bolsonaro chegará forte às eleições de 2022, e será um candidato competitivo.

O pedetista observa que “os presidentes que não sofreram impeachment mostraram capacidade de conciliação, até do ponto de vista do suborno. Tá lá o FHC comprando votos para sua reeleição, Lula montando o mensalão, depois o petrolão, loteando o brasil com essas mesmas figuras que hoje estão aí”.

Admito, constrangido, que já fui um jornalista panfletário. Mas quem, jornalista ou não, não o foi em algum momento? Também já fiz acusações semelhantes a Fernando Henrique Cardoso. Amadureci e hoje sou mais cuidadoso com as palavras.

É constrangedor, todavia, assistir a um homem experiente como Ciro Gomes, com décadas de vida pública, sendo tão leviano em suas acusações a FHC.

A gente se pergunta com quem Ciro pensa em governar desse jeito? Bolsonaro é genocida. Seu entorno é de “picaretas”. O MDB é golpista. O PSDB é liderado por um corrupto que comprou sua reeleição.

O lulopetismo é corrompido e Ciro diz, qual o corvo de Poe, que “nunca mais”…

Não sobra ninguém?

Alguns líderes mais próximos de Ciro respondem que ele governará “com o povo”.

Que povo?

“Eu ganharia as eleições do Bolsonaro. Todas as pesquisas mostravam que meu problema era superar a fração relativa do PT no primeiro turno. A força dominante em 2018 era uma reação natural, a repulsa ao Lula e ao PT”, diz Ciro.

De fato, havia pesquisas que mostravam um bom desempenho de Ciro no segundo turno com Bolsonaro em 2018. Mas não eram todas as pesquisas. Em várias, ele também perdia. Dar uma de profeta do passado é uma postura meio ridícula.

A força dominante das eleições em 2018, segundo Ciro, era “a repulsa ao Lula e ao PT”.

Sim, isso talvez seja verdade. É o que muitos analistas dizem, inclusive eu. Mas é preciso passar à página seguinte: até onde essa repulsa era justa, baseada em informações corretas, em avaliações objetivas, ou em mentiras, manipulações judiciais e midiáticas, exageros irracionais, e até onde era uma repulsa arraigada, profunda, ou um sentimento transitório?

É muito difícil avaliar as coisas no momento em que elas acontecem. Por isso, historiadores preferem escrever sobre períodos ocorridos há muito tempo, cujas paixões já se assentaram. Igualmente, passados três anos das eleições de 2018, alguns fatos se clarearam. Por exemplo, agora é evidente, pelas pesquisas, e pela observação empírica das redes sociais, que uma parte da repulsa a Lula e ao PT era um sentimento transitório, que se desfez nos últimos anos, através da comparação com as barbaridades cometidas por Bolsonaro e, em seguida, pelo desenlace surpreendente e feliz dos processos judiciais contra a Lula.

“Lula e PT levaram a corrupção ao centro do modelo de governança política deles. Essa centralidade da corrupção, e sua generalização como prática absolutamente orgânica de ontem e de hoje do PT, fizeram com que a Lava Jato tiveram a atenção que teve”.

Essas são as acusações mais graves que Ciro faz a Lula e ao PT.  É uma tese que arrasta inclusive o próprio Ciro Gomes, que foi ministro de Lula e um de maiores defensores de seu governo, durante a crise do mensalão. O irmão de Ciro foi ministro da Educação de Dilma. Ciro apoiou Dilma em 2010, em 2014, e em 2016 largou seu emprego para lutar contra o impeachment. É curioso que, com toda essa participação, com todo esse histórico de lealdade e aliança, ele agora promova a tese lavajatista do “mar de lama”.

“A tragédia brasileira é que Moro troca os pés pelas mãos, vira político, um ambicioso sem limite”, diz Ciro, falando em seguida algo sobre agências de inteligência estrangeira. Aparentemente Ciro alimenta a tese de que a CIA participou do golpe contra Dilma.

Ciro denuncia a Lava Jato por atuar “de forma suspeita, para destruir empresas e os grandes protagonistas da política brasileira, confundindo pessoa física com pessoa jurídica”.

A narrativa de Ciro é esquizofrênica.

De um lado, ele admite que Moro é um bandido, e que a Lava Jato atuou de forma suspeita, de outro ele tenta tirar vantagem da narrativa lavatista, criada por Moro, para fundamentar sua teoria de que Lula levou a corrupção para o centro da governança política.

E aí vem uma pérola: “Lula, sendo culpadíssmo, tem coragem de dizer ao povo que foi absolvido”.

Depois de toda a luta política e jurídica que fizemos nos últimos anos, que envolveu a comunidade jurídica nacional, de todos os credos, a liberal, a progressista, a marxista, até mesmo a conservadora, até o ponto em que se construiu uma espécie de consenso tácito, de que não podemos deixar a política contaminar a justiça, depois de tudo isso, essa frase de Ciro Gomes machuca nossos ouvidos!

Ora, se Lula não tem mais nenhuma condenação na justiça, então ele tem todo o direito de se declarar inocente e absolvido! A tentativa de fazer a confusão entre a culpa política, que é subjetiva, e a culpa jurídica, que apenas se materializa na condenação – em terceira instância! – da pessoa pelo sistema de justiça, é um jogo sujo nocivo a um debate democrático e saudável.

