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Trump joga o mundo numa guerra comercial sangrenta

De negligés a soja, a resposta da UE combina ironia econômica e estratégia política, com impacto direto em US$ 13,5 bilhões de exportações americanas A reação da União Europeia à decisão do presidente norte-americano Donald Trump de impor tarifas recíprocas a todos os parceiros comerciais dos EUA pode ser menos agressiva do que o esperado, […]

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UE mira estados vermelhos de Trump com tarifas sobre caminhões, cigarros e sorvetes dos EUA
Bruxelas responde às tarifas “recíprocas” com criatividade e cálculo cirúrgico, atingindo setores sensíveis e deixando aberta a porta para negociações / Joe Raedle / Getty Images

De negligés a soja, a resposta da UE combina ironia econômica e estratégia política, com impacto direto em US$ 13,5 bilhões de exportações americanas


A reação da União Europeia à decisão do presidente norte-americano Donald Trump de impor tarifas recíprocas a todos os parceiros comerciais dos EUA pode ser menos agressiva do que o esperado, mas revela uma estratégia calculada para atingir setores economicamente e politicamente sensíveis. Segundo documento interno obtido pelo POLITICO, a Comissão Europeia planeja aplicar tarifas de até 25% sobre exportações estadunidenses no valor de €22,1 bilhões, com base nas importações de 2024. A lista inclui commodities agrícolas e industriais como soja, carne bovina, tabaco, ferro, aço e alumínio – escolhidas para impactar setores que mais dependem do comércio transatlântico.

Uma análise mais detalhada revela como os especialistas comerciais da UE combinaram conhecimento técnico de códigos alfandegários obscuros com uma estratégia de retaliação cirúrgica. Os países-membros devem aprovar as novas tarifas já nesta quarta-feira, sem expectativa de oposição significativa.

Após a aprovação – tecnicamente composta por múltiplas listas –, o primeiro grupo de tarifas (sobre produtos como cranberries e suco de laranja, inicialmente impostos em 2018 e suspensos em 2021) entrará em vigor em 15 de abril. Um segundo lote, incluindo aço, carne, chocolate branco e polietileno, será taxado a partir de 16 de maio. Já as tarifas sobre amêndoas e soja começarão apenas em 1º de dezembro – uma jogada calculada para manter a pressão psicológica.

Impacto político direcionado

De acordo com análise do POLITICO, as medidas afetarão até US$13,5 bilhões em exportações de estados tradicionalmente republicanos. O alvo principal é a soja – commodity estratégica para o Partido Republicano, com 82,5% das exportações para a UE saindo da Louisiana, estado do presidente da Câmara, Mike Johnson. O setor já enfrenta pressão das tarifas chinesas, concorrência global e queda de preços.

Produtores de soja já criticaram publicamente a política comercial de Trump, alertando que “tarifas não devem ser tratadas com leveza” e pedindo a revisão das medidas. Até agora, porém, o presidente mantém sua posição.

Outros alvos estratégicos

A lista inclui:

  • Carne bovina do Kansas e Nebraska
  • Aves da Louisiana
  • Peças automotivas de Michigan
  • Cigarros da Flórida
  • Produtos madeireiros da Carolina do Norte, Geórgia e Alabama

Itens de nicho foram cuidadosamente selecionados para maximizar o impacto político, como sorvetes do Arizona, lenços da Carolina do Sul, cobertores elétricos do Alabama e até gravatas da Flórida (exceto as de seda, privilegiando a Califórnia democrata). O uísque foi excluído após lobby franco-italo-irlandês, mas negligés de Ohio e Kentucky – que haviam gerado polêmica na proposta inicial – permaneceram.

Contexto global

As tarifas de Trump já provocaram retaliações coordenadas:

  • China: 15% sobre frango, trigo e milho; 10% sobre soja e carne
  • Canadá: 25% sobre produtos agroalimentares e metais
    No total, as medidas afetarão US$90 bilhões em exportações norte-americanas.

Diplomacia em jogo

A UE adotou uma abordagem dual: enquanto impõe tarifas, ofereceu na segunda-feira um acordo “zero por zero” para produtos industriais. Trump rejeitou a proposta, exigindo que a Europa compre US$350 bilhões em energia norte-americana para equilibrar o déficit comercial “em uma semana”.

Como última alternativa, o bloco poderia recorrer à sua “bazuca comercial” – tarifas sobre serviços estadunidenses –, elevando o conflito a um novo patamar, embora essa opção ainda divida os membros da UE.

Com informações de POLITICO*

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