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Por que a TV estatal internacional de Lula não só é boa ideia, mas necessária

A grande mídia brasileira é meio decadente, mas sua influência sobre a cultura política da classe média brasileira ainda é avassaladora. Ela disfarça bem, naturalmente, porque precisa posar de imprensa isenta e profissional. Muitas vezes, faz um bom trabalho, até porque precisa vender assinaturas, e ninguém gastaria seu dinheiro com jornais se o seu conteúdo […]

3 comentários
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A grande mídia brasileira é meio decadente, mas sua influência sobre a cultura política da classe média brasileira ainda é avassaladora.

Ela disfarça bem, naturalmente, porque precisa posar de imprensa isenta e profissional. Muitas vezes, faz um bom trabalho, até porque precisa vender assinaturas, e ninguém gastaria seu dinheiro com jornais se o seu conteúdo se limitasse aos editoriais e colunas ultraliberais que esses veículos publicam diariamente.

Hoje a Folha publicou mais uma de suas matérias maliciosas, ao apresentar a opinião do presidente, feita em sua live semanal, em favor da criação de uma tv estatal internacional.

É uma ideia sensacional, além de necessária.

Onde está a malícia da Folha?

Simples, está na absoluta falta de contextualização, o que é um velho truque da mídia brasileira. Quando ela quer detonar uma boa ideia do governo, ela dá um jeito de fazer parecer que é uma coisa extravagante.

Quando a presidenta Dilma Rousseff defendeu a construção de um trem de alta velocidade conectando Rio a São Paulo, a campanha midiática foi violentíssima.

A mesma coisa acontece agora.

A matéria omite que dezenas de países do mundo, e sobretudo quase todos os desenvolvidos, tem mídias estatais voltadas para o público internacional.

Na era da informação que vivemos, isso é absolutamente necessário, para divulgar os produtos do país, incentivar o turismo e, sobretudo, oferecer ao governo uma voz no mundo.

É obviamente importante, do ponto-de-vista estratégico, diplomático, comercial, cultural, que a opinião do governo e da sociedade civil de um país tenha uma voz que possa ser ouvida, respeitada, contestada, criticada, enfim, que possua influência nos grandes debates globais!

Pedi ao Chat GPT 4.0 para listar os principais países que possuem mídia estatal internacional. Ele me trouxe vinte, e disse que tem muito mais.

Vamos a esses 20 países:

1. China: A China possui a CCTV Internacional, que transmite em várias línguas, incluindo inglês, francês, espanhol, russo, árabe, etc.

2. Rússia: A Rússia tem a RT (anteriormente Russia Today), que transmite em inglês, espanhol, árabe, francês, alemão e russo.

3. França: A França tem a France 24, que transmite em inglês, francês, árabe e espanhol.

4. Alemanha: A Alemanha tem a Deutsche Welle, que transmite em 30 idiomas, incluindo inglês, alemão, espanhol, português, francês, russo, etc.

5. Reino Unido: O Reino Unido tem a BBC World Service, que transmite em 40 idiomas, incluindo inglês, árabe, francês, espanhol, russo, etc.

6. Estados Unidos: Os Estados Unidos têm a Voice of America, que transmite em mais de 40 idiomas, incluindo inglês, espanhol, francês, russo, chinês, etc.

7. Irã: O Irã tem a Press TV, que transmite em inglês, francês, espanhol, alemão, etc.

8. Qatar: O Qatar tem a Al Jazeera, que transmite em árabe, inglês, turco, etc.

9. Espanha: A Espanha tem a TVE Internacional, que transmite em espanhol.

10. Brasil: O Brasil tem a TV Brasil Internacional, que transmite em português.

11. Japão: O Japão tem a NHK World-Japan, que transmite em inglês e japonês.

12. Coreia do Sul: A Coreia do Sul tem a KBS World, que transmite em inglês e coreano.

13. Turquia: A Turquia tem a TRT World, que transmite em inglês.

14. Índia: A Índia tem a DD India, que transmite em inglês e hindi.