Neste sentido, Ciro parece um petista… dos anos 80. Todo o campo democrático e progressista amadureceu muito nos últimos anos. Ninguém se tornou complacente com a corrupção. Ao contrário! Agora está mais claro que nunca a necessidade de ampliarmos a transparência das despesas públicas e a autonomia dos órgãos de investigação. Mas também estamos todos infinitamente mais alertas contra a manipulação dos escândalos, o falso denuncismo, além desse problemão que trouxemos para o Estado Democrático de Direito que é essa excrescência: a delação premiada.

Perguntado porque a classe política “foi incapaz de derrubar Bolsonaro”, Ciro respondeu que a “tal classe política está fracassando de forma clara e orgânica”. Então ele dá os exemplos:

“FHC e PSDB nunca mais ganharam eleição nacional.”

“Lula que replica o mesmo modelo [que FHC], vai parar na cadeia.”

“Dilma replica o mesmo modelo, é cassada.”

“Temer replica o mesmo modelo sai pela porta dos fundos.”

“Bolsonaro replica o mesmo modelo e está desmoralizado.”

Todos esses, segundo Ciro, seguiram o mesmo “modelo de governança política”, controlados que foram por um   “estamento político” convertido em lobista do baronato das finanças do país.

Os silogismos de Ciro são falhos. As razões que levam o PSDB a não ganhar eleições são uma, a que levam Lula a prisão, outra, assim como também devem existir outras causas para o impeachment de Dilma. Colocar tudo na conta da “governança política” é uma tolice.

Ademais, Ciro força a barra ao equiparar os modelos econômicos, como se as diferenças no volume de investimentos em infra-estrutura e programas sociais, entre um governo e outro, fossem triviais.

Ciro faz uma leitura meio adolescente sobre o tripé econômico usado em todos os governos pós-redemocratização. Ora, todo governo precisa adotar uma política cambial, algum tipo de meta de inflação e algum tipo de regra de controle fiscal.  As intensidades, os prazos, as modelagens, podem ser diferentes, mas é difícil se distanciar dos padrões internacionais.

Romper o lobby do dinheiro, num país capitalista, não é evidentemente a tarefa de um cavaleiro solitário da política. Será uma aventura de várias gerações. Essa é justamente uma das razões pelas quais é tão importante educar o povo, oferecer cultura, emancipá-lo das urgências econômicas mais dramáticas – para que ele possa se somar à luta pelo aprofundamento da democracia!

Emancipar a política da influência do dinheiro só é possível com um povo altamente organizado, e isso é um processo.

E aí começa a parte mais pesada da entrevista, se é que isso é possível.

O repórter fala na “trégua” pedida por Ciro em suas redes sociais. Ele, malandramente, provoca o ex-ministro, citando uma resposta de dirigentes do PT (acho que da Gleisi), dizendo que está “está em paz” com Ciro há muito tempo. Também lembra entrevista recente de Lula, em que ele sugere que Ciro deve “pensar antes de falar”.

Preparado o terreno, o repórter lança o fósforo aceso: “a sua relação com o PT ficou inconciliável ?”

Foi a deixa pra Ciro explodir novamente: “sim, não com o PT, mas com o lulopetismo corrompido e neoliberal tosco minha relação está definitivamente encerrada.”

A tentativa de separação que Ciro faz entre o PT e o lulopetismo é uma diletância inútil. Não existe diferença entre os dois. Nunca existiu. Lula é criador do PT, foi presidente da república duas vezes pelo PT, é o presidente de honra do PT, e é pré-candidato pelo PT.

O PT é lulopetista, assim como o PDT, no auge de Brizola, era “brizolista”.

Ao chamar o lulopetismo de “corrompido e neoliberal”, Ciro sai do campo da crítica programática, e promove um ataque de baixo nível ao partido mais forte e mais organizado do sistema político brasileiro. É uma estratégia perigosa, que irá cultivar ainda mais animosidade contra Ciro junto aos militantes, simpatizantes e eleitores petistas. Quando Ciro faz isso num cenário tão fortemente polarizado como o de hoje, ele se expõe a uma enxurrada de críticas negativas. Não é preciso ser expert em teoria política para saber que um candidato precisa que os eleitores gostem dele, e não que o odeiem. Ciro criou, em torno de si, uma militância valente e aguerrida, mas que já está na defensiva há muito tempo. Com essa estratégia, ele também expõe sua militância e seus apoiadores.

“Não estou pedindo paz ao PT.”

Muito provavelmente, após os acontecimentos no 2 de outubro, Ciro se viu pressionado, por seus próprios aliados no partido, a recuar em seus ataques ao PT. Por isso a história de “trégua”. Só que o pedido pegou mal entre seus militantes mais agressivos, porque soou como recuo ou debilidade. Ciro deve ter notado isso e deu um cavalo de pau.

Ao fazer isso, todavia, Ciro deve ter irritado justamente aqueles a quem antes prometeu baixar a bola. Não é difícil imaginar a tensão crescente dentro do PDT com o caminho escolhido pelo pedetista.

