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Ipespe: Lavareda analisa o ‘engessamento’ da disputa presidencial

Por Antonio Lavareda ELEVADO INTERESSE, COMBINADO AO VOLUME INUSUAL DA INTENÇÃO DE VOTO ESPONTÂNEA, AJUDAM A ENTENDER O RELATIVO ENGESSAMENTO DO QUADRO ELEITORAL 1. QUASE SETE EM CADA DEZ ELEITORES (69%) ESTÃO ATENTOS, SE DIZENDO INTERESSADOS NO PLEITO. E TRÊS QUARTOS (74%) JÁ APONTAM O NOME DE QUEM VOTARIAM, SEM ESTÍMULO DA LISTA DE CANDIDATOS.  […]

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Foto: Divulgação

Por Antonio Lavareda

ELEVADO INTERESSE, COMBINADO AO VOLUME INUSUAL DA INTENÇÃO DE VOTO ESPONTÂNEA, AJUDAM A ENTENDER O RELATIVO ENGESSAMENTO DO QUADRO ELEITORAL

1. QUASE SETE EM CADA DEZ ELEITORES (69%) ESTÃO ATENTOS, SE DIZENDO INTERESSADOS NO PLEITO. E TRÊS QUARTOS (74%) JÁ APONTAM O NOME DE QUEM VOTARIAM, SEM ESTÍMULO DA LISTA DE CANDIDATOS. 

Lula é a escolha de 39%; Bolsonaro, de 29%; Ciro, 3%; Doria, Janones e Tebet, têm 1%. Esses dados se diferenciam bastante do que ocorria nas disputas passadas. Em momento semelhante há quatro anos (maio de 2018) a pesquisa do IPESPE identificava 38% de intenções de voto espontâneas para o conjunto dos postulantes. 

A explicação para isso já tive oportunidade de adiantar há algum tempo. É que este ano teremos a primeira eleição brasileira na qual um presidente em exercício enfrentará um ex-presidente nas urnas. O que é raríssimo em todo o mundo. Ambos com elevado grau de conhecimento e imagem consolidada. Daí a intensa polarização. 

Entre nós, quando os incumbentes foram candidatos, os três ganharam a reeleição (FHC, 1998; Lula, 2006; e Dilma, 2014). De outro lado, o único ex-presidente que se candidatou de novo (Getúlio Vargas, 1950) também se sagrou vitorioso. 

2. NA QUESTÃO ESTIMULADA, LULA SEGUE COM 44%, BOLSONARO OSCILA POSITIVAMENTE UM PONTO E TEM 32%. OS DEMAIS NÃO SOFRERAM ALTERAÇÃO: CIRO, 8%; DORIA, 3%; JANONES, 2%; E TEBET TEM 1%. Os restantes não atingiram 1% nessa rodada.

3. ASSIM COMO NO 1º, TAMBÉM NO 2º TURNO A DIFERENÇA DE LULA SOBRE BOLSONARO RETRAI UM PONTO (54% X 35%). O PRESIDENTE REAGE MAIS NO CONFRONTO COM CIRO, ENCURTANDO A DISTÂNCIA QUATRO PONTOS: CIRO, 43% X BOLSONARO, 40%. Nos outros cenários testados as variações foram reduzidas: Lula, 55% X Doria, 20%; e Bolsonaro, 40% X Doria, 38%.

4. REJEIÇÃO A BOLSONARO PELA PRIMEIRA VEZ, DESDE JUNHO DE 2021, FICA ABAIXO DOS 60%. OS QUE “NÃO VOTARIAM NELE DE JEITO NENHUM” SÃO AGORA 59%. VINDO NA SEQUÊNCIA: DORIA, 55%; LULA, 43%; CIRO, 42%; TEBET, 37%; JANONES E FELIPE D’ÁVILA, AMBOS COM 35%. 

Lembrando que no caso dos três últimos nomes o seu nível de desconhecimento é ainda muito elevado para permitir comparações estritas. 

5. PERCEPÇÃO DE QUE A ECONOMIA SEGUE “NO CAMINHO ERRADO” OSCILA UM PONTO ABAIXO (PARA 62%). ENQUANTO SOBE PARA 33% O CONTINGENTE  QUE DIZ QUE ELA ESTÁ “NO CAMINHO CERTO”.

A variação de um  ponto  da leitura positiva a situa em patamar próximo ao de janeiro do ano passado. A maior parte dessa recuperação parece ter sido obtida pela conversão dos que não manifestavam opinião nesse quesito. Em março eles eram 10% dos entrevistados, e agora são 5%. 

6. DESAPROVAÇÃO DE BOLSONARO RECUA DOIS PONTOS (PARA 60%). APROVAÇÃO SE MANTÉM (35%). AVALIAÇÃO POSITIVA (“ÓTIMO/BOM”) GANHA UM PONTO (32%), E A NEGATIVA (“RUIM/PÉSSIMO”) RECUA EM IGUAL PROPORÇÃO (51%). 

Nos cinco meses desde o início do ano (janeiro) a Aprovação do Presidente cresceu cinco pontos (30% a 35%), e a Avaliação Positiva subiu oito (24% a 32%), aproximando-se os dois indicadores (Aprovação e Avaliação).

E ambos vão se entrelaçando a suas intenções de voto: 32% no primeiro turno, 35% no segundo. Note-se que os movimentos mais expressivos – quer da avaliação do governo, quer das intenções de voto do presidente – se deram a partir da saída de Moro da competição. O que sugere a ação de um “viés de consistência” alinhando as avaliações ao voto. 

7. MAIORIA DOS ELEITORES SE DIZ DE “DIREITA” (30%). SOMAM 21% OS QUE SE IDENTIFICAM COM O “CENTRO” (CENTRO-ESQUERDA, CENTRO E CENTRO-DIREITA). E 21% SE SITUAM NA “ESQUERDA”.

29% não conseguem se autoclassificar. A composição do voto de Lula mostra que a liderança do mesmo ocorre pelo fato de que a maioria do seu apoio (54%) se dá entre os que não se classificam à esquerda, segmento que representa 45% do seu total. Independente da grande maioria (65%) do eleitorado o ver como um político de esquerda.

O que parece corroborar seu esforço para posicionar sua candidatura de forma transversal no espectro ideológico. Já o eleitorado de Bolsonaro – referido como um político de direita por 63% – no momento está muito concentrado nesse espectro, onde estão 66% das suas intenções de voto.

Para crescer substancialmente demandaria alguma estratégia centrípeta. No que toca a Ciro, sua distribuição é mais esparsa, com menor nitidez e alguma disjuntiva. Ele é visto majoritariamente como um político de esquerda (28%), porém, na composição interna  seu voto  “modal” é de centro-esquerda (32%).

E uma vez limitado pela hegemonia de Lula à esquerda, reúne aí menos apoio relativo (10%) que na direita (14%). A base muito reduzida dos outros competidores desaconselha analisá-los nessa perspectiva. As colunas abaixo totalizam em torno de 100%, dizendo respeito ao total de cada um deles.

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Comentários

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Paulo

13/05/2022 - 19h03

Poxa, não sabia que a maioria (ainda que relativa) da população brasileira se dizia de direita…Achava que era de centro…


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