Presidente chinês prioriza a criação de empregos um ano depois de ter dito aos jovens para se endurecerem e abraçarem as dificuldades.
Um ano depois de dizer aos jovens na China que lutam para conseguir um emprego que deveriam “comer amargura” ou suportar dificuldades, Xi Jinping mudou seu tom enquanto a segunda maior economia do mundo luta para retornar à plena saúde. Com o desemprego juvenil ainda quase três vezes maior que a taxa geral, o presidente da China adotou uma postura mais simpática na terça-feira, ordenando que o grupo de liderança do politburo do Partido Comunista faça da provisão de “emprego pleno de alta qualidade” uma prioridade econômica.
Isso contrastou fortemente com seus comentários aos jovens em maio do ano passado, quando ele disse que deveriam abraçar as dificuldades como ele fez nos anos 1960, quando, como adolescente durante a Revolução Cultural de Mao Zedong, foi enviado ao campo para fazer trabalho manual, incluindo a remoção de esterco. Na terça-feira, Xi disse ao politburo para “dar prioridade máxima ao emprego de graduados universitários e outros grupos de jovens”.
“[Devemos] desenvolver mais empregos que sejam propícios a aproveitar plenamente seus conhecimentos e habilidades”, citou a agência estatal de notícias Xinhua. A economia da China cresceu mais de 5% no primeiro trimestre em comparação com o ano anterior. Mas os economistas disseram que a recuperação foi irregular – apoiada pela manufatura, exportações e investimentos governamentais, enquanto o consumo doméstico e o sentimento dos investidores ainda eram afetados por uma queda no setor imobiliário.
A taxa de desemprego da China para aqueles com idades entre 16 e 24 anos era de mais de 21% em junho do ano passado, quando o Escritório Nacional de Estatísticas de repente parou de reportar os números, citando a necessidade de melhorar a metodologia. O governo começou a divulgar novamente os números do desemprego juvenil em dezembro, mas excluiu os estudantes. A taxa foi de 14,7% em abril, abaixo dos 15,3% no mês anterior, mas ainda muito mais alta que a taxa de desemprego urbano de 5%.
Em sua declaração ao politburo, Xi disse que os líderes precisavam “incentivar os jovens a se envolverem no emprego e no empreendedorismo em áreas-chave, indústrias-chave [e] bases urbanas e rurais e pequenas e médias empresas”. Cerca de 12 milhões de graduados devem entrar na força de trabalho da China este ano, mas muitos reclamam que não conseguem encontrar trabalho condizente com suas qualificações ou com salários altos o suficiente para justificar o custo de ir à universidade.
Os líderes precisam analisar “as razões para a lacuna de mão-de-obra em algumas indústrias e resolver o problema de ‘há empregos, mas ninguém para ocupá-los'”, disse Xi ao politburo. Há um ano, a mídia oficial chinesa lançou artigos enfatizando como as experiências de Xi no campo em 1969 eram um exemplo para os jovens de hoje.
“Para coletar esterco, você tinha que tirar os sapatos, arregaçar as calças [e] pular descalço”, dizia um artigo, que mencionou comer amargura quase 30 vezes, citando Xi. “[Xi] estava coberto de suor e esterco e urina, misturados, molhado e fedido.” O artigo dizia que “apenas passando no teste do trabalho e estabelecendo a ideia de ‘buscar dificuldades para si mesmo’ você pode… aproximar seus pensamentos do povo”.
Em outros comentários ao politburo, Xi disse aos quadros para tomarem medidas para promover o emprego dos trabalhadores migrantes — os milhões de pessoas que se deslocam dentro da China para trabalhar.
Com a desaceleração da construção devido à crise no setor imobiliário, muitos trabalhadores tiveram que procurar outros empregos, com alguns retornando às suas cidades e vilarejos de origem.
“Estabilizem a escala de emprego e renda das pessoas que saíram da pobreza, e evitem o retorno em grande escala à pobreza devido ao desemprego”, disse Xi ao politburo.
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