“Será que Bolsonaro aconteceu por acaso”, Ciro faz a pergunta retórica ao repórter, e ele mesmo responde:

“Não. Bolsonaro aconteceu por causa da irresponsabilidade criminosa e corrupta do sr. Luis Inácio Lula da Silva.”

A acusação é um exagero ridículo. É como acusar o presidente socialista da República de Weimar, Friedrich Ebert, pela ascensão do nazismo.

Misturar moral e política, e forçar a mão no conceito de culpa, é um caminho que não leva a lugar nenhum. Todo mundo tem culpa pela ascensão de Bolsonaro, eu, Ciro, Lula, a Globo, os bancos, a classe média, a apatia dos sindicatos, o imperialismo. Esse exercício de autoflagelação, porém, é infecundo. É hora de olhar para frente.

Avaliar os erros de passado, tudo bem. Falar em culpa, é perda de tempo!

Ciro acusa Lula pela irresponsabilidade de “impor alguém sem aptidão para o cargo, que desastra o país”, referindo-se a Dilma.

As referências a Dilma serão todas assim na entrevista, o que justificará a resposta dura da ex-presidenta em seguida.

Só que a narrativa de Ciro, mais uma vez, é exagerada. A influência de Lula na escolha de Dilma como sua sucessora é inegável, mas não foi completa. Dilma não foi “nomeada” por Lula. Foi eleita pelo voto popular. Duas vezes. Se fosse tão inapta assim, não teria sido reeleita. E as forças que se ergueram contra ela, a partir de 2014, com a Lava Jato e a ascensão da extrema-direita, não arrastariam apenas Dilma. Inúmeras lideranças políticas enfrentaram problemas dramáticos, derivados dessa associação semifascista entre justiça, mídia e setores reacionários. O PDT de Ciro Gomes também sofreria, com a prisão absolutamente arbitrária e injusta, por exemplo, de Rodrigo Neves, no meio de seu mandato, ao final de 2018, como prefeito de Niteroi.

O ex-ministro menciona, indignado, o cientista político da USP, Carlos Alberto Almeida, que teria feito uma observação, de fato, infeliz, ao dizer que Ciro foi vaiado e agredido no 2 de outubro porque teria atingido o sagrado, e o sagrado seria Lula.

Lula não é sagrado, e qualquer afirmação nesse sentido é uma violação perigosa ao princípio republicano. Lula é um político mortal e exposto ao erro humano. Pode e deve ser criticado.

Entretanto, Lula é a liderança popular mais querida do país, em especial pelas pessoas mais humildes e por aqueles envolvidos nas lutas sociais, como militantes sindicais e de movimentos.

Uma crítica excessivamente violenta a Lula gera reações negativas, assim como aconteceria a Vargas e a Brizola. Ciro Gomes, estudioso da vida nacional e da política, deveria saber o lugar que as lideranças populares ocupam no imaginário social de países tão desiguais como o Brasil. Ignorar isso é negacionismo. O povo defende, por instinto, as suas lideranças. Muitas vezes até exagera, mas não há nada mais humano, mais  autenticamente democrático, do que o amor do povo por seus herois políticos.

Nesse momento da entrevista, Ciro tenta forçar a tese de que Lula “não quer” o impeachment, o que é mais uma delirante teoria de conspiração.

Ciro lembra que se “a gente quiser fazer o impeachment honestamente, tem de lembrar como funciona o impeachment. Funciona com 342 deputados votando sim pelo impeachment”.

Diante dessa constatação, o pedetista acha que uma participação mais ativa de Lula mudaria alguma coisa? O capital político de Lula é dependente exclusivamente da expectativa dos votos populares que receberá em 2022. Só. Entre os deputados fisiológicos e reacionários da Câmara, a influência de Lula é absolutamente zero. Ou mesmo menor que zero, porque qualquer movimentação de Lula neste sentido poderia, ao contrário, forçar os deputados a demonstrarem um apoio a Bolsonaro que já não é tão grande.

Ciro diz que “Lula sabe que o povo tem repulsa grave, e que exige a punição para Bolsonaro”, e que ele, Lula, “está simulando [um apoio ao impeachment]”.

Esse esforço de Ciro de saber até mesmo as intenções mais secretas de Lula é outra coisa ridícula. Além disso, sua análise política, como de praxe, é fraca.

O povo repudia Bolsonaro, mas não está interessado em impeachment, e isso porque faz uma leitura mais realista e pragmática do que Ciro. O povo intui que um processo de impeachment, a um ano da eleição, será desperdício de energia. E o povo não tem energia sobrando para gastar.

O ex-ministro volta a atacar Lula lembrando que denunciou ao ex-presidente, em pessoa, que ele [Lula] não deveria “entregar” Furnas a Eduardo Cunha, que usaria a estatal para roubar e comprar deputados. E que Lula, após ter-lhe prometido não fazê-lo, cedeu às pressões e assinou a nomeação.

