Menu

A resposta da China aos EUA

Pequim acusa Washington de romper acordos, inflar acusações e afetar cadeias globais com medidas unilaterais que ameaçam a estabilidade econômica O governo chinês divulgou nesta quarta-feira (09) um documento oficial detalhando sua posição sobre as relações econômicas e comerciais com os Estados Unidos, destacando os benefícios mútuos da cooperação bilateral e criticando as recentes medidas […]

sem comentários
Apoie o Cafezinho
Siga-nos no Siga-nos no Google News
Guerra fria econômica esquenta entre China e EUA.
A fúria do dragão contra o protecionismo dos EUA / Reprodução

Pequim acusa Washington de romper acordos, inflar acusações e afetar cadeias globais com medidas unilaterais que ameaçam a estabilidade econômica


O governo chinês divulgou nesta quarta-feira (09) um documento oficial detalhando sua posição sobre as relações econômicas e comerciais com os Estados Unidos, destacando os benefícios mútuos da cooperação bilateral e criticando as recentes medidas unilaterais e protecionistas adotadas pelo governo americano. O texto, intitulado “A Posição da China sobre Algumas Questões Relativas às Relações Econômicas e Comerciais China-EUA”, foi publicado pelo Escritório de Informação do Conselho de Estado da China e serve como uma resposta detalhada às recentes medidas protecionistas adotadas pelos EUA, incluindo tarifas adicionais, restrições tecnológicas e acusações infundadas.

O documento começa destacando a importância das relações econômicas entre China e EUA, que se expandiram significativamente desde o estabelecimento de relações diplomáticas em 1979. O volume comercial bilateral, que era de US$ 2,5 bilhões naquela época, atingiu US$ 688,3 bilhões em 2024. A China enfatiza que essa relação é mutualmente benéfica: empresas americanas como Tesla, Apple e Boeing encontraram no mercado chinês oportunidades de crescimento, enquanto consumidores dos EUA se beneficiaram de produtos acessíveis e diversificados. Além disso, a China é um dos principais destinos das exportações agrícolas americanas, como soja e algodão, e um mercado crucial para setores como semicondutores e produtos farmacêuticos.

No entanto, o governo chinês critica o que chama de “ascensão do unilateralismo e do protecionismo” nos EUA, especialmente após 2018, quando Washington iniciou uma série de tarifas sobre produtos chineses no valor de mais de US$ 500 bilhões. Essas medidas, segundo a China, violam os princípios da OMC e prejudicam não apenas a economia chinesa, mas também a global, ao desestabilizar cadeias de suprimentos e aumentar custos para consumidores e empresas.

O acordo comercial de fase um e as falhas dos EUA

Um dos pontos centrais do documento é a análise do Phase One Economic and Trade Agreement, assinado em janeiro de 2020. A China afirma ter cumprido suas obrigações, como fortalecer a proteção de propriedade intelectual, ampliar o acesso a produtos agrícolas americanos e abrir seu mercado financeiro. Por exemplo, mais de 600 empresas dos EUA foram autorizadas a exportar carne bovina para a China, e instituições financeiras como JPMorgan e Goldman Sachs obtiveram licenças para operar no país.

Em contraste, a China acusa os EUA de não cumprirem suas promessas, como reconhecer regiões chinesas livres de doenças aviárias e facilitar a entrada de produtos agrícolas chineses no mercado americano. Além disso, Washington teria intensificado restrições a empresas chinesas, como o TikTok, sob alegações de “segurança nacional”, e ampliado controles de exportação de semicondutores e inteligência artificial, prejudicando a cooperação tecnológica.

Críticas ao protecionismo e às tarifas dos EUA

O documento classifica as tarifas impostas pelos EUA sob a Seção 301 como “um exemplo clássico de unilateralismo”, citando uma decisão da OMC em 2020 que considerou essas medidas violações das regras comerciais. A China argumenta que as tarifas não reduziram o déficit comercial americano — que subiu de US$ 950 bilhões em 2018 para US$ 1,21 trilhão em 2024 — mas sim aumentaram custos para consumidores e empresas dos EUA.

Outro alvo de crítica é o uso abusivo de controles de exportação e sanções, como a Uyghur Forced Labor Prevention Act, que a China considera infundada e prejudicial a suas empresas. O texto também rebate as acusações sobre o fentanil, destacando que a China controla rigorosamente a exportação de substâncias relacionadas e que não há evidências de que elas cheguem aos EUA.

A China posiciona-se como defensora do sistema multilateral de comércio, lembrando que, desde sua adesão à OMC em 2001, reduziu tarifas médias de 15,3% para 7,3% e eliminou subsídios à exportação de produtos agrícolas. O documento propõe que as diferenças sejam resolvidas através de “diálogo em pé de igualdade”, destacando que conflitos comerciais só geram perdas para ambos os lados.

A conclusão é um apelo à cooperação: “Guerras comerciais não têm vencedores, e o protecionismo é um beco sem saída”. A China enfatiza que seu desenvolvimento econômico é uma oportunidade, não uma ameaça, e que a estabilidade das relações sino-americanas é vital para a recuperação global.

Repercussão

O documento reflete a postura firme da China diante das pressões comerciais dos EUA, mas também deixa espaço para negociações. Enquanto Washington insiste em medidas como “tarifas recíprocas” e restrições tecnológicas, Pequim sinaliza que está disposta a dialogar, desde que haja respeito mútuo. A bola agora está no campo dos EUA: aceitarão o chamado chinês para um comércio mais equilibrado, ou insistirão em políticas que, segundo a China, só aprofundarão as crises econômica e geopolítica?

Neste embate entre as duas maiores economias do mundo, uma coisa é certa: as decisões tomadas nos próximos meses moldarão não apenas o futuro da relação bilateral, mas também os rumos da economia global.

Confira o documento completo clicando aqui.

, , , ,
Apoie o Cafezinho
Siga-nos no Siga-nos no Google News

Comentários

Os comentários aqui postados são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site O CAFEZINHO. Todos as mensagens são moderadas. Não serão aceitos comentários com ofensas, com links externos ao site, e em letras maiúsculas. Em casos de ofensas pessoais, preconceituosas, ou que incitem o ódio e a violência, denuncie.

Nenhum comentário ainda, seja o primeiro!


Leia mais

Recentes

Recentes