15. Canadá: O Canadá tem a CBC/Radio-Canada, que transmite em inglês e francês.

16. Austrália: A Austrália tem a ABC Australia, que transmite em inglês.

17. Suécia: A Suécia tem a Radio Sweden, que transmite em várias línguas, incluindo inglês, alemão, francês, russo, etc.

18. Holanda: A Holanda tem a RNW Media, que transmite em várias línguas, incluindo inglês, francês, espanhol, árabe, etc.

19. Itália:  Os canais estatais da Itália e da Grécia, RAI e ERT, respectivamente, têm uma programação majoritariamente em seus idiomas nativos, italiano e grego. No entanto, eles também oferecem alguns conteúdos em inglês e outros idiomas.

20. Grécia: A Grécia tem a ERT World, que transmite em grego.

21. Noruega: A Norwegian Broadcasting Corporation (NRK) é a empresa de radiodifusão pública da Noruega. Ela opera vários canais de televisão e rádio, incluindo o NRK Alltid Nyheter, que é um canal de notícias 24 horas disponível via rádio digital, televisão e internet.

22. Dinamarca: A Danish Broadcasting Corporation (DR) é a empresa de radiodifusão pública da Dinamarca. Ela opera seis canais de televisão e oito canais de rádio. O DR International é o serviço internacional de rádio da DR, que transmite programas em língua estrangeira.

23. Finlândia: A Finnish Broadcasting Company (Yle) é a empresa de radiodifusão pública da Finlândia. Ela opera quatro canais de televisão e 13 canais de rádio. O Yle Mondo é um canal de rádio multilíngue que transmite notícias e programas em várias línguas estrangeiras.

24. Na Austrália, a Australian Broadcasting Corporation (ABC) é a empresa de radiodifusão pública do país. Ela opera vários canais de televisão e rádio, incluindo o ABC News, que é um canal de notícias 24 horas disponível via televisão, rádio e internet. Além disso, a ABC também opera o ABC Radio Australia, que é um serviço internacional de rádio que transmite para a Ásia e o Pacífico em várias línguas, incluindo o inglês.

***

Como se vê, quase todos os países desenvolvidos, ou com desenvolvimento avançado, possuem tvs estatais internacionais.

Os viralatas da mídia e seus seguidores nas mídias sociais parecem ter um sério déficit cognitivo para entender essa singela verdade. Ou seja, talvez não seja déficit. Provavelmente é um caso mais grave, de ódio a qualquer iniciativa que possa nos converter numa democracia respeitada e popular.

A ideia de Lula é boa. Esperamos que a covardia não fale mais alto, e que o governo aposte numa comunicação de alto nível com o mundo.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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Paulo

01/08/2023 - 22h44

Aí não, Miguel! Não precisamos de TV estatal, e menos ainda internacional. Basta dotar os Ministérios do Turismo e o das Relações Exteriores de instrumental adequado para divulgar o país e angariar dividendos comerciais (políticos não devem ser sequer cogitados)…

Paulo

01/08/2023 - 22h39

“O Grande Irmão está de olho em você”…

Ligeiro

01/08/2023 - 22h07

Com uma licença Miguel, só provocando?

Uma coisa que notei no texto é que você pediu para o GPT mencionar emissoras com canais estatais que transmitem para o exterior – e a TV Brasil (estatal brasileira) é mencionada.

Entendo que no texto você quer dizer “TV Estatal com canal em outros idiomas”. E não duvido que não seja tão difícil fazer, basta ações e boa vontade (além de planejamento para saber usar bem o orçamento da EBC).

Uma coisa que estou por fora é que imagino que a EBC tenha um programa de rádio com transmissão internacional em AM. Taí um tema interessante de pauta para entrar nesta linha.

Perdão o incomodo e tudo de bom :)


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