É uma acusação leviana. Uma ilação. Naturalmente, foi um erro gravíssimo de Lula. Mas até prova em contrário, é só isso. Um erro. O jogo bruto da política nacional, com as exigências dos partidos por espaço no governo, não é um problema apenas do Brasil. É a vida real democrática desde que o mundo é mundo. É triste também que Ciro recaia nesse “moralismo de goela” que ele mesmo outrora tanto denunciava. Não existe nenhum milagre para mudar isso de uma hora para outra. Ciro conhece a história de Getúlio Vargas, então deveria saber o que o líder trabalhista, em nome da estabilidade, foi obrigado a fazer inúmeras concessões em seus governos.

De um militante socialista de dezesseis anos, perdoa-se a ingenuidade. De um velho e experiente veterano da política brasileira, não!

Em seguida, Ciro passa para outra de suas obsessões: Eunício Oliveira, presidente nacional do MDB do Ceará e um de seus maiores inimigos políticos. Ciro diz que “ficou sabendo” que Lula “pessoalmente mandou 1 bilhão de reais”, para uma empresa de Eunício, a Manchester, sem licitação e fraudando outros fornecedores da Petrobras.

“Ou isso é verdade ou é mentira. Não tem negócio de ilação. Se eu estiver mentindo, Lula tem que me processar. Mas isso é verdade, pela saúde do meu filho.”

É uma loucura.

A Petrobras é uma empresa mista, administrada profissionalmente, dotada de um Conselho onde participam diversos membros notórios da iniciativa privada.

A decisão da estatal de transferir recursos para um prestador de serviço tem de passar por inúmeras camadas burocráticas e corporativas; em seguida é alvo de incontáveis auditorias, para não falar das devassas promovidas pela Lava Jato, dentre outras investigações independentes.

Diante disso,  pintar a imagem de Lula levando pessoalmente 1 bilhão de reais da Petrobras para Eunício Oliveira é um insulto a inteligência!

O próximo alvo de Ciro é o ex-presidente Michel Temer. Apesar de ter sido um traidor asqueroso, um golpista deplorável, Michel Temer ainda mantém diálogo com setores importantes da sociedade. O militante comum, o jornalista independente, nós podemos xingá-lo à vontade. Mas é novamente leviano, e na contramão do espírito garantista da era pós-lavajatista que vivemos, o que Ciro faz com Michel Temer, de chamá-lo de corrupto e vinculá-lo a ladroeira no porto de Santos.

Ciro também tem sido um grande crítico das conversas que Lula tem mantido com caciques do MDB que apoiaram o golpe.

Francamente, eu acho que essa é uma das críticas mais infantis do pedetista. A nossa própria experiência já provou que a única maneira de combater o golpe não é gritar “não vai ter golpe” e sim promover as articulações políticas necessárias para contê-lo no futuro.

Aliás, o erro de Dilma foi justamente esse: conversar pouco.

Lula está corretíssimo em conversar com as mais diversas lideranças políticas. Isso não tira pedaço de ninguém, tampouco cria qualquer obrigação política. Ciro aposta no confronto. Lula aposta no diálogo. O histórico de vitórias eleitorais de Lula e a sua posição hoje nas pesquisas provam que a população aprova o comportamento do petista.

É preciso dialogar, inclusive com quem apoiou o golpe, mesmo que fosse para seguir aquela velha máxima chinesa, de manter os inimigos sempre próximos.

Perto do final da entrevista, Ciro põe para fora o seu mais novo delírio: “hoje eu estou seguro que o Lula conspirou pelo impeachment da Dilma”.

Trata-se, evidentemente, de um disparate. Tanto é que Ciro Gomes voltou ao tema hoje, na quinta-feira, num vídeo postado em suas redes sociais, para ajustar a história. Agora ele diz que  “Lula foi responsável pela desestabilização” da presidenta Dilma.

Ora, responsável pela desestabilização qualquer um pode ser. Na entrevista ao Estadão, Ciro acusa Lula expressamente de conspirar pelo impeachment. É diferente.

Não preciso discorrer sobre o absurdo dessa proposição. É uma dessas mentiras que definham sozinhas, por sua própria falta de sentido. Entretanto, ela nos faz duvidar um pouco da sanidade mental de Ciro, além de cultivar, em sua militância, um espírito de conspiração que é muito negativo.

Negativo porque é profundamente antipolítico. Quando a política perde a objetividade e começa a tolerar teorias de conspiração, perde-se capacidade de diálogo, porque cada um inventa uma história maluca para si e para os outros, e ninguém se entende.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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NeoTupi

18/10/2021 - 14h19

Desde 2018 Ciro especializou-se em queimar pontes. Agora se superou: toca fogo nas próprias vestes, ao não falar mais coisa com coisa. A impressão que tenho é de que está tomando algum remédio tarja preta ou bebendo demais.

O artigo está irreparável, com um toque de autocrítica do Cafezinho reconhecendo virtudes dos governos petistas, da inserção popular do Pt e da liderança de Lula. Só discordo de uma análise: quem elegeu Bozo não foi antipetismo, foi antipolitica, senão Alckmin teria vencido, pois também era antipetista e com mais currículo que Bozo. E mesmo assim, se não fosse a facada, Haddad poderia ter vencido, pois faltaram virar 5,5 milhões de votos. Bozo correu por fora, sem se expor, sem debate. Sem a facada a comparação dos perfis pelo eleitor poderia devastar 5.5 milhões de votos do Bozo.

marco

16/10/2021 - 14h57

Concordo integralmente com o comentário de Jorge Juca, opção por Lula , nem no segundo turno.
Aliás é o posicionamento que passo a defender.

Walfredo Ferreira da Silva

16/10/2021 - 13h37

Não vamos esquecer, e isso, o povo não esquece , foi Ciro que se negou ser vice de
LULA em 2018 . Nós poderíamos talvez ter evitado Bolsonaro , todos sabíamos que
a justiça não deixaria LULA ser candidato , fazia parte da continuação do golpe , e
Ciro, simplesmente por vaidade não quis sair como vice . E piorou a situação , depois de deixar HADDAD fazendo a campanha praticamente sozinho , depois de
viajar para Paris . O povo não esquece , pelo menos eu não . Eu só votaria em Ciro,
em um cenário dele contra Bolsonaro em um segundo turno , como votaria em qualquer um contra Bolsonaro .

Tiago Silva

16/10/2021 - 11h53

Será que Ciro quer ser um “Novo FHC”???

Ambos se diziam de esquerda, escreveram livros que muitos os consideravam inteligentes, mas também FHC governou para a Direita (PFL, PSDB, ACM, Marco Maciel, etc) assim como Ciro corteja a Direita ao buscar se associar com (ACM Neto do DEM, Datena do PSL, surfar num “antipetismo” desbotado)… E parece que ambos gostam de Paris! Kkkkkk

Assim como está difícil para os Bolsomínions defenderem o Bozo, também deve estar difícil aos Cirolipasminions defenderem essa estratégia “Biruta de Aeroporto” que é realizada pelo Ciro (direcionada ou não pelo ex-Marketeiro do PT)… Acho que só mesmo muito fanatizado em bolhas de internet,whatsapp, facebook, etc para nem sucitar que Ciro está novamente demonstrando que não é nem um pouco inteligente politicamente.

Ao emular o antipetismo de ódio do “Mamãe Falei” do MBL parece que Ciro só se aproxima do pior do PSDB de Aécio e BolsoDórias… Tomara que haja um novo “giro”, pois é triste ver o PDT com tanta história se resumir a um desespero em se manter fanatizados ou fanatizar “Minions” para que se limitem apenas a seguidores ou passa pano de “Mitos” construídos nas redes sociais…

Quanta falta faz Brizola no PDT atualmente!

    Tiago Silva

    16/10/2021 - 12h00

    Ou ser um “Novo Bolsonaro” seguindo as mesmas estratégias de Steve Bannon, Olavo de Carvalho, Trump, Bozo, etc?????

    Enquanto isso o povo mais humilde sofre com miséria e fome sem tempo para vaidades ou ganância por poder/holofotes a qualquer custo.

CezarR

16/10/2021 - 11h19

Rapaz! Sensacional!

Joao Carlos holanda

16/10/2021 - 08h46

Miguel, excelente análise! A melhor que li nos últimos tempos. Parabéns.

Julius

16/10/2021 - 06h33

Parabéns pela excelente análise.

Neto

15/10/2021 - 19h42

Um rapaz que votou no PT em 2002, 2006, 2010, 2014 e 2018.. e vai votar de novo em 2022, tá chamando quem defende Ciro de fanático.. rss. Obviamente tem silogismo e omissões. Mas debate de 6 horas sobre um assunto específico ñ existe. A profundidade no debate é coisa rara na política brasileira, mas se formos pegar as falas de Ciro nos mais diversos debates e palestras, ele complementa muitas vezes o q Miguel diz faltar de informação. Mas no cenário atual, falar pro povo significa focar nos erros e militar. Ser mais objetivo.. Ciro precisa desse debate franco. Cobra-se muito dele e pouco dos outros. Parece que Ciro tem que ser uma máquina de coerência e informação, enquanto dos outros turismos e frases feitas já são suficientes pra seus nichos delirarem. Já tô suficientemente vacinado quanto a esperteza de Ciro.. suas falhas.. Mas existe um abismo de cobrança, onde deveríamos ser implacáveis é com quem já teve a oportunidade de governar, e sequer consegue explicar suas contradições sobre incoerências práticas (por exemplo… Levy, Palloci, Meirelles e muitas políticas em desalinho com uma agenda realmente progressista)… e no pós golpe, é sim uma contradição grave se confraternizar com alguns atores centrais, pouco depois de incitar o povo a “lutar pela democracia”. Por quem brigamos ? Por quê? Qual o limite da sensatez?

    Batista

    16/10/2021 - 10h13

    O limite da sensatez é fazer como Brizola que, em 19 de novembro de 1989, 4 dias após definida a eleição em primeiro turno, derrotado, não decidiu ir para Paris e sim ficar e apoiar Lula contra Collor.

    Já o limite da insensatez, a quem bigorna o mesmo guinchado ‘lulopetismo’ até hoje, após arrasta-lo por 2002, 2006, 2010, 2014 e 2018, em vão, é deixar seu burro velho amarrá-lo ao espelho de Narciro e, pior, não enxergar em um político 6.4 com mais de 40 anos permanentemente na cena política, a continuada obsessão em achar-se um ‘Papai Sabe Tudo’ destinado a presidência do país, a esperteza em renovar sempre a mesma cantilena eleitoral a ser ‘vendida’ inovadora e a irrefreável compulsão em dar tiros nos próprios pés e assim interromper, a cada nova possibilidade, sua obsessão em chegar ao destino.

    Basta conferir os fatos e pensar, não sem antes observar que ao lado de Narciro, além de políticos da família, não restam apoios de peso, além dos atuais passageiros, após o trajeto entre uma candidatura e outra.
    Por que será, né, FHC (que ‘inspirou’ a primeira fuga de Narciro, para Cambridge, no Massachusetts, em 1995, logo após preteri-lo como ministro da fazenda)?

    Antes que nunca, peça pro burro velho desamarra-lo ou despeça-o, afinal, ao menos um merece ser poupado…

JORGE PEREIRA

15/10/2021 - 15h40

A luta justa é válida! No entanto, distorções, falsas ilações e fake news destrói a honestidade da luta. Não defenda o indefensável.

Jorge Pereira

15/10/2021 - 15h37

Realmente, sempre achei que essa história de dizer que Cleópatra se matou por Marco Antônio estranha! Com certeza foi a máquina de destruição de reputação do LulaPetismo que lutando contra o machismo é machista. Que lutando contra o golpe foi golpista. Lutando contra Bolsonaro é Bolsonarista! Só quem não toma o remédio controlado que não veem isso. Nós e o parisiense vemos… Avante companheiro.

Francisco*

15/10/2021 - 14h04

Não há como não reconhecer e parabenizar, mesmo se contrário.

A análise é tão parruda que até os plantonistas do gabinete do ódio escalados para O Cafezinho desconfiaram de sua robustez, sabida a intransponível dificuldade dos minions com intelecção de texto, e partiram para reforçar a defesa de Ciro, orientados pelo gabinete, em função do prejuízo, caso Ciro venha a desmanchar-se de vez, porém…

O contraditório nos comentários remete-nos a realidade de, infelizmente para o Brasil, não mais haver, hoje, à direita, um Merquior, um ‘Bob Fields’, um Paulo Henrique Simonsen, um Golbery ou um Jarbas Passarinho, que obrigavam a esquerda informar-se e pensar, ainda mais, antes de contradita-los e vice-versa, em relação aos então luminares da esquerda.

A realidade pensante hoje à direita é à base de, Olavos, Constantinos, Moura Brasis, Fiúzas, Paulo Rabellos, Villas, Pondés, Guedes, Villas Bôas, Braga Netos, Helenos, etc., juntos e misturados a virtualidades, desinformação, narrativas, algoritmos, planismos e negacionismos, rasos na proposição, no contraditório, na razão, nos fatos e absolutamente vazios de realidade.

E nesse cenário do medíocre sem o filtro da modéstia a orienta-lo, quando surge, não ‘o alviverde imponente…’, mas, uma análise política bem embasada, detalhadamente arquitetada, robustamente construída e habilmente alinhavada, como esta, à falta de competência para contradita-la, sincopados surgem adestrados à direita e à esquerda, com chavões, mantras, refrãos, estribilhos, palavrões, memes, ilações, cancelamentos, narrativas, fakes news, etc., devidamente acondicionados em caixinhas rasas, enlaçadas por pouco pensar e muito ódio, para de forma exemplificada contribuírem para completa-la.

E segue o bonde, afinal, Pátria Armada Brasil, né?

Manoel

15/10/2021 - 13h28

“CORONÉ-VÍRUS ” .

helio

15/10/2021 - 12h14

O belíssimo texto do Miguel, um pouco mais elaborado, daria uma tese de doutorado sobre a figura contraditória e esquizofrênica do Ciro Gomes. Poderia estar incluída, sem prejuízo das contestações inteligentíssimas do jornalista, a defesa pela anistia dos torturadores da ditadura (documentada e apresentada no DCM) feita pelo Ciro. Ciro não é o homem inteligente, do ponto de vista político, com aquele gestual e texto repetido e que não resistiu à análise do Miguel, que tenta divulgar-se. Ao final, o que vemos é um homem tosco, sedento de poder a qualquer preço.

Marco Vitis

15/10/2021 - 12h08

MIGUEL: com todo respeito que um ser humano merece, está sua “análise” não passa de um panfleto propagandístico chulo contra Ciro e a favor de Lula.
A mais ordinária de suas falácias e ligar Ciro e Cid à corrupção gerenciada por Lula.
Espero que vc esteja cobrando muito bem por esse seu enorme esforço “argumentativo” contra quem está revelando a Verdade aos brasileiros. Afinal, na Política, ninguém chuta cachorro morto.

Claudio Freire

15/10/2021 - 11h33

Não foi manobra política não.
O que reverteu a condenação do Lula foi a divulgação das tramoias entre o juiz do caso e os procuradores da lava-jato, mostrando claramente que era um jogo de cartas marcadas.
O jogo mudou depois daquilo.
Se não tivesse havido a exposição da farsa, o estado democrático de direito estaria ameaçado até hoje pela parcela do judiciário e do ministério público que politizaram vergonhosamente a justiça.

Francisco Santos

15/10/2021 - 10h05

Que textão, excelente análise, Parabéns Miguel…

Alan C

15/10/2021 - 09h10

O comentário do Max destruiu os cafezinhos rs

Alan C

15/10/2021 - 09h07

A choradeira petista não tem fim…

eu

15/10/2021 - 08h59

E AGORA MIGUEL ? E VC ACHANDO RUIM “DEFENDER/DIVULGAR”O PT DE GRAÇA,NADA Q TÁ RUIM Q Ñ POSSA PIORAR,VAI TER Q VIRAR BOLSOCIRO DE DIREITA !

foo

15/10/2021 - 07h29

Miguel,

Eu entendo a necessidade de propagandas para pagar as contas do site.

Mas um banner a cada três parágrafos, no meio do texto, é demais!

Considere colocá-los na lateral, onde não atrapalham a leitura.

(Estou lendo o site do exterior; não sei se o mesmo acontece para quem está no Brasil.)

Antonio Morais

15/10/2021 - 07h16

Parabéns, Miguel. Ótima análise.

Alexandre Neres

15/10/2021 - 01h19

Por que nós, homens brancos, héteros, de meia idade, com dinheiro no bolso e comida na geladeira, estudados, legítimos representantes do patriarcado e dotados de uma masculinidade tóxica não podemos assumir nossas fraquezas? Por que temos de estar adaptados ao mundo de hoje que está insinuando subverter as hierarquias tradicionais? Por que ele e não eu? O que que ele tem que eu não tenho? Por que o Merval nunca falou do meu bilau? Sim, é inveja mermo. E daí?

Jorge Juca

15/10/2021 - 00h49

Olha, nos últimos dias a blogosfera tem assistido a uma coisa muito comum no serviço público brasileiro: um bando de corruptos se unirem pra destruir a reputação de um honesto.

Ciro luta sozinho, com a única arma que possui, sua língua, pagando o preço pelos eventuais excessos que comete. Enquanto isso, Lula montou uma verdadeira máquina de assassinato de reputações, que nos últimos dias disparou contra Ciro, enquanto posa de bonzinho e engraçado. São os blogs petistas, políticos aliados, veículos de imprensa locais controlados pelos políticos aliados, comentaristas de YouTube (e os de direita também pegaram carona). Tudo com mentiras, distorções, preconceitos, premissas falsas, argumentos falaciosos.

O povo não é bobo, percebe a disparidade de armas, entende quem é honesto e quem é corrupto, quem se porta de forma digna e corajosa, e quem se comporta de forma desonrosa. Quem luta com as armas do povo simples, e quem luta com as armas dos poderosos.

A propósito… O comentário de que Lula não foi tão contra assim ao impeachment de Dilma causou um verdadeiro faniquito por parte dos petistas. Não é à toa, é uma coisa que arranca a máscara do Lula mesmo.

E por último: a forma como Lula resolveu destruir a reputação do Ciro por meio de terceiros é desonrosa demais, falsa demais. Não gosto de quem joga sujo na política, e não assumir as consequências da crítica fazendo-a pela própria boca é jogar super sujo. Lula não merece meu voto, nem no 2º turno.

Sebastião

15/10/2021 - 00h38

Parabéns, Miguel. Você é um exemplo, como essa horda de ciristas estão no mesmo nível dos bolsonaristas em ataques. Ofenderam você com ilações e atacam a todos que criticam o deus dele Ciro. Incrível como muda os personagens, mas o agir dos fanáticos passando pano e justificando, são iguais.

Já quis votar em Ciro em 2018, mas ele exagerou naquele ano, com ataques pesados a Haddadd e a Lula. Daí, sair de grupos de apoio a Ciro, e tomei ojeriza dele. Nesses grupos, eram articulado apoio pra curtir e compartilhar tudo ligado a Ciro. Os fanáticos já existiam nessa época. Pra eles é bom ler ou ouvir vídeos de Luís Costa Pinto sobre Ciro. Talvez acordem a tempo.

CezarR

15/10/2021 - 00h01

Em princípio a estratégia do Ciro me parece errada, mas insistir na mesma estratégia derrotada em 3 eleições, acenando para o PT? Isso tudo é medo do Ciro não conseguir nada além de tirar votos do Lula? Pois bem, vivi essa agonia em 2018 pela estratégia dele, Lula, mandar às favas a preocupação com o povo dançando à beira do abismo (como já se disse por estas bandas). Temos algo muito claro aqui: se der Bolsonaro, é a destruição completa; se der Lula, teremos um passageiro e medíocre período de crescimento destinado a eventuais conquistas facilmente revogáveis em governos posteriores. De resto, é guerra até o final do primeiro turno e se Deus quiser, no segundo também. Veremos se João Santana é tudo isso mesmo.

Max

14/10/2021 - 23h09

O problema é a estratégia do Ciro. Alias pouco eleitoreira como foi se posicionar contra o impedimento.

A boa é oferecer a CEF ao mercado.

É salvar a Globo via BNDES (cheio de auditorias como a Petrobras) q segundo o falecio Paulo Henrique Amorim a Dilma coloca na conta do Palocci.
E depois reclamar e dizer q AGORA q irá controlar a mídia.

Outra questão … PT teve 16 anos para emancipar a politica da influencia do dinheiro e tornar o povo mais crítico.
Mas da “marolinha” ao “picanha e cerveja” … parece que nada mudou.

Minimizar as contradições e erros do Lula e do PT não colobora para criar um ambiente crítico independete.

Uma pequena seleção das contradições deles (qual negar e qual minimizar):

Quem disse que a Dilma não sabe dar ordem: Lula
https://www.oantagonista.com/brasil/lula-confirma-que-seu-poste-era-um-poste/

Quem disse q Dilma traiu seu eleitor: Lula
https://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2017-10-23/lula.html

Quem negociou o Pré-Sal com Serra: Dilma
https://youtu.be/yNYIAuVMKh0

Quem tem grande respeito por Renan Calheiros: Dilma
https://www.brasil247.com/poder/tenho-grande-respeito-pelo-renan-calheiros-diz-dilma-rousseff-video

Quem sugere acordo para proteger todo mundo com a saida da Dilma (inclusive o Lula): Sergio Machado
http://g1.globo.com/politica/operacao-lava-jato/noticia/2016/05/em-gravacao-juca-sugere-pacto-para-deter-lava-jato-diz-jornal.html
Isso aqui deixa um pouco menos delirante a polêmicada comspiração uma vez na eleição seguinte o Lula já estava com essa turma.

Quem alterou plano de governo para incluir indepencia do BC: Haddad
https://www.poder360.com.br/eleicoes/em-novo-programa-de-governo-haddad-defende-autonomia-do-banco-central/

Quem jantou com a cúpula do MDB(Renan Calheiros, Jader Barbalho, José Sarney, Edson Lobão e Venezianio Vital do Rego) na véspera dos protestos liderados pelo PT: Lula
https://bahia.ba/politica/lula-marca-jantar-em-brasilia-com-cupula-do-mdb/
O que esses interlocutores têm a oferecer ao Brasil?

Paulo Werneck

14/10/2021 - 22h52

Gostei da análise.

Sou petisra filiado desde 1981. Sempre reconheci pontos de convergência com o PDT, a ponto de considerá-lo um partido irmão. Reconheço o valor de políticos de outros partidos, a ponto de pesquisar indicações para sugerir a eleitores que não queriam votar no PT.

Considerava o coronel um bom quadro mas infelizmente hoje nem escrevo o nome dele por conta dos algoritmos. Perdeu a compostura e está vendendo terrenos na lua: uma revolução econômica sem aliados, pois não conversa com PT e diz que não faz acordo com golpista. Pergunto: sobra quem?

É uma pena. Mais um infectado pela mosca azul.

Tiago Silva

14/10/2021 - 22h33

Miguel, parabéns pelo texto de imenso trabalho jornalístico!

Apenas acrescento que essa estratégia MBL do Ciro de ser um “Mamãe Falei” ou Aécio/PSDB ou Bozo… Aparentemente já não busca cativar uma classe média radicalizada e facistizada (já que Ciro não decola o percentual de votos em pesquisas eleitorais), pois no máximo evidencia um desespero em tentar manter fanatizados “Cirolipasminions” para que não tenham a análise crítica que seu texto explicitou (além de que emula a mesma estratégia e desespero de Bolsonaro em tentar manter fanatizado os “Bolsominions” para ainda seguirem cegamente o “Mito”).

Quanta falta faz Brizola nos dias atuais…

Cada

Jardel Soares Fernandes

14/10/2021 - 21h20

Entendi, Miguel. Obrigado pela análise. Agora é só deixar o PT em paz e ganhar as eleições sem apresentar nada e todos seremos felizes.

Fala sério me poupe.

Ary Borel

14/10/2021 - 20h55

Parabéns pelo texto!

Galinzé

14/10/2021 - 20h47

O Miguel do Rosário estava tentando empurrar o Cirolipa pra frente apontando até a corrupção desenfreada do PT e comparsas… até o STF com uma clara manobra política (para tentar contrapor alguém a Bolsonaro) limpou a ficha do Larápio de Garanhuns.

A partir daquele dia o Sr. do Rosário voltou a se agarrar nós pentelhos do escroto do Pilantrao assim como Tarzan no cipó….e assim continuará até o dia em que Lula resolverá não se candidatar.

Daniel

14/10/2021 - 20h44

Cirolipa não tem nada pra ganhar puxando o saco de Lula e do PT.

Os brasileiros sabem muito bem da merda que o PT fez e faz bem Cirolipa e expor isso. Mesmo assim a chances dele são zero moltiplicadas por zero.

Nariel

14/10/2021 - 20h38

Anote aí na agenda Ciro, o preço de sua língua será pago, se for a um segundo turno com o bozó, eu irei de bozó.

Kleiton

14/10/2021 - 20h36

Cirolipa neles !!

Luciano Baía Meneghite

14/10/2021 - 20h34

É triste ver o PDT que poderia sim ser uma alternativa de esquerda, se transformar em uma balaio de gatos em que cabe de tudo. Parabéns Miguel do Rosário pela análise detalhada e muito clara sempre